Projeto de lei quer permitir cães em faixa de areia da orla de Santos, SP
Um projeto de lei na Câmara Municipal de Santos, no litoral de São Paulo, quer liberar a frequência de cachorros em uma faixa de areia da praia da região. Segundo a veterinária Renata Souza, a medida é válida, desde que os tutores estejam cientes de todos os cuidados básicos necessários, entre estes, a vermifugação.
A iniciativa partiu da radialista e defensora da causa animal Patrícia Camargo, em conjunto com moradores da cidade que apoiam a causa. “O nosso movimento pede para liberar um espaço limitado que possa ter a circulação livre de cães, mas com restrições”, explica.
Patrícia explica que para frequentar esta área o cachorro deverá ser saudável, portar coleira e plaquinha de identificação, além de estar acompanhado de um tutor maior de idade, que tenha em mãos a carteirinha de vacinação e vermifugação em dia do cão. “Além disso, é importante que o espaço seja frequentado por cães sociáveis, essa identificação parte da consciência do dono”, acrescenta.
Conforme relata Patrícia, o vereador Adilson Júnior (PTB), foi o responsável em elaborar o projeto de lei junto com advogados, veterinários e biomédicos. Adilson relatou que foi procurado por representantes do grupo que defende a presença de cães na faixa de areia em março.
“Depois de madurecer a ideia, apresentei o Projeto de Lei Complementar nº 29/2019, no dia 25 de abril porque acredito que hoje, os pets, no caso os cães, fazem parte das famílias a tal ponto de termos nota de hospitais que permitem a entrada de cães para visitarem seus donos acamados. Ou seja, o cão não é apenas um animal que fica no quintal, interage com o seu proprietário e sua família”, afirma o vereador.
De acordo com ele, o Projeto está tramitando pelas diversas Comissões da Câmara de Santos e haverá Audiência Pública em 28 de junho para ouvir autoridades com relevante conhecimento sobre o tema e, também, a população, antes de seguir para votação no Legislativo.
“A sujeira que o ser humano produz na praia é muito mais maléfica do que a presença que um cachorro pode oferecer. O objetivo é delimitar esse espaço para o animal, respeitando quem não gosta, quem tem medo e também as crianças”, finaliza Patrícia.
Cuidados
Para a veterinária Renata Souza, a aprovação da lei permitindo que os pets frequentem a praia é válida, desde que, os donos recolham os dejetos do animal. Assim como se responsabilizem pelo bem estar e segurança do mesmo.
Ela explica que os cachorros têm dois tipos de parasitas: internos (verminose) e externos (pulgas e carrapatos). Ainda de acordo com a especialista, aconselha-se que a vermifugação e a vacinação comece a partir da quinta semana de vida.
Conforme relata, os bichos podem adquirir muitos tipos de vermes, que também podem ser transmitidos aos seres humanos. “Um deles é o Ancylostoma, popularmente conhecido como bicho geográfico, causador de irritações e coceiras na pele de seres humanos. Para evitá-lo, é fundamental a vermifugação dos cães”, relata.
“Além disso, é muito importante a conscientização da população em relação ao abandono dos animais, já que a exposição ao ambiente público pode aumentar o índice de transmissão de doenças de origem zoonótica”, explica.
Diferente da década de 1990, quando a região teve a crise do bicho geográfico, a especialista afirma que atualmente os recursos são outros e as pessoas veem os cachorros de outra forma, sendo uma das prioridades para as famílias em relação aos cuidados com a saúde.
Secretaria de Meio Ambiente
O Secretário de Meio Ambiente, Marcos Libório, explica que a medida pode ser implantada contanto que todos os cuidados e regras sejam respeitadas. “Se estamos falando de tutores responsáveis e de uma área delimitada, devidamente sinalizada, com dispositivo para recolhimento de fezes, acredito que funcione sim”, destaca.
De acordo com o Secretário, é preciso ter um espaço que promova a segurança do animal, permitindo uma melhor visualização do bicho, a testagem da areia e o controle com a exposição ao sol. Mas, que também garanta o bem-estar do ser humano.
“Algumas cidades já adotam essa liberação com uma área limitada, respeitando a segurança coletiva. O processo ainda está começando e claro que é importante a visão técnica diante do tema. E o mais essencial é que, caso a lei seja aprovada futuramente, os tutores respeitem as regras”, finaliza.
Por Isabella Lima, G1 Santos
Fonte: G1