Enfermeira veterinária é demitida por “salvar” peru que seria comido: “Discriminada pelo meu veganismo”

Enfermeira veterinária é demitida por “salvar” peru que seria comido: “Discriminada pelo meu veganismo”
Foto: Twitter

Shakira Free Miles, enfermeira veterinária vegana autodenominada “ativista da libertação animal”, envolveu-se em uma polêmica no ano passado.

Conforme o Daily Mail, Miles levou um peru doente para um hospital veterinário dois dias depois do Natal e o manteve em seu apartamento por vários dias para impedir que ele fosse comido nas celebrações de fim de ano.

Free Miles era uma enfermeira veterinária premiada que trabalhava para o Royal Veterinary College (RVC), com sede em Londres (Inglaterra). O apartamento em que a enfermeira vivia era cedido pela universidade.

Direitos autorais: Reprodução Instagram/@shakirafree.
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Por algum tempo, sua estratégia funcionou, mas o peru foi descoberto por policiais que invadiram a propriedade enquanto investigavam seu potencial envolvimento com o grupo de campanha “Animal Liberation Front”. Acabou presa.

Após a descoberta do animal, os dirigentes da prestigiada universidade iniciaram uma investigação para saber se a jovem deveria ser incriminada. Foi demitida em junho de 2020, por má conduta e por violar a política de “não animais de estimação” mantendo o peru em casa. Também pesou contra a profissional a acusação de má conduta grave por postar fotos de animais de estimação nas mídias sociais sem permissão dos seus tutores.

Seu posicionamento foi considerado “do lado mais militante” do movimento pelos direitos dos animais, pois o conselho descobriu evidências suficientes, por meio das redes sociais, de sua associação com atividades ilegais de grupos extremistas de direitos dos animais.

Além disso, por manter o peru no apartamento, a funcionária teria violado a “política de proibição de animais de estimação”.

Reação de Free Miles

A Enfermeira Veterinária do Ano, entre 400 indicações ao Ceva Awards for Animal Welfare, em 2016, ficou inconformada com sua demissão e tentou processar os ex-empregadores por discriminação por ser vegana e demissão injusta.

Direitos autorais: Reprodução Instagram/@shakirafree.
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O tribunal descobriu que Free Miles, que deixou claras suas crenças “no veganismo ético” no início de seu trabalho na instituição, não permitiria que carne ou outros produtos de origem animal fossem colocados na geladeira que ela usava no apartamento.

A enfermeira também esteve envolvida em campanhas relacionadas a certas raças de cães identificadas como perigosas, inclusive apareceu em entrevistas na mídia.

Na audiência, a mulher teria defendido a vida dos animais, dizendo que tem valor inato e que os humanos não devem comer, vestir, usar para prática esportiva, experimentar ou lucrar com animais, e que têm obrigação de evitar seu sofrimento.

Direitos autorais: Reprodução Instagram/@shakirafree.
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A universidade ficou sabendo que Free Miles estava ligada ao roubo de animais por meio da Unidade de Policiamento Antiterrorismo de Suffolk, acreditando que ela inclusive havia tratado de porcos roubados, de acordo com o tribunal.

Também foi descoberto que a profissional se apresentava no ambiente on-line como especialista em áreas para as quais não tinha qualificação, identificando-se como “veterinária”, inclusive sugerindo ser cirurgiã.

Quando o caso saiu na mídia, Free Miles foi entrevistada, sempre negando ser membro de qualquer grupo extremista, argumentando que havia distinção entre protestos e atividades ilegais.

O juiz trabalhista responsável pelo caso, analisando todas as acusações, decidiu contra a mulher. Harjit Grewal rejeitou as alegações de que a profissional era inocente e estava sendo vítima de perseguição por suas opiniões pessoais e concluiu: “Sua crença de que ela era moralmente obrigada a tomar medidas positivas para prevenir ou reduzir o sofrimento dos animais, o que incluía transgressão e remoção de animais, e sua manifestação não era uma crença filosófica.”

Por Luiza Fletcher

Fonte: O Segredo


Nota do Olhar Animal: É lamentável que ainda chamem pejorativamente de “extremista” aqueles que defendem os interesses de animais não humanos e de pessoas “normais” quem os massacra. O caminho ainda é longo…

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