Grupo que amarrou e espancou cavalo em Santo Ângelo (RS) é investigado pela Polícia Civil

Grupo que amarrou e espancou cavalo em Santo Ângelo (RS) é investigado pela Polícia Civil

O caso de um cavalo que foi torturado por pelo menos quatro pessoas em Santo Ângelo, causou revolta nas redes sociais e gerou a abertura de um inquérito policial para investigação das agressões. O vídeo do animal amarrado recebendo agressões, sem conseguir se defender nem ficar em pé, foi divulgado pela ONG Pé de Pano, que atua no resgate a cavalos que sofreram maus tratos no município.

Cavalo agredido (atrás da árvore) apresenta lesões, um machucado ainda aberto perto do fêmur, as patas assadas e marcas. – ONG Pé de Pano / Divulgação

Segundo a entidade, o vídeo teria sido postado nas redes sociais por um dos agressores, mas foi apagado posteriormente.

— Esse vídeo nos chegou nesta semana, enviado pelo atual proprietário do animal. Ele afirma que comprou o cavalo há cerca de um mês e descobriu as imagens depois. Ele contou que nos procurou porque ficou com medo de sofrer represálias, caso as pessoas pensassem que ele teria a ver com o caso, e também para pedir ajuda, para que o animal fosse tratado — conta a presidente e advogada da ONG, Cristine Peixoto.

Conforme a Polícia Civil, o caso foi registrado na manhã desta sexta-feira (22) e foi aberta a investigação. Cinco pessoas suspeitas foram identificadas — quatro delas que participaram das agressões diretamente e outra que filmou a tortura. Dos suspeitos, três já foram ouvidos. Um dos que aparecem na vídeo, segundo a polícia, é menor de idade  — ele seria ouvido nesta sexta mas apresentou atestado médico.

Segundo a delegada Elaine Maria da Silva, que responde temporariamente pela delegacia de Atendimento à Criança ou Adolescente no município, os suspeitos interrogados nesta sexta afirmaram que o caso teria ocorrido em agosto de 2020, quando o animal pertencia a outro proprietário. Conforme o relato dos homens, o responsável pelo animal não teria envolvimento — o que será investigado pela polícia. Um dos pontos a ser esclarecidos é como o grupo teve acesso ao equino.

— O que os suspeitos nos relataram é que um deles estava em posse do animal naquele dia e teria sido derrubado pelo cavalo. Então, o grupo teria tentado conter o animal. Eles admitiram que houve excesso na contenção, mas afirmam que o cavalo não ficou com ferimentos daquele dia, que os ferimentos são de outra situação — disse a delegada.

 — Ainda há muito a ser investigado, é um trabalho que recém começou, mas com certeza podemos dizer que se trata de um ato de crueldade, um ato repugnante — destacou a delegada.

Cavalo passará por exames e atendimento veterinário

Na tarde desta sexta, o atual proprietário levou o cavalo até a ONG, onde um grupo de veterinárias irá atender o equino e realizar exames, incluindo uma radiografia. Um laudo será entregue a polícia. 

Conforme a presidente da entidade, o animal apresenta lesões, um machucado ainda aberto perto do fêmur, as patas assadas e marcas em várias partes do corpo.

— É uma violência absurda. Particularmente, não consegui ver todo o vídeo, eu passei mal. Essas são as lesões físicas que ele tem, fora todo o trauma psicologico que passou, está muito assustado — conta Cristine.

— Cavalo têm uma memória fantástica. Um dos casos que atendemos foi o de um carroceiro, que flagramos espancando um equino na cabeça, com toda a força. Foi na época em que a ONG foi fundada, há 5 anos, e até hoje ele tem medo, não permite que a gente se aproxime — lembra.

Atualmente, a Pé de Pano cuida de 14 cavalos. Os animais são resgatados e, após a reabilitação, são colocados para a adoção — com critérios a serem cumpridos e termo de responsabilidade a ser assinado pelo tutor. Além de agressões, o animais também são encontrados desnutridos e em exaustão pela carga de trabalho a que são submetidos.

— Há pessoas que enxergam os animais como algo que existe servir o homem, sem medir esforços, sofrimento, dor, fome. Como se eles não tivessem capacidade para sentir. Infelizmente, não posso dizer que coisas não acontecem. A diferença, deste caso, é que a agressão foi filmada, pois muitas vezes não é. Para muitos animais por aí, o ser humano, a figura humana, representa um demônio.

Fonte: Grupo Repórter

Os comentários abaixo não expressam a opinião da ONG Olhar Animal e são de responsabilidade exclusiva dos respectivos autores.