Canadá: Conselho dos parques de Vancouver vota pela proibição de novos cetáceos

Canadá: Conselho dos parques de Vancouver vota pela proibição de novos cetáceos
Centenas de manifestantes compareceram, sob chuva pesada, ao parque Ceperley, no início de maio, para apoiar o Aquário de Vancouver a manter animais em cativeiro. Em destaque nesta foto está o CEO do Aquário, Dr. John Nightingale | Fotos: MARK VAN MANEN / VANCOUVER SUN

O conselho do parque de Vancouver votou na noite do dia 8 pela proibição de novos cetáceos no Aquário de Vancouver, uma ação que o aquário afirma ameaçar o trabalho do programa de resgate de mamíferos marinhos, mas um ativista dos direitos dos animais a recebeu com aplausos e entusiasmo.

Centenas de apoiadores do aquário ficaram do lado de fora do escritório do conselho, na chuva desse dia por mais de duas horas, mas não conseguiram convencê-lo.

“Você podia sentir a paixão de ambos os lados,” disse o presidente do conselho, Michael Wiebe após a calorosa votação. “Nosso principal objetivo é que, quando a poeira baixar, a decisão tomada pelo conselho seja vista como a decisão correta.”

O conselho votou 6 a 1 por alterar seu estatuto e proibir no aquário novos golfinhos, baleias ou toninhas, incluindo os machucados ou doentes, que bateu um recorde de 1.2 milhões de visitantes no ano passado.

Será permitido manter e exibir os três cetáceos sob seus cuidados atualmente: Helen, um golfinho-de-laterais-brancas do Pacífico; Daisy, uma toninha-comum; e Chester, uma falsa-orca. Mas o parque está proibido exibi-las em shows, performances ou qualquer tipo de entretenimento.

O CEO do aquário, Dr. John Nightingale, disse que a briga não acabou.

O aquário irá explorar todas as opções, incluindo uma ação legal, para contestar o que ele considera uma “decisão míope e insensível” do conselho.

Nightingale disse que a proibição acaba efetivamente com a habilidade do aquário de resgatar cetáceos, já que o Fisheries and Oceans Canada (órgão que cuida da pesca e dos oceanos no Canadá), o qual emite permissões para todos os resgates de cetáceos, dificilmente aprovará um resgate sem um lar em longo prazo disponível.

“Porque você resgataria um animal e cuidaria dele para depois ter que eutanasiá-lo por falta de um lar? Nós somos o único lar no Canadá e esse lar surgiu há mais de cinquenta anos porque os recintos de exibição ofereciam espaço para aqueles animais viverem”, ele falou em um breve discurso após a votação.

O Centro de Resgate de Mamíferos Marinhos, localizado no extremo norte da Main Street, não tem capacidade para abrigar os cetáceos em longo prazo.

A proibição também ameaça os esforços futuros de resgate, até mesmo de não cetáceos: “A economia disso poderia afundar o programa,” disse Nightingale.

“Isso é sobre ideologia e política, não sobre a conservação de animais na natureza.”

O debate foi marcado por acusações de desinformação e medo de ambos os lados.

Alguns membros do conselho do parque contestaram a posição do aquário, dizendo que a decisão não impede que o centro de resgate de mamíferos marinhos continue seus resgates e o trabalho de reabilitação.

“A escolha de trabalhar ou não com cetáceos é totalmente do próprio centro”, falou o membro Stuart MacKinnon durante a reunião.

Erin Shum, o único membro em desacordo, disse que decidiu votar contra a mudança do estatuto porque “acaba com a perspectiva de um cuidado duradouro com animais que foram machucados na natureza.” Foi uma decisão difícil, mas “eu não posso apoiar uma mudança de estatuto que põe a política à frente da ciência”.

Muitos ativistas dos direitos dos animais, que têm se manifestado a favor dos cetáceos do aquário há décadas, agradeceram a decisão do conselho.

Roslyn Cassells, uma ativista e antigo membro do Partido Verde, chamou a proibição de “revolucionária”.

“O Aquário de Vancouver é uma coisa do passado… e proibir a importação e o tráfico de cetáceos será o primeiro prego no caixão de uma indústria em decadência,” ela afirmou.

A decisão era aguardada há muito tempo, disse animada a ativista Zoe Peled. “Estou muito grata por ter um conselho que tomou a decisão que realmente é correta.”

Nos últimos meses, o Aquário de Vancouver lançou uma campanha para se defender das críticas.

Mais de treze mil cartas em apoio ao aquário foram enviadas ao conselho, afirma Nightingale, e pesquisas públicas indicam que noventa e cinco por cento apoiam o programa de resgate.

Wiebe disse que o conselho está preparado caso o aquário entre com uma ação. “Esta é uma longa discussão que se arrasta por várias décadas e é algo com o qual continuaremos lidando,” ele disse.

O último debate sobre cetáceos no aquário teve início após a morte das belugas Aurora, 30, e Qila, 21, com nove dias de diferença em novembro, por conta de uma toxina não identificada.

Em fevereiro, o aquário anunciou que iria eliminar os cetáceos até 2019, mas planejava levar adiante os planos de trazer de volta cinco belugas, temporariamente emprestadas a projetos de reprodução americanos.

O aquário também está no meio de uma expansão de cem milhões de dólares, que inclui tanques maiores para as baleias, aprovados por um conselho anterior em 2006.

Por Cheryl Chan / Tradução de Carla Lorenzatti Venturini

Fonte: The Province


Nota do Olhar Animal: A única coisa que a proibição ameaça é o ganancioso lucro em cima da exploração de animais. Este é o grande temor de quem é contra a proibição.

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