Em 28 de dezembro, um tumulto se instaurou na Fourth Beach, em Clifton, Nova Jersey, nos EUA, quando manifestantes chegaram com uma ovelha, que foi sacrificada para exorcizar o “demônio do racismo”.
Ativistas dos direitos dos animais protestaram quando a ovelha chegou. Um deles segurava um cartaz que dizia “Acabem com o racismo, mas não matem a ovelha”.
Um dos líderes da manifestação, Chumani Maxwele, ex-ativista do movimento Rhodes Must Fall, conduzia o ritual.
Residents protesting against the imminent slaughter pic.twitter.com/bwMJMMdQxX
— Leigh-Anne Jansen (@LA_JANSEN) December 28, 2018
“Vamos desamarrar a ovelha e levá-la ao oceano para despertar o espírito de Nxele. O espírito de Nxele está neste oceano. Fora brancos racistas, fora!”, gritou ele.
Maxwele referia-se ao guerreiro xhosa Makhanda, que morreu no Natal de 1819. Durante as Guerras Xhosa, ele instigou um ataque contra a guarnição britânica em Grahamstown.
Em seguida, Maxwele cortou a garganta da ovelha enquanto outros manifestantes queimavam incensos. Ele declarou: “Hoje, a dignidade das pessoas negras foi restaurada. Esta é uma oferenda para nossos ancestrais. A ovelha será abatida e consumida aqui”.
Uma ativista dos direitos dos animais começou a gritar contra um dos manifestantes, supostamente dizendo que “a única coisa que você sabe fazer é matar”. Ela foi atingida no peito por uma sandália jogada por um manifestante e alega que seu celular foi roubado.
O local foi dominado por palavras de baixo calão quando ela e os manifestantes começaram a brigar sobre seus direitos de estar na África do Sul.
(Aviso: o vídeo abaixo contém linguagem forte)
#ReclaimClifton
Our Ancestors must be proud💪 we taking em head on… pic.twitter.com/7yyRXI7NbB— stop staring at my Avi.😋 (@IamYssYMasH) December 28, 2018
O prefeito da Cidade do Cabo, Dan Plato, recorreu à polícia sobre o abate, e disse que oficiais municipais haviam informado que era ilegal matar a ovelha sem uma autorização.
Um representante da polícia disse que a situação poderia ficar fora de controle no caso de uma intervenção oficial. Ele explicou que os manifestantes também reivindicaram seus direitos constitucionais, religiosos e culturais, e que não era papel da polícia tomar decisões constitucionais.
Ele apontou que abates rituais acontecem regularmente em praias como Monwabisi, em Khayelitsha, e que a polícia não intervém nesses casos.
Clifton protesters at sunset on December 28, 2018, after a sheep was slaughtered in a cleansing ceremony. Video by Dan Meyer pic.twitter.com/XNyQybB2Z9
— David Chambers (@daveincapetown) December 28, 2018
O protesto realizado nesse dia, bem como o outro previsto para o dia seguinte, ocorreram após dias de revolta crescente contra a retirada de banhistas negros da praia na tarde de domingo, 23 de dezembro, por seguranças particulares.
O vice-ministro da Polícia, Bongani Mkongi, que compareceu a esse protesto, disse que vai “pegar pesado” contra a empresa de segurança Professional Protection Alternatives e a Cidade do Cabo por conta do incidente de domingo.
Por Philani Nombembe / Tradução de Camila Uemura
Fonte: Times Live