Ovelha é abatida em evento contra racismo nos EUA, sob protestos de ativistas dos direitos dos animais

Ovelha é abatida em evento contra racismo nos EUA, sob protestos de ativistas dos direitos dos animais
Foto: Twitter/iGrootman

Em 28 de dezembro, um tumulto se instaurou na Fourth Beach, em Clifton, Nova Jersey, nos EUA, quando manifestantes chegaram com uma ovelha, que foi sacrificada para exorcizar o “demônio do racismo”.

Ativistas dos direitos dos animais protestaram quando a ovelha chegou. Um deles segurava um cartaz que dizia “Acabem com o racismo, mas não matem a ovelha”.

Um dos líderes da manifestação, Chumani Maxwele, ex-ativista do movimento Rhodes Must Fall, conduzia o ritual.

“Vamos desamarrar a ovelha e levá-la ao oceano para despertar o espírito de Nxele. O espírito de Nxele está neste oceano. Fora brancos racistas, fora!”, gritou ele.

Maxwele referia-se ao guerreiro xhosa Makhanda, que morreu no Natal de 1819. Durante as Guerras Xhosa, ele instigou um ataque contra a guarnição britânica em Grahamstown.

Em seguida, Maxwele cortou a garganta da ovelha enquanto outros manifestantes queimavam incensos. Ele declarou: “Hoje, a dignidade das pessoas negras foi restaurada. Esta é uma oferenda para nossos ancestrais. A ovelha será abatida e consumida aqui”.

Uma ativista dos direitos dos animais começou a gritar contra um dos manifestantes, supostamente dizendo que “a única coisa que você sabe fazer é matar”. Ela foi atingida no peito por uma sandália jogada por um manifestante e alega que seu celular foi roubado.

O local foi dominado por palavras de baixo calão quando ela e os manifestantes começaram a brigar sobre seus direitos de estar na África do Sul.

(Aviso: o vídeo abaixo contém linguagem forte)

https://twitter.com/IamYssYMasH/status/1078697142754205701

O prefeito da Cidade do Cabo, Dan Plato, recorreu à polícia sobre o abate, e disse que oficiais municipais haviam informado que era ilegal matar a ovelha sem uma autorização.

Um representante da polícia disse que a situação poderia ficar fora de controle no caso de uma intervenção oficial. Ele explicou que os manifestantes também reivindicaram seus direitos constitucionais, religiosos e culturais, e que não era papel da polícia tomar decisões constitucionais.

Ele apontou que abates rituais acontecem regularmente em praias como Monwabisi, em Khayelitsha, e que a polícia não intervém nesses casos.

O protesto realizado nesse dia, bem como o outro previsto para o dia seguinte, ocorreram após dias de revolta crescente contra a retirada de banhistas negros da praia na tarde de domingo, 23 de dezembro, por seguranças particulares.

O vice-ministro da Polícia, Bongani Mkongi, que compareceu a esse protesto, disse que vai “pegar pesado” contra a empresa de segurança Professional Protection Alternatives e a Cidade do Cabo por conta do incidente de domingo.

Por Philani Nombembe / Tradução de Camila Uemura

Fonte: Times Live

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