Perda das piscinas naturais e morte de animais: moradores da Garça Torta (AL) cobram paralisação de obra de aterramento do mangue

Perda das piscinas naturais e morte de animais: moradores da Garça Torta (AL) cobram paralisação de obra de aterramento do mangue
Foto: Cortesia

Moradores da região da Garça Torta, Gaxuma e adjacências estão coletando assinaturas para preservar o mangue e manter o equilíbrio em todo ecossistema. Em entrevista ao Cada Minuto, a estudante de Geografia pela UFAL, Ismaia Gabriela, e a arqueóloga e ecóloga humana em Gestão Socioambiental, Marisa Beltrão Maia, falaram sobre as consequências do aterramento do mangue e cobraram a paralisação das obras. O Instituto do Meio Ambiente enviou uma nota e disse que “recebeu uma solicitação de um condomínio para promover a reabertura do leito preferencial do riacho de Garça Torta, cuja foz estava se precipitando cada vez mais ao Norte”.

Segundo Ismaia Gabriela, o condomínio Morada da Garça foi construído em uma Área de Proteção Permanente, desrespeitando a legislação vigente que determina a preservação de áreas de mangue e suas delimitações.

“Como resultado da remoção da vegetação nativa, o mangue começou a avançar, levando água para o condomínio. Para tentar conter esse processo, foram contratados tratores para realizar uma ‘obra’ que consiste em levar sedimento para o encontro do mangue com o mar, na vã tentativa de controlar o fluxo da água e, inadvertidamente, matar o mangue”, explicou.

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A arqueóloga Marisa explicou que isso tem um impacto direto na vida silvestre que habita no ecossistema. “Isso ocasiona morte de animais e plantas que habitam no ecossistema”, o que já vem acontecendo, conforme imagens enviadas ao Cada Minuto.

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Fluxo da maré

A estudante de Geografia também acrescentou que, além disso, o fluxo da maré levará a sedimentação depositada com o recuo da maré, e posteriormente, com a maré alta, esse sedimento será depositado sobre os corais, soterrando-os.

“Isso mudará a paisagem local, resultando na perda das piscinas naturais e na migração menos frequente de peixes para a região, prejudicando a pesca e o turismo local”, reforçou.

Para a arqueóloga, a solução é parar a obra e recuperar o dano, “obrigando os responsáveis a arcar com os danos socioambientais”.

Ismaia também disse ao Cada Minuto que com a sedimentação, os bares e as residências serão atingidas. “Com o recuo da maré, o processo erosivo já visível nas quedas de muros e coqueiros ao longo da praia será intensificado e acelerado por essa ação de aterramento”.

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Conforme relatado pelos moradores, eles já tentaram junto a diversos órgãos buscar uma solução para o que está acontecendo, mas não houve resposta.

Em nota, o Instituto do Meio Ambiente disse que recebeu uma solicitação de um condomínio para promover a reabertura do leito preferencial do riacho de Garça Torta, cuja foz estava se precipitando cada vez mais ao Norte.

“Isso estava causando grave processo erosivo na vegetação de restinga situada à frente do condomínio, criando assim uma escarpa de 2 metros e ameaçando a estrutura dos imóveis. O avanço também estava provocando impactos ao meio ambiente marinho e costeiro adjacentes. Devido a essa situação, foi autorizada a reabertura da foz do rio no seu curso preferencial. Vale ressaltar que não foi autorizada qualquer intervenção no manguezal nem o fechamento do leito rio. No entanto, o IMA vai enviar uma equipe ao local para verificar se os termos da autorização estão sendo cumpridos”, afirmou o IMA.

Por Raíssa França e Laura Albuquerque

Fonte: Cada Minuto

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