Capital dos EUA tem problema com superpopulação de veados-de-cauda-branca

Capital dos EUA tem problema com superpopulação de veados-de-cauda-branca
Veados-de-cauda-branca — Foto: Wikimedia Commons

A cidade de Washington DC, a capital dos Estados Unidos, enfrenta um problema com a população de veados-de-cauda-branca: há uma superpopulação, e não há predadores na região.

Em um momento, nos parques da cidade havia mais de 100 exemplares por quilômetro quadrado — os cientistas entendem que a presença sustentável dos animais deveria ser até 20 por quilômetro quadrado.

A superpopulação é perigosa para a própria espécie, mas também para as plantas da região. Com um agravante: os veados-de-cauda-branca devoraram espécies vegetais autóctones, essenciais para a biodiversidade local, inclusive as árvores jovens necessárias para a regeneração florestal.

As espécies locais de insetos dependem das plantas autóctones, e essa perda de vegetação natural da região afeta a cadeia alimentar, pondo em risco o ecossistema em geral.

A botânica do parque Ana Chuquin entra em uma área protegida com cercas para evitar a entrada dos cervos. Ela faz parte de um experimento de longo prazo. A especialista aponta para uma pequena árvore de 1,8 metro de altura, que sobreviveu porque os cervos não conseguiram chegar até ela.

Os veados preferem as plantas autóctones às invasoras, como o Viburnum dilatatum, um arbusto muito usado por jardineiros da região e cujas sementes são levadas ao parque pelo vento, pela água e pelas aves.

VÍDEO: Câmera flagra momento em que veado se choca contra porta de vidro nos EUA

Caça de veados-de-cauda-branca

Após terem estado em risco de desaparecer pelo desmatamento desenfreado e a caça predatória no século XIX, estima-se que existam no país mais de 30 milhões de exemplares deste mamífero ruminante, a maioria na costa leste.

O Serviço de Parques Nacionais (NPS, na sigla em inglês) começou a sacrificar os veados em 2013.

Os abates são realizados no inverno, durante a noite, e com o parque isolado. Biólogos treinados no uso de armas usam escâneres infravermelhos e óculos de visão noturna para reduzir as manadas.

Em 2020, o programa se estendeu a outros parques de Washington geridos pelo NPS.

Durante um período de consulta aos cidadãos, alguns moradores perguntaram ao NPS se ao invés de atirar nos cervos, seria possível recuperar predadores como lobos, coiotes e linces.

Na resposta oficial, o NPS disse que “não é prático reintroduzir mais predadores… Em vista dos possíveis efeitos adversos para os moradores das áreas rurais ou suburbanas circundantes, especialmente a segurança das crianças e dos animais domésticos”.

Há indícios de que a gestão dos cervos está tendo efeitos positivos no parque, mas a recuperação é um processo de longo prazo.

Caça urbana

Na região metropolitana de Washington, no estado da Virginia, alguns moradores começaram a caçar cervos.

Taylor Chamberlin trabalha como “caçador urbano de cervos”. Ele usa instrumentos como um arco tradicional ou um balestra (uma arma medieval que também lança flechas) e passa o dia indo de porta em porta, perguntando aos moradores se querem ajuda com os cervos que devoram seus jardins.

Em seu entorno suburbano, diz Chamberlin, “não se aceita nada mais que o tiro perfeito”, pois ninguém quer ter cervos sangrando até a morte na piscina de casa.

Parte da carne dos animais mortos por Chamberlin é destinada a bancos de alimentos.

Fonte: g1


Nota do Olhar Animal: É uma vergonha para a espécie humana ser causa da superpopulação de uma espécie animal e só ser capaz de “corrigir” suas ações danosas com outras mais imorais e danosas ainda, violando o direito mais básico de seres sencientes, que é o direito à vida. A hipócrita “solução” da caça se deve a uma junção de fatores, que vão desde a incompetência técnica e a moral rasa de quem lida com a questão até a satisfação da doentia sanha assassina de caçadores, passando por interesses econômicos (venda de armas, turismo de caça e venda de produtos correlatos, etc.).

Os comentários abaixo não expressam a opinião da ONG Olhar Animal e são de responsabilidade exclusiva dos respectivos autores.