Jardim Botânico de Bauru (SP) cria campanha para evitar que população alimente saguis
O Jardim Botânico de Bauru (SP) está fazendo uma campanha e orientando a população para não dar comida para os saguis que habitam a região. Essa espécie, ao contrário do que muita gente pensa, foi introduzida pelo homem e a sua multiplicação pode colocar em risco o meio ambiente.
A campanha foi criada depois que alguns macacos morreram por causa da herpes. As palestras foram destinadas principalmente aos pacientes do Instituto Lauro de Souza, que convivem muito próximos com os saguis.
E exatamente esse contato com a natureza que mais agrada os pacientes. Desde que eles se mudaram para o local onde funciona o instituto que trata de doenças de pele, os saguis podem ser vistos por toda a parte.
VÍDEO: Campanha do Jardim Botânico de Bauru orienta população a não alimentar saguis do local
“Nós jogávamos bola aí e eles passava ali brincando, iam lá para trás do campo de futebol, tinha uma floresta ali e eles ficavam lá. Eu acho interessante, é uma distração para vista da gente”, afirma o aposentado Elias de Souza Freitas.
E por causa dessa convivência, eles passaram a ser orientados sobre o que não devem faer, como dar alimentos. “Tinha bastante e eu cheguei a dar muita banana para os macacos, só que hoje sabemos que não pode, então parei de dar. Tive que aprender, porque eu não sabia, eu ia na feira e comprava banana para eles”, conta o aposentado Adélcio José Paccione.
É difícil resistir, mas é um risco para eles e também para os humanos, porque este contato traz várias doenças. Nas palestras, os pacientes aprendem que sagui não come banana. Só pequenos animais e insetos. E a nossa comida pode causar cáries, diabetes e problemas nos rins.
“Ao oferecer o alimento contaminado, o saguizinho pode adquirir esse tipo de doença e para o ser humano o contato com o animal, principalmente se tiver algum tipo de acidente, como mordidas e arranhões pode transmitir para nós a raiva, pode transmitir hepatite e salmonela também. É muito perigoso para nós e para o próprio animal”, explica Vinicius Sementilli, biólogo do Jardim Botânico.
Manter os saguis saudáveis também ajuda a ficar de olho na febre amarela. Eles são importantes para mostrar que algumas doenças estão circulando e assim a gente possa se precaver.
Bauru está em uma das áreas mais preservadas de todo o estado de São Paulo. Tem duas unidades de conservação que formam uma espécie de corredor por onde os animais adoram passar. A vegetação ajudou a aumentar a população.
Na região existem duas espécies de primatas, originalmente. O bugio e o macaco-prego. Já o sagui foi introduzido há cerca de 30 anos pelos seres humanos e foi exatamente por causa da falta de predador que ele acabou se proliferando nas áreas próximas da cidade. É por isso que a conscientização é tão importante.
“E para complicar ainda são suas espécies diferentes que se hibridaram, é o sagui de tufo preto que é do estado de São Paulo, mas não existe na nossa região, e o sagui de tufo branco que é do nordeste brasileiro. Então eles acharam um local em que não tinham predadores naturais e passaram a se reproduzir em grande número”, explica o diretor do zoológico de Bauru.
A ação das pessoas, de alimentar esses animais, contribui ainda mais com a procriação deles.
“O costume das pessoas alimentarem esses animais provoca um aumento populacional, uma vez que o que limita o tamanho desses grupos é justamente a disponibilidade de alimento nas matas, então quando eles saem das matas e acabam encontrando uma oferta muito grande de alimentos eles acabam se reproduzindo. Mas eles não são culpados, eles são vítimas também porque eles foram soltos nessa região onde nunca isso deveria ter acontecido.”
Fonte: G1