Protetores animais denunciam falta de estrutura na Zoonoses de São Vicente, SP

Protetores animais denunciam falta de estrutura na Zoonoses de São Vicente, SP
Cachorro atropelado e com a pata quebrada foi levado para a Zoonoses de São Vicente, SP — Foto: Arquivo Pessoal/Sandra Alvarenga

Protetores de animais denunciam a falta de estrutura na Zoonoses de São Vicente, no litoral de São Paulo. De acordo com o grupo, o equipamento não apresenta condições de cuidar dos animais resgatados das ruas da cidade. A prefeitura alega que detectou graves problemas no departamento, que se arrastavam desde a administração passada.

A Zoonoses de São Vicente, que fica na Rua Catalão, no bairro Vila Voturuá, vem sendo alvo de denúncias de protetores de animais da cidade, que resgatam pets feridos e que precisam de atendimento e os levam até a unidade. O grupo alega que o local não tem estrutura para receber os cães e gatos.

Protetora de animais há quatro anos, Sandra Alvarenga conta que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) animal resgatou um cachorro de rua, no dia 5 de abril, vítima de atropelamento. Ele foi levado para a Zoonoses, após moradores acionarem o serviço. “Eu comecei a acompanhar o caso deste animal. Ele não passou pelo raio-X, não tomou remédios, nada”, diz.

Além da falta de medicamentos, quando chove, as baias onde os animais ficam alagam, ficando todos molhados, no frio, segundo a protetora.

Sandra relata que, na segunda-feira (12), foi resgatar o cachorro que havia sido atropelado, e o encontrou apenas com uma tala improvisada, e que a própria veterinária da Zoonoses afirmou que não tinha material para tratamento. “Eu pedi para trocar a tala do cachorro, que estava improvisada. A veterinária me disse que não tinha como, pois eles não têm material na unidade. Como pode isso, não ter material nem para atender uma emergência se precisar? E ele estava faminto, só alimentam os animais pela manhã lá”, reclama.

Cachorro estava com uma tala improvisada na Zoonoses — Foto: Arquivo Pessoal/Sandra Alvarenga

A protetora relata que os problemas na Zoonoses da cidade vêm acontecendo há tempos, e que, no ano passado, foi feita uma denúncia à Promotoria da Justiça de São Vicente, após um cão morrer depois de 60 dias na unidade.

Carla Aparecida, outra protetora, que cuida de animais desde os anos 2000, afirma que, no local, não há fiscalização das autoridades, e que nem pode tirar fotos dos animais que estão na unidade. De acordo com ela, procedimentos básicos, como raio-X em animais machucados, não são feitos no local.

“Eles nunca tiveram esse procedimento de raio-X. Eles recolhem o animal da rua e fazem o que bem entendem. Se pedimos informações, dizem que não podem nos falar. Se um cachorro aparece lá com o dono, eles nem o analisam, já passam medicamento e mandam procurar um veterinário”, relata.

Anay dos Santos, também protetora, conta que, aos fins de semana, os animais ficam desassistidos na unidade. “Os vizinhos nos contam que, no fim de semana, os cachorros latem, choram, uivam de fome, porque ficam sozinhos. Não fica ninguém na Zoonoses”, diz.

Segundo Aparecida, os animais resgatados, após passarem por tratamento, são devolvidos de acordo com Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), e os protetores gostariam de ajudar a prefeitura a achar uma família para esses pets.

“Eles não promovem uma campanha séria de adoção. Nós queríamos ajudar, poder tirar fotos dos animais, divulgar nas redes sociais, para encontrar uma família para eles, mas não podemos”, lamenta. 

Prefeitura
 
A Prefeitura de São Vicente, por meio de nota, informa que, logo no início da atual gestão, foram detectados graves problemas no Departamento de Controle de Zoonoses (Dezoon), que se arrastavam desde a administração passada. Diante da situação encontrada, está promovendo uma completa reestruturação da Zoonoses, que envolve a estrutura do local, quadro de profissionais e procedimentos. Isso não foi feito logo no início do ano pois era preciso equacionar as contas públicas, algo que ainda está em curso, bem como estudar cuidadosamente toda a rede que trata da causa animal no município para, em seguida, elaborar um planejamento sério que o tema merece.

Segundo a administração, o problema do abandono de animais ainda é de difícil solução, e depende da conscientização de todos, e a adoção consciente é o melhor caminho para minimizar a situação. Entretanto, muitos animais não conseguem um novo lar e acabam, muitas vezes, voltando ao local de origem.

A prefeitura afirma que essa prática é prevista no Termo de Ajustamento de Conduta firmado em fevereiro de 2002, entre a prefeitura, Promotoria de Justiça e União Protetora dos Animais. Mas, antes de serem devolvidos à comunidade, os animais passam por uma criteriosa avaliação veterinária, e são submetidos ao tratamento necessário. Assim que apresentam condições adequadas, os animais são castrados, vacinados, vermifugados, recebem um microchip e ficam disponíveis para adoção no departamento por um período de 15 dias. Após esse período, caso não sejam doados, os animais são reinseridos na comunidade local de onde foram resgatados.

Fonte: G1

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