Cafeteria vai além dos sucos e bolos e cria espaço só para adotar filhotes

Cafeteria vai além dos sucos e bolos e cria espaço só para adotar filhotes
Filhote envolvido em manta na cafeteria de Madri, na Espanha - Rut Domene/The Doger Café/EFE

Uma cafeteria da Espanha resolveu inovar ao oferecer a adoção de cães abandonados aos clientes, além dos pães, sucos e bolos. Além de convidados a se alimentar, os consumidores também são incentivados a brincar e a levar um dos filhotes — que ficam em um espaço reservado só para eles — para casa.

Roberto López Alaez, um dos donos do The Doger Cafe, em Madri, explica que a ideia do negócio surgiu depois que ele e o sócio criaram uma plataforma digital para cumprir todas as necessidades que um cãozinho poderia ter.

Quando chegaram às entidades de proteção dos animais, com as quais queriam colaborar, perceberam que o trabalho dessas associações deveria ser ponto central do negócio.

Cachorrinho de poucos meses de vida é fotografado no local - Rut Domene/The Doger Café/EFE
Cachorrinho de poucos meses de vida é fotografado no local – Rut Domene/The Doger Café/EFE

“Percebemos que eles precisavam de uma comunicação muito forte. Que precisavam de mais visibilidade. E o que queríamos for dar uma oxigenada no modelo e dar a ele uma postura mais acolhedora, de forma que as pessoas se interessassem pela adoção”, relata Roberto.

Com isso, a ideia original da plataforma digital se completou com o espaço que agora os dois sócios comandam.

Ao entrar no comércio, pode parecer uma cafeteria comum. Porém, basta dar uma olhada mais à fundo para notar que os cachorros é quem mandam aqui.

Ao lado da porta, à direita, estão os alimentos e acessórios para os cães. À esquerda, há três mesas. Ao fundo, o espaço para tomar um café e o espaço de banho e tosa. Atrás das mesas, a atração principal do local: o espaço em que os filhotes brincam entre si e com os clientes.

“Nossa missão principal é contribuir com a nossa parte para reduzir o abandono”, relata Roberto, enquanto não tira os olhos dos cães e pede aos clientes que usem desinfetante de mãos antes de fazer carinho nos bichos. “Também temos como objetivo criar uma comunidade para estar todos em contato: associações de proteção, passeadores, cuidadores, adestradores etc”.

O café ainda está em fase de testes e a ideia dos sócios é ambiciosa: “Também queremos oferecer conversas para conscientização, informação e formação de opinião para que diminua o abandono. Também queremos mostrar a vantagem que os animais nos dão com diversos tipos de terapias”.

Cães são amáveis com os clientes, mas não são brinquedo e têm descanso - The Doger Café/EFE
Cães são amáveis com os clientes, mas não são brinquedo e têm descanso – The Doger Café/EFE

Reservas e limite de meia hora com os animais

Esta é a segunda vez de Manuel, um dos clientes, no café. Ele entrou no comércio para brincar com os cachorrinhos na hora do descanso da tarde — na Espanha, é muito comum a siesta, uma pausa vespertina no serviço. “Aqui em Madrid, quem aluga imóvel pode ter problemas para ter um animal de estimação. Por isso, venho aqui para brincar com os cães um pouquinho”, explica.

O número de pessoas dentro do espaço de cães é limitado e quem entra não pode ficar mais que 30 minutos com eles. O objetivo, diz o dono, é garantir o bem-estar dos animais. Os donos insistem que querem manter o ambiente agradável para os animais.

Sofia, outra jovem que espera pelos cachorros acordarem, comenta que é muito boa a iniciativa da cafeteria, de estimular a adoção de animais. “Também não posso ter animal de estimação em casa e poder vir aqui e ter contato com os cachorros é muito bom. Eu não conhecida o local e me pareceu muito interessante”, revela.

Clientes da cafeteria consomem no local antes de brincar com cães - Divulgação/EFE
Clientes da cafeteria consomem no local antes de brincar com cães – Divulgação/EFE

Para poder visitar a cafeteria e os cães, os clientes precisam fazer reserva prévia. A quantidade de pessoas interessadas surpreendeu os donos, que se apressaram a contratar um gestor de reservas na internet. “Queríamos que fosse amigável, íntimo e acolhedor e chegou a um ponto em que havia muita gente ao redor do local. Não era isso o que queríamos”, explica.

Doze adoções em pouco mais de um mês

Menos de dois meses depois de aberta, a cafeteria já contabiliza 12 adoções de cães. Os três filhotes que ainda estão no local também encontraram um novo lar para morar assim que tiverem todas as vacinas aplicadas pela clínica veterinária.

Consumidores brincam com filhote no local - The Doger Café/EFE
Consumidores brincam com filhote no local – The Doger Café/EFE

Os cães que chegam à cafeteria foram abandonados ou são fruto de ninhadas não planejadas. “Olha aquela cachorra. Ela teve nove filhotes. Virão todos para cá”, diz Roberto, enquanto mostra a foto de uma cadela preta e marrom. “Primeiro, virão quatro cachorrinhos e depois, os outro cinco. Ou o inverso, não sei ainda como faremos”, afirma sorridente.

Determinar a idoneidade da pessoa que adota é fundamental, já que, como mesmo assegura, grande parte dos abandonos ocorre pela falta de informação ou conscientização do dono. “Todo dia nos escrevem, pela internet, pessoas interessadas em adotar, mas, claro, precisamos investigar, fazer um filtro. Têm que ser conscientes de que não é um brinquedo”, explica o empresário.

Jovens aguardam para brincar com os filhotes no comércio - Natalia Otero/EFE
Jovens aguardam para brincar com os filhotes no comércio – Natalia Otero/EFE

O dono do local revela que muita gente pergunta porque eles só têm filhotes e não cães adultos, os quais têm menos chance de serem adotados. A resposta, segundo Roberto, é que se trata de uma questão de logística, sobretudo, de espaço.

Se os clientes quiserem visitar o local com os próprios cães, é permitido. A única condição é que os cães não entrem em contato com os filhotes por razões de saúde.

Os produtos que o comércio — uma mistura de bar e cafeteria — oferece vão desde cafés e doces até cervejas artesanais. Tudo é vegetariano. Até agora, garante o dono, o lucro desses produtos é o único responsável por pagar os custos. Não se cobra entrada no local.

Cliente observa os cães, que dormem no espaço reservado para eles - Natalia Otero/EFE
Cliente observa os cães, que dormem no espaço reservado para eles – Natalia Otero/EFE

Os cachorrinhos continuam dormindo, quando entra um casala que tinha uma reserva. Pedem um suco e um café, que Roberto se apressa em preparar. Diz estão abertos ao modelo de franquia, mas não tão exploratório como outros negócios, já que esse é um modelo atípico.

“Estamos fazendo uma estratégia forte e já nos contataram, pela internet, de Barcelona, Peru e Chile”, revela sorridente.

Visão geral do Doger Café na capital espanhola - Natalia Otero/EFE
Visão geral do Doger Café na capital espanhola – Natalia Otero/EFE

Por Natalia Otero, da EFE

Fonte: R7

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