Experiência da Universidade Federal de Goiás em uso alternativo de animais em pesquisa é compartilhada em evento

Experiência da Universidade Federal de Goiás em uso alternativo de animais em pesquisa é compartilhada em evento
Marize Valadares é uma das precursoras nos estudos sobre métodos alternativos ao uso de animais (Foto: Secom UFG)

Duas pesquisadoras da Universidade Federal de Goiás (UFG) estão entre as palestrantes do I Congresso Brasileiro de Métodos Alternativos ao Uso de Animais na Pesquisa e no Ensino (CBMAlt), que reúne estudiosos de todas as regiões do país para discutir o refinamento, a redução e a substituição do uso de animais em atividades de pesquisa e ensino, de segunda a quinta-feira (6 a 9/11), no Rio de Janeiro.

Uma delas é a professora aposentada do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), Ekaterina Rivera, coordenadora do antigo Biotério UFG (1979-2014) – hoje Centro de Produção e Ciência em Biomodelos (CPCBio) –, onde permanece como pesquisadora voluntária. A docente fará a palestra de abertura nesta segunda-feira (6/11), com o tema “O crescimento dos conceitos de bem-estar animal e o avanço para a substituição do uso de animais no Brasil”.

Em 2020, Ekaterina recebeu o prêmio Charles River Award pela contribuição para a medicina e a ciência em animais de laboratório, tendo sido a primeira profissional de fora dos Estados Unidos a recebê-lo. Atualmente, é representante do Brasil junto ao International Council on Laboratory Animal Science (Iclas).

Já a professora da Faculdade de Farmácia (FF) e coordenadora do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Toxicologia In Vitro (Tox In), Marize Campos Valadares, participa em dois momentos distintos: na quarta-feira (8/11), como componente da mesa-redonda “Rede Nacional de Métodos Alternativos”, com outros quatro debatedores; e na quinta-feira (9/11), com a palestra “Implementação e desenvolvimento de métodos alternativos para avaliação de toxicidade no Brasil”.

Pioneirismo

A UFG é tida como uma das pioneiras neste segmento no país. Ao todo, a instituição contará com a presença de uma delegação de 12 pesquisadores. Marize, que está há 20 anos na UFG e é uma das fundadoras do Tox In, é uma das precursoras nos estudos de métodos alternativos no Brasil. Foi graças a esse histórico de atividades e pesquisas sob a liderança da docente que a UFG sediou o primeiro grande evento prático da área no país, o Workshop Internacional Prático sobre Métodos Alternativos, em 2011.

Recentemente ela esteve no 12º Congresso Mundial de Métodos Alternativos (12th World Congress on Alternatives and Animal Use in the Life Sciences), realizado no Canadá, onde foi uma das convidadas a falar sobre educação nesse tema para as próximas gerações. “Dos cinco palestrantes, fui a única que apresentou atividades de educação promovidas nos últimos 12 anos, enquanto os demais focaram em ideias e projetos futuros. Para nós, da UFG, a educação para a próxima geração já começou há algum tempo”, destaca. Na esteira dessa constatação, o vanguardismo do Brasil foi coroado com a escolha do país para sediar a próxima edição do evento mundial, em 2025, também no Rio de Janeiro.

Para Marize, todo esse cenário que culminou na realização do primeiro congresso brasileiro e da opção pelo Brasil como país-sede do próximo congresso mundial decorre das mudanças na sociedade brasileira, incluindo a demanda por novas metodologias. Nesse sentido, uma novidade importante foi a publicação, em fevereiro deste ano, da Resolução nº 58 do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), que proibiu o uso de animais em pesquisas científicas de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes.

Ciência de qualidade

Além da questão ética relacionada ao sofrimento dos animais submetidos a experimentos, o que está em jogo é a produção de uma ciência de melhor qualidade. “No que diz respeito a alguns desfechos, o modelo animal não corresponde tão bem à complexidade da composição do organismo humano. Precisamos de uma ciência mais reprodutível e sem ruído, o que já é reconhecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pelas próprias indústrias cosmética e farmacêutica”, afirma a professora.

Outras referências nacionais e internacionais confirmadas no evento são: Thomas Hartung (Johns Hopkins University); Antônio Anax (Lhasa Limited); Rodrigo De Vecchi (Episkin/L’Oréal Brasil); Thales Trèz (Universidade Federal de Alfenas); Bianca Marigliani (Humane Society International – Brasil); Luciene Ballotin (Inmetro); e Renato Ivan de Ávila, que cursou graduação, mestrado e doutorado na UFG, passou pelo Tox In e atualmente é toxicologista da Unilever.

Equipe do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Toxicologia In Vitro (Tox In) (Foto: Arquivo/Tox In)
Equipe do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Toxicologia In Vitro (Tox In) (Foto: Arquivo/Tox In)

Fonte: PRPI via Jornal UFG

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