Animais silvestres criados em casa ou cativeiro podem ser entregues de forma voluntária em Petrolina, PE

Animais silvestres criados em casa ou cativeiro podem ser entregues de forma voluntária em Petrolina, PE
José é criado em casa por uma família do Vale do São Francisco (Foto: Iara Bispo/ TV Grande Rio )

No Brasil, a Lei de Proteção à Fauna deixa claro que é proibido o comércio de animais silvestres e de produtos que impliquem na sua perseguição e destruição. No Sertão de Pernambuco, ainda existe um alto índice de caça de animais e pessoas que criam bichos em cativeiro. A prática é criminosa e a orientação é fazer a entrega voluntária desses animais.
Uma família da região do Vale do São Francisco cria uma papagaio em casa. Eles dizem que apesar de saber que a prática é crime, o ‘José’ como é chamado já passou por várias gerações da família. “Eles eram da minha avó e agora a gente cuida. Ele tem mais de 35 anos, vive solto em casa, mas a gente corta as asas. Então ele fica na área, na varanda. Ela trouxe ele pequenininho para casa e nao foi nada legalizado”, relata.

Segundo a Analista em Gestão Ambiental e engenheira florestal, Ana Patrícia Dias Marques, criar animal silvestre em cativeiro é crime. “Não há possibilidade do animal permanecer com a pessoa ou se faz a devolução voluntária ou se houver fiscalização e o animal for apreendido, as pessoas sofrerão as sanções administrativas legais, sendo multa uma delas”, esclarece.

A entrega voluntária é feita nos órgãos de gestão ambiental. Em Petrolina, a unidade fica localizada dentro da sede da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf). Os interessados em fazer a entrega espontaneamente deve entrar em contato por telefone (87)-3861-3462 ou envia e-mail para a equipe da Unidade Integrada de Gestão Ambiental (UIGA), através do endereço [email protected]. A partir disso, o órgão irá em busca para ter mais informações sobre o animal, espécie, quantidade e definir os detalhes da entrega.

Em Petrolina, os animais devolvidos espontaneamente ou resgatados do cativeiro, através de fiscalizações em feiras ou outros locais, são levados para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) que fica no Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga (Cemafauna) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). No local, os animais passam por uma avaliação médica, e dependendo da situação, eles podem ser devolvidos para a natureza. Quando não têm condições de sobreviverem livres são levados para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) Tangara, pertencente à Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) e localizado na região metropolitana do Recife.

Devolução de animais ao habitat (Foto: Jaquelyne Costa/ Arquivo pessoal)
Devolução de animais ao habitat (Foto: Jaquelyne Costa/ Arquivo pessoal)

O Centro de Triagem para Transposição funciona desde o ano de 2008 na Univasf. Atualmente, 1.600 animais silvestres estão no local. De acordo com o professor de manejo de fauna do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e coordenador do Cemafauna, Luiz César Machado Pereira, as aves são as mais visadas pelos caçadores pela beleza e pelo canto. “O ‘Periquito da Caatinga’ é o animal que mais é encontrado nas casas da região. Também são achados muitos pássaros como o ‘Cabeça Vermelha’, o Canário, o Pássaro Preto, os Avoantes e Asa Branca”, relata.

Segundo o professor Luiz Cézar, o cativeiro muitos prejuízos para os animais em relação a saúde e o a área comportamental, muitos deles não conseguem voltar ao seu habitat. “Quando você capturou o animal, você tirou a liberdade dele. Quando você prende o animal, ele não vai cantar como ele canta na natureza. Se você tem gaiolas e viveiros, nesses locais tem bactérias e os animais podem adquirir problemas respiratórios. Além disso, o animal pode estar muito gordo para os padrões e pode ter a psiquê alterada. Assim, quando você vai tentar devolver esse animal para a natureza, ele não consegue voltar, porque eles ficaram tanto tempo em gaiolas que não tem mais hábitos reprodutivos”, explica.

Serviço de entrega voluntária:

Unidade Integrada de Gestão Ambiental (UIGA)
Telefone: (87) -3861-3462
E-mail: [email protected]

Por Juliane Peixinho

Fonte: G1

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