Um terror: tanta sede para tão pouca água!

Um terror: tanta sede para tão pouca água!

Por Dr. phil. Sônia T. Felipe

SONIA 8088125501437703346 nEm agosto de 2014, quando providenciei a locação de um imóvel para este janeiro, nesta São Paulo já, então, atormentada, mas ainda nem tanto, pela secura, pedi à locatária para deixar bacias e baldes no apartamento, para eu poder coletar a água para descargas. À época, ela escreveu: “Fica tranquila, providenciarei os vasilhames, mas acho que até janeiro tudo estará normalizado.”

Nesses quase seis meses acompanhei com não pouca ansiedade a diminuição dos níveis de água nos reservatórios que abastecem esses quase 12 milhões de humanos (conto só os moradores da capital) e tantos outros milhões de animais (não moradores da capital) consumindo água todo dia .

Mas dos animais não humanos nenhum meio de comunicação de massa falou qualquer coisa até agora, como se todas as vacas usadas para extração do leite nessa região mineira e paulista fossem artefatos de plástico, sem necessidade de água alguma.

O leite, se alguém esqueceu, é 85% água, e para cada litro comprado ali no supermercado, foi preciso gastar 868 litros de água para dar às vacas e processar a matéria tirada delas.

Mas não vou agora falar do leite. Já escrevi algo sobre ele e está no livro Acertos abolicionistas: a vez dos animais.

Então, cá estou, em São Paulo, agora preocupada com a falta de água que deixará 12 milhões de pessoas em estado de terror, caso algo não seja feito para conter o vazamento desse líquido para hidratar tanto animal não humano, podendo isso ser feito à custa da hidratação dos humanos que, sem inocência alguma, não abrem mão do seu leitinho, do seu queijinho, do seu sorvetinho, tudo feito com muita água, mas muita mesmo, escondida no leite.

Pedi à locadora os vasilhames. E, ao chegar ao apartamento, há exatamente uma semana, lá estavam dois belos contêineres vermelhos, novinhos, para eu guardar toda água usada na lavação das mãos, das frutas, das verduras e das roupas, águas essas, todas, que há uma semana uso para as descargas leves.

Tem sido uma experiência assombrosa, guardar toda água que até chegar aqui eu nunca havia guardado em toda minha vida, deixava ir cano da pia abaixo. Água boa, mal e mal usada, água que pode ser guardada para dar descarga.

E nesses oito dias, economizei para os paulistanos que continuarão a morar aqui depois de eu ter voltado para minha casa, pelo menos uns 350 litros de água boa, pois, ao usar a água de lavação leve para a descarga, não gasto a água que se costuma usar para esse fim. Uma pena que o box do chuveiro não me permita levar para ali uma bacia grande para conter a água do banho também. Essa se vai pelo ralo, quando bem poderia ir-se pelo outro cano do esgoto, levando a carga mais pesada de toda casa que abriga animais, sejam eles humanos ou não.

Queridas amigas e amigos paulistas, estou no vosso chão, fazendo o que posso para que minha presença aqui na cidade não represente para qualquer um de vocês motivo de escassez no uso da água. No mais, por não comer nada de origem animal, já economizo milhões de litros de água todos os anos, um volume que os comedores de animais ou de secreções tiradas do corpo das vacas não têm ideia de quanto alcança.


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