Gata mais antiga do Parque Municipal de Belo Horizonte (MG) é encontrada morta com galho na boca

Gata mais antiga do Parque Municipal de Belo Horizonte (MG) é encontrada morta com galho na boca
Frida vivia no Parque Municipal de BH há aproximadamente cinco anos. Foto: Montagem Charles Silva Duarte / O Tempo e SOS Gatinhos do Parque/Reprodução

Uma das gatas mais antigas e dóceis do Parque Municipal de Belo Horizonte foi assassinada com requintes de crueldade. Frida, como a felina era chamada, foi morta com um galho de árvore enfiado na boca. Além disso, voluntários que atuam no local suspeitam que o animal tenha sido estuprado.

Um outro felino também foi encontrado sem vida neste fim de semana na maior área verde da região central da cidade. Ele foi executado da mesma forma, mas com o pedaço de pau no ânus. Por ter indícios de extermínio, a Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FZB), órgão da prefeitura responsável pelo espaço, acionou a Polícia Civil para investigar os fatos.

Em nota, a corporação policial disse que já abriu inquérito para apurar o caso. “As circunstâncias da morte dos gatos estão sendo investigadas. Um levantamento está sendo feito para apurar quando o caso iniciou-se”, informou.

Ainda de acordo com a polícia, a perícia e a equipe de investigadores do Departamento de Investigação de Crimes Contra o Meio Ambiente estiveram no local para fazer os levantamentos. “Os animais mortos foram encaminhados para a realização de exames e, em princípio, verificou-se que a maioria das mortes são de animais, aparentemente saudáveis, que apresentaram lesões semelhantes a mordeduras de outros, como por exemplo, cães”, declarou..

Brutalidade

O caso de Frida chocou os voluntários que ajudam a criar os gatos no parque. A veterinária Micaela Simão Mendes, de 26 anos, diz que esse foi o caso mais brutal que presencial até hoje. “Foi o fim da picada. Este assassinato, em especial, foi muito triste. A gata era muito dócil e tinha muito contato com a gente. Ela sempre pedia carinho”, lamentou.

Mas a morte de Frida não é caso isolado. Por semana, o grupo intitulado SOS Gatinhos do Parque contabiliza, em média, cinco mortes de gato. No ano, mais de 200 felinos já perderam a vida no local. “Nem todos são vítimas de maus-tratos, mas não sabemos as causas das mortes pois a polícia não divulga os laudos”, lamentou a veterinária. 

A integrante do grupo pede mais rigor e transparência na apuração dos casos. “Exigimos providência. A situação fica muito maquiada. Aqui tem câmeras e a filmagem está funcionando. Tem de correr atrás dos suspeitos. Mas nunca tivemos retorno das investigações”, declarou Micaela.

A Polícia Civil e a Fundação de Parques foram questionadas sobre o andamento de inquéritos anteriores, mas até a publicação desta reportagem não haviam se manifestado. Sobre o caso de Frida, a FZB informou que “aguarda o resultado dos laudos e reafirma que já está intensificando a fiscalização dentro do parque para proteção desses animais” 

Crime

A estimativa é de que 400 gatos habitam o Parque Municipal de BH. Segundo a FZB, muitos são abandonados no local. O órgão disse que, junto com a Guarda Municipal e as secretarias de Saúde e de Meio Ambiente, desenvolve ações para diminuir os índices de abandono e de controle da população de felinos no espaço.

“Com ações de castração e programas de adoção, além de estreita parceria com cuidadores voluntários de animais que atuam no parque”, descreveu. “Apesar de todos os esforços já adotados, incluindo ações preventivas e corretivas e o estabelecimento de parcerias para cuidados com esses animais, a Fundação foi surpreendida com tais ocorrências, requerendo o planejamento de medidas adicionais para coibir essas agressões, que vêm ocorrendo de forma mais intensificada no período de pandemia”, prosseguiu.

Após os novos atos de violência contra os felinos, a prefeitura destacou que fará a modernização de toda a iluminação do parque, com a instalação de lâmpadas de led que vão facilitar a vigilância pelas equipes da Guarda Municipal e dos funcionários. Além disso, garantiu que está sendo feito um reforço do cercamento, com a instalação de novas telas no local. 

“Também está em andamento um projeto de ampliação do videomonitoramento já existente no local, que vai contribuir não só no manejo dos animais abandonados no parque, mas também para a fiscalização em outros temas sensíveis de segurança, vigilância e manutenção do espaço público”, ressaltou.

Por Renata Evangelista 

Fonte: O Tempo

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