Olhar Animal participa de ação pela libertação da elefanta Bambi do zoológico de Ribeirão Preto, SP

A ONG Olhar Animal foi admitida nesta sexta-feira (24/07) como amicus curiae (amigo da corte) no processo ajuizado pelo Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal e que busca a libertação da elefanta Bambi e sua transferência do Bosque Zoológico Municipal Dr. Fábio de Sá Barreto, em Ribeirão Preto (SP) para o Santuário de Elefantes Brasil, em Chapada dos Guimarães (MT).
No pedido de habilitação, o advogado da Olhar Animal, Marcel Fiorelli Fernandes, encaminhou uma inédita exposição de argumentos éticos contra os maus-tratos e crueldades infligidas contra os animais, articulando-os com a legislação brasileira vigente e estabelecendo analogias entre o tratamento dado a diferentes espécies de seres sencientes, em especial entre seres humanos e a elefanta Bambi.
Junto ao pedido de habilitação, a Olhar Animal anexou o parecer solicitado ao biólogo Pablo Campregher, em que este atesta os danos causados a elefantes em cativeiro e especificamente à elefanta Bambi, recomendando sua transferência para o santuário mato-grossense.
O parecer encaminhado pela ONG e também um laudo do Conselho Regional de Medicina Veterinária de SP apontam para problemas graves. A começar, para fato de Bambi e a elefanta Maison, que também vive naquele zoo, não terem sido pareadas satisfatoriamente, interagirem de forma desarmônica e mesmo agonística. Outro fato importante é o de que uma das elefantas sempre fica presa na área de cambiamento, limitada a um ambiente fechado, pouco arejado, apertado, escuro, úmido, com piso de concreto, sem escoamento de dejetos líquidos, durante a maior parte do dia. Os animais ficam nessas condições degradantes entre 14 e 18 horas por dia.

A elefante Bambi sofreu durante muitos anos em decorrência dos graves maus-tratos causados por ser explorada em espetáculos circenses, sendo torturada para que se submetesse a tais eventos.
Como consta na petição, “a elefante Bambi padece de atrofia muscular na região toracolombar e na região temporal da cabeça, apresentando lesão e aumento de volume na região de articulação femorotibial esquerda, com opacidade na córnea esquerda, com redução severa da visão do olho esquerdo e má oclusão dentária bilateral, além de diversas lesões antigas já cicatrizadas na pele”.

O recinto zoo de Ribeirão Preto destinado às duas elefantas possui aproximadamente 1.500 m2. Como explica o parecer anexado à petição, dependendo da qualidade dos recursos encontrados no habitat, a área de vida de um único elefante asiático selvagem pode variar de 200 a 1.000 quilômetros quadrados. Elefantes em vida livre percorrem dezenas de quilômetros diários, no caso das fêmeas em manadas constituídas por até 30animais, forrageando vegetação nativa e buscando fonte de água.Jamais um zoológico poderá suprir essa demanda, tanto no que diz respeito ao tamanho das áreas quanto às relações sociais.
A elefante Bambi, de origem indiana, sofreu durante muitos anos em decorrência de severos maus-tratos causados por ser explorada e torturada em espetáculos circenses. Chegou ao Bosque Fábio Barreto em 2014. vinda de outro zoológico municipal, o da cidade de Leme (SP), por determinação da Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo. Antes, Bambi era tutelada pelo Circo Stankowich. Com quatro toneladas e três metros de altura, ela tem 40 anos.
O Santuário de Elefantes
Em 2016 chegaram os dois primeiros elefantes ao santuário. Guida e Mara eram atrações de circo na Ásia. Foram resgatadas vivendo em um sítio em Minas Gerais.
O santuário foi moradia também da elefanta Ramba, que morreu em dezembro do ano passado. Guida morreu em junho do mesmo ano. Infelizmente, não passaram incólumes aos anos de maus-tratos vividos antes de chegarem ao santuário.
Atualmente, além de Maia, vivem no local Rana, Lady e Mara.
A área do santuário foi comprada pela ONG Internacional Global Sanctuary for Elephants em maio de 2015, depois de quase dois anos de procura.
TJSP – Processo nº 1020351-16.2020.8.26.0506
Fonte: Olhar Animal
Nota do Olhar Animal: Há um pedido de liminar pela libertação da Bambi. O juiz, antes de se decidir sobre ele, solicitou ao Ministério Público de São Paulo que se manifestasse, o que ainda (27/07/2020) não foi feito. O amicus curiae da ONG Olhar Animal, protocolado em 22/07/2020 chega em tempo não só de ser considerado pelo MP e pelo juiz, como traz argumentos que acrescentam novos elementos ao processo, e não apenas repete argumentos já elencados na inicial.
Petição pede LIBERDADE para BAMBI, a elefanta confinada no zoológico de Ribeirão Preto, SP