Olhar Animal participa de ação pela libertação da elefanta Bambi do zoológico de Ribeirão Preto, SP

Olhar Animal participa de ação pela libertação da elefanta Bambi do zoológico de Ribeirão Preto, SP

A ONG Olhar Animal foi admitida nesta sexta-feira (24/07) como amicus curiae (amigo da corte) no processo ajuizado pelo Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal e que busca a libertação da elefanta Bambi e sua transferência do Bosque Zoológico Municipal Dr. Fábio de Sá Barreto, em Ribeirão Preto (SP) para o Santuário de Elefantes Brasil, em Chapada dos Guimarães (MT).

No pedido de habilitação, o advogado da Olhar Animal, Marcel Fiorelli Fernandes, encaminhou uma inédita exposição de argumentos éticos contra os maus-tratos e crueldades infligidas contra os animais, articulando-os com a legislação brasileira vigente e estabelecendo analogias entre o tratamento dado a diferentes espécies de seres sencientes, em especial entre seres humanos e a elefanta Bambi.

Junto ao pedido de habilitação, a Olhar Animal anexou o parecer solicitado ao biólogo Pablo Campregher, em que este atesta os danos causados a elefantes em cativeiro e especificamente à elefanta Bambi, recomendando sua transferência para o santuário mato-grossense.

O parecer encaminhado pela ONG e também um laudo do Conselho Regional de Medicina Veterinária de SP apontam para problemas graves. A começar, para fato de Bambi e a elefanta Maison, que também vive naquele zoo, não terem sido pareadas satisfatoriamente, interagirem de forma desarmônica e mesmo agonística. Outro fato importante é o de que uma das elefantas sempre fica presa na área de cambiamento, limitada a um ambiente fechado, pouco arejado, apertado, escuro, úmido, com piso de concreto, sem escoamento de dejetos líquidos, durante a maior parte do dia. Os animais ficam nessas condições degradantes entre 14 e 18 horas por dia.

Elefantas convivem no zoológico desde 2014, mas houve êxito no pareamento até hoje.
Elefantas convivem no zoológico desde 2014, mas houve êxito no pareamento até hoje.

A elefante Bambi sofreu durante muitos anos em decorrência dos graves maus-tratos causados por ser explorada em espetáculos circenses, sendo torturada para que se submetesse a tais eventos.

Como consta na petição, “a elefante Bambi padece de atrofia muscular na região toracolombar e na região temporal da cabeça, apresentando lesão e aumento de volume na região de articulação femorotibial esquerda, com opacidade na córnea esquerda, com redução severa da visão do olho esquerdo e má oclusão dentária bilateral, além de diversas lesões antigas já cicatrizadas na pele”.

Bambi padece de atrofia muscular na região toracolombar e na região temporal da cabeça.

O recinto zoo de Ribeirão Preto destinado às duas elefantas possui aproximadamente 1.500 m2. Como explica o parecer anexado à petição, dependendo da qualidade dos recursos encontrados no habitat, a área de vida de um único elefante asiático selvagem pode variar de 200 a 1.000 quilômetros quadrados. Elefantes em vida livre percorrem dezenas de quilômetros diários, no caso das fêmeas em manadas constituídas por até 30animais, forrageando vegetação nativa e buscando fonte de água.Jamais um zoológico poderá suprir essa demanda, tanto no que diz respeito ao tamanho das áreas quanto às relações sociais.

A elefante Bambi, de origem indiana, sofreu durante muitos anos em decorrência de severos maus-tratos causados por ser explorada e torturada em espetáculos circenses. Chegou ao Bosque Fábio Barreto em 2014. vinda de outro zoológico municipal, o da cidade de Leme (SP), por determinação da Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo. Antes, Bambi era tutelada pelo Circo Stankowich. Com quatro toneladas e três metros de altura, ela tem 40 anos.

O Santuário de Elefantes

Em 2016 chegaram os dois primeiros elefantes ao santuário. Guida e Mara eram atrações de circo na Ásia. Foram resgatadas vivendo em um sítio em Minas Gerais.

O santuário foi moradia também da elefanta Ramba, que morreu em dezembro do ano passado. Guida morreu em junho do mesmo ano. Infelizmente, não passaram incólumes aos anos de maus-tratos vividos antes de chegarem ao santuário.

Atualmente, além de Maia, vivem no local Rana, Lady e Mara.

A área do santuário foi comprada pela ONG Internacional Global Sanctuary for Elephants em maio de 2015, depois de quase dois anos de procura.

TJSP – Processo nº 1020351-16.2020.8.26.0506

Fonte: Olhar Animal


Nota do Olhar Animal: Há um pedido de liminar pela libertação da Bambi. O juiz, antes de se decidir sobre ele, solicitou ao Ministério Público de São Paulo que se manifestasse, o que ainda (27/07/2020) não foi feito. O amicus curiae da ONG Olhar Animal, protocolado em 22/07/2020 chega em tempo não só de ser considerado pelo MP e pelo juiz, como traz argumentos que acrescentam novos elementos ao processo, e não apenas repete argumentos já elencados na inicial.

Petição pede LIBERDADE para BAMBI, a elefanta confinada no zoológico de Ribeirão Preto, SP

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