Manifestantes protestam contra fazenda de pele de marta em Norwich, Canadá

Manifestantes protestam contra fazenda de pele de marta em Norwich, Canadá
Um grupo de manifestantes da KOALA ficou do lado de fora de uma fazenda de pele de Marta em Norwich no sábado e lançou a campanha Fim da Indústria de Pele

A Kitchener Ontario Animal Liberation Alliance (Aliança para Libertação Animal de Kitchener Ontário – KOALA) fez um piquete na Estrada Norwich em frente à Fazenda de Marta Jeff Mitchell, quando o grupo se preparou para lançar a campanha Fim da Indústria da Pele.

O grupo ficou no acostamento da estrada, alguns manifestantes seguravam cartazes onde se lia “Acabe com a Crueldade Animais”, enquanto um grupo de quatro manifestantes segurava um longo banner preto com as palavras “Fim da Indústria da Pele” em letras brancas grandes.

Alguns manifestantes até entraram em pequenas gaiolas de arame para demonstrar as condições de vida dos animais criados para a indústria da pele. Um dos organizadores do KOALA, Malcolm Klimowicz, ficou do outro lado da estrada com um megafone entoando o lema da campanha.

Klimowicz disse que seu grupo iria protestar contra 40 fazendas em Ontário, a maior parte fazendas de martas, outras poucas de criação de raposa.

“As martas tem pouco espaço para viver”, disse ele. “Isso causa frustração nesses animais. A indústria da pele diz que os animais são domesticados, mas a produção de peles só existe há 100 anos. Eles criam os animais não por características de domesticação, mas por traços das peles que parecem ser boas em um casaco.”

Klimowicz e seu grupo estão lutando para parar a produção de peles em Ontário. Ele descreveu como os animais ficam em um “estado constante de angústia” quando são mantidos em pequenas gaiolas nessas fazendas.

“É uma violação direta das seções 11.1 e 11.2 da Lei da Ontario Society for the Prevention of Cruelty to Animals (Sociedade para a Prevenção à Crueldade aos Animais de Ontário – OSPCA), a qual determina ser uma violação ao Código Penal colocar um animal em sofrimento”, afirmou o manifestante. “Esses animais estão constantemente em sofrimento. Além disso, o governo deveria regulamentar isso, mas não tem havido inspeções nas fazendas de marta por parte da OSPCA, do Ministério da Agricultura ou do Ministério do Meio Ambiente nos últimos cinco anos.”

“No entanto, nós vemos evidências em vídeos extraídos de filmagens secretas dentro dessas fazendas que mostram que esses animais ficam confinados em locais apertados e superlotados, com pilhas de excrementos e gás amônia que causam infecções oculares. O governo está de fato financiando a pesquisa para a indústria da pele de marta e de raposa, fazendo o resgate financeiro de milhões de dólares dos governos federal e provincial. O grande problema é que o governo deveria regulamentar isso, mas eles estão financiando. É um conflito de interesses”.

Além desses problemas, Klimowicz disse que a KOALA acredita não ser necessário matar os animais por uma “decoração estúpida de roupas”, citando um estudo realizado pela Humane Society do Canadá que descobriu que 68% dos canadenses apoiam a proibição da produção de peles.

A Canadian Mink Breeders Association (Associação Canadense dos Criadores de Marta – CMBA) respondeu a esses protestos com um comunicado no último dia 27, afirmando que os padrões de cuidados para a criação de martas em cativeiro no Canadá estão definidos em um Código de Prática preparado por veterinários, cientistas de animais, produtores e autoridades de bem-estar animal que trabalham no âmbito do Conselho Nacional dos Cuidados dos Animais de Fazenda.

O Comunicado também observou que o formato e os tamanhos das gaiolas, a nutrição, os cuidados veterinários e outros padrões de criação de animais foram estabelecidos para garantir o melhor bem-estar possível para as Martas criadas em cativeiro.

No Comunicado, o diretor executivo da CMBA, Gary Hazlewood, disse que os animais recebem excelente nutrição e cuidados nas fazendas canadenses, acrescentando que não há outra maneira de produzir peles de alta qualidade.

“Nós entendemos que alguns ativistas acreditam que as pessoas não devem usar animais para nada, nem como alimento”, disse Hazlewood, “mas a maioria dos canadenses aceita o uso responsável dos animais, desde que sejam tratados com respeito. Nossa pesquisa confirma que cerca de 80% dos canadenses acreditam que usar peles deve ser uma questão de escolha pessoal”.

Os manifestantes vieram de toda a província de Ontário para apoiar a causa da KOALA. Um manifestante, Adam Stirr, veio da região do Niagara para se juntar à manifestação na fazenda de martas de Norwich para que ouvissem sua voz, e disse ao jornal Sentinel-Review que essas práticas são “especialmente atrozes”.

“Você está criando um animal apenas para matá-lo por sua pele”, disse Stirr. “Toda sua vida é apenas o valor de sua pele e isso é nojento”.

Ele acrescentou que o protesto foi apenas a primeira etapa de um plano em larga escala para promulgar a proibição da produção de peles em Ontário.

“Este é apenas o estágio inicial”, disse Stirr. “É assim que deve começar. Você deve conscientizar as pessoas sobre o problema… fazer as pessoas pensarem sobre isso. Nos próximos estágios, quanto mais pessoas souberem sobre isso, mais inclinados estarão a investigar esse assunto. Garanto que quanto mais pessoas investigarem esse tipo de coisa, mais pessoas ficarão enojadas com isso.”

A vice-presidente regional da Federação Internacional da Pele, Nancy Daigneault, disse ao Sentinel-Review que a organização está aberta à discussão com os manifestantes e com a KOALA.

“Nós temos um diálogo aberto com todos, (mas) eles não chegaram pessoalmente a mim ou à Federação Internacional de Peles ou aos Criadores de Marta do Canadá, que eu saiba”, disse ela. “Há sempre um diálogo aberto. Quando o Código de Pele do Canadá foi elaborado, os veterinários especialistas colocaram esse tema sob consulta… Há oportunidade para comentários públicos sobre todas essas questões. Estamos sempre dispostos a dialogar com qualquer pessoa que esteja disposta a falar-nos racionalmente. Mas essas pessoas, eu acredito, estão tentando acabar com o nosso negócio.”

“Eles não acreditam em comer carne. Eles não acreditam em usar couro. Eles não acreditam em nenhum uso de animais dentro da sociedade”, acrescentou Daigneault. “Esse é o ponto de vista deles, e não sei se iremos mudar sua ideia sobre isso.”

Por Bruce Chessell / Tradutora Ana Luiza Cassin

Woodstock Sentinel Review

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