Baleia quase vira barco na Baía de Guanabara, e biólogo diz que presença do animal ‘mostra que o ecossistema ainda está vivo’

Baleia quase vira barco na Baía de Guanabara, e biólogo diz que presença do animal ‘mostra que o ecossistema ainda está vivo’
Baleia jubarte quase virou barco na Baía de Guanabara Foto: Reprodução

Um vídeo que circula nas redes sociais desde a tarde desta terça-feira mostra pescadores sendo resgatados por marinheiros mercantes, nas águas da Baía de Guanabara, minutos depois de terem tido a embarcação na qual estavam atingida por uma baleia-jubarte. O animal estaria passeando pela região há pelo menos quatro dias e já pôde ser visto em vários pontos da Baía.

O ambientalista Sérgio Ricardo, um dos fundadores do Movimento Baía Viva, diz que o fenômeno é raro. De acordo com ele, as correntes marítimas até podem atrair baleias para a costa do Rio de Janeiro, o que faz com que elas sejam vistas de praias da Zona Sul da cidade, eventualmente. No entanto, Sérgio Ricardo diz que em trinta anos de monitoramento daquelas águas nunca tinha visto uma jubarte permanecer por dias no interior da Baía.

— Possivemente, este animal estava se deslocando pela costa do sudeste em busca de alimento e de acasalamento. Dizer qualquer coisa além disso é ‘chute’. É um fenômeno raro, não tenha dúvidas. Mas, isso mostra que é possível a restauração ecológica da Baía, que a Baía está viva — diz.

O ambientalista afirma que o tráfego de embarcações na Baía afasta animais desse porte. — O tráfego de embarcações por ali é intenso. Dados oficiais do Ibama, de dezembro de 2019, dizem que 10 mil embarcações trafegavam por ano na Baía, entre navios e rebocadores, principalmente vinculados ao pré-sal. Aquelas águas se transformaram em um grande estacionamento industrial. A ecologia da paisagem vem dando lugar a uma paisagem de ferro — lamenta.

Apesar disto, Sérgio Ricardo torce para que o fenômeno se torne cada vez mais comum.

— No ano passado, recebemos imagens de pescadores que encontraram um tubarão-baleia na região. São fatos raros, mas que nos enchem de esperança — conclui.

Fonte: Extra


Nota do Olhar Animal: Este encontro não ocorreu com um barco de turismo, mas faz lembrar sobre os danos causados pela atividade. É difícil não pensar nos problemas trazidos pela presença humana ao longo dos anos e as várias formas de agressão sofrida pelos animais marinhos, que vão das colisões com embarcações, passando pelas agressões sonoras, ameaça aos filhotes, etc. No entanto, o Brasil e vários países permitem e estimulam o avistamento embarcado desses animais. A pandemia e consequente redução da atividade humana no mar foi reveladora do quanto ela impacta no ambiente marinho, com animais voltando a áreas na costa das quais mantinham-se distante, como várias baías.

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