Veterinária é suspensa acusada de fraude com vacina antirrábica para cães de caçadores

Veterinária é suspensa acusada de fraude com vacina antirrábica para cães de caçadores
Esquema descoberto.

Há caçadores que consideram que a vacina antirrábica – que em Portugal é obrigatória nos canídeos a partir dos três meses de idade – afeta o faro dos seus cães. E, por isso mesmo, há quem procure contornar a lei, fingindo que a vacina da raiva foi administrada aos seus animais. Para tal, precisam de encontrar o cúmplice certo: um veterinário que falsifique a documentação. E parece ter sido isso mesmo que aconteceu em Barcelos, no distrito de Braga, onde uma médica veterinária foi detida pela Guarda Nacional Republicana (GNR) pela alegada prática desse crime.

O Tribunal de Braga “decidiu suspender de funções no Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) uma veterinária de Barcelos detida pela GNR pela alegada participação num esquema de falsificação de vacinação de canídeos”, noticiou a Lusa no sábado, 11 de novembro.

Fonte da GNR disse à agência noticiosa que a arguida fica ainda “suspensa da atividade de médica veterinária e de todas as atividades relacionadas com atos veterinários, e proibida de aceder a qualquer plataforma de registo de animais”.

Tudo aconteceu na quarta-feira, quando a GNR deteve cinco pessoas em Barcelos, “no âmbito de uma investigação por suspeita de crimes de falsificação de documentos, atestado falso e falsidade informática relacionados com o registo de vacinação de canídeos”, diz a mesma fonte, acrescentando que, com idades entre os 21 e os 70 anos, os suspeitos são a veterinária e mais quatro familiares da mesma – que não podem manter contactos com os restantes envolvidos no processo.

Foram ainda constituídos mais 27 arguidos, todos eles caçadores de vários concelhos do norte, diz a Lusa. Fonte policial explicou à agência que “em causa estão documentos falsos que, a troco de uma determinada quantia em dinheiro, seriam passados designadamente a caçadores, dando conta de que os seus cães teriam recebido a vacina antirrábica”.

“A operação consistiu no cumprimento 32 mandados de buscas domiciliárias e 39 em veículos, nos distritos de Braga, Lisboa e Vila Real. Foram apreendidos 53.099 euros, 348 boletins sanitários de vacina de canídeos, 109 ampolas de vacinas antirrábicas, 540 vinhetas médicas, 23 telemóveis, dez computadores portáteis, três discos rígidos de armazenamento, uma arma de fogo, um revólver e diversos documentos relacionados com atos médicos veterinários e com os crimes em investigação”, salienta a mesma fonte.

Raiva é uma zoonose

Tal como os humanos, os animais também têm as suas doenças, muitas vezes transmissíveis ao seu “grupo” mas também ao Homem — são as chamadas zoonoses —, que acaba por ficar infetado, podendo vir a gerar um problema de saúde geograficamente alargado.

Existem agentes infeciosos que infetam pessoas e animais e em que, assim sendo, o contacto com animais aumenta a probabilidade de infeção no Homem pelo maior risco de exposição ao agente”, como explicou à PiT a veterinária Rita Sousa Calouro, do Hospital Veterinário de Santarém.

As principais doenças zoonóticas, em termos de frequência, são as parasitoses gastrointestinais. Contudo, em termos de gravidade, o cenário já é diferente, estando a raiva nos lugares cimeiros. “Em 98 por cento dos casos, a raiva é mortal para os humanos após a infeção. E apesar de estar extinta em Portugal (pelo que se sabe), continua a ser muito frequente em África”, salienta a médica veterinária.

Percorra a galeria para saber mais sobre algumas destas doenças.

Por Alexandra Ferreira

Fonte: Pets in Town / mantida a grafia lusitana original

Os comentários abaixo não expressam a opinião da ONG Olhar Animal e são de responsabilidade exclusiva dos respectivos autores.