PAN propõe alternativas ao uso de cobaias em Portugal; cultivo de tecidos é uma das vias

PAN propõe alternativas ao uso de cobaias em Portugal; cultivo de tecidos é uma das vias
Murganhos e ratos são os mais usados.

A utilização de animais para fins científicos continua a gerar polémica e a dividir meio mundo. As chamadas cobaias têm vindo a diminuir quase de forma generalizada nos últimos anos, especialmente devido à proibição do seu uso na indústria de cosméticos em muitos países, e também por força dos confinamentos decorrentes da pandemia de covid-19, mas os números são ainda muito altos. Só na União Europeia foram utilizados mais de 6,5 milhões de animais em 2020 – e em Portugal a tendência, que estava a ser decrescente, voltou agora a aumentar.

Dada esta realidade, o Partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) apresentou a 24 de abril – Dia Internacional do Animal de Laboratório, desde 1979 – uma proposta para criar formas de poupar as cobaias ao sofrimento das experiências científicas.

“Neste dia do Animal de Laboratório, reforçamos o nosso compromisso na luta por uma investigação sem sofrimento animal. Por isso, demos entrada de uma iniciativa que pretende criar o primeiro centro de investigação em Portugal com modelos alternativos aos animais”, revelou nas suas redes sociais o partido liderado por Inês Sousa Real.

Entre as alternativas existentes, “é possível optar por modelos computacionais de análise de registo, cultivo de tecidos em laboratório e entre muitos outros”, sublinhou o PAN, que espera com esta iniciativa poder defender melhor a chamada ciência ética.

Cosméticos e higiene pessoal fora das experiências

Desde 2013 que está proibido na União Europeia – uma decisão que tem vindo a ser seguida por outros países, estando o Brasil entre os mais recentes – o uso de animais vertebrados, como cães, coelhos e ratos, em testes de cosméticos e produtos de higiene pessoal.

Em Portugal, o Decreto-Lei n.º 113/2013 visa “garantir que o número de animais utilizados para fins experimentais ou outros fins científicos seja reduzido ao mínimo” e que “esses animais sejam adequadamente tratados e que não lhes sejam infligidos dor, sofrimento, aflição ou dano duradouro desnecessários”. Nesse mesmo ano de 2013 deixou também de ser permitido no nosso país o uso de animais em testes de novos ingredientes para cosmética e o recurso a macacos em experiências.

A Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) é, em Portugal, a autoridade responsável pela fiscalização dos estabelecimentos e garantia de aplicação das melhores práticas, que aplica as devidas taxas.

Experimentação em animais aumentou de novo em Portugal

Portugal faz parte da Associação Europeia de Investigação Animal (EARA, na sigla original), entidade que comunica e defende a investigação biomédica com recurso a animais, fornecendo informações concretas essa mesma investigação. O último relatório da União Europeia, divulgado este mês, indica que nos 27 países da UE foram usados 6,52 milhões de animais na investigação científica, médica e veterinária no ano de 2020.

Por cá há números mais recentes. Segundo os dados da DGAV, publicados em fevereiro, no ano de 2021 foram usados em Portugal 77.835 animais para fins científicos, o que revela uma inversão da rota descendente que se vinha a observar nos últimos anos, já que em 2020 tinham sido usados 65.966 animais para esses fins, contra 79.447 em 2019 e 81.107 em 2018 (o último ano em que se tinha registado um aumento, depois de em 2017 terem sido usados 52.983 para condução de experiências).

A maioria dos animais a que se recorreu em Portugal para estes fins foram murganhos – semelhantes aos ratos, mas mais pequenos, com a cauda peluda e focinho triangular (e não pontiagudo como o dos ratos).

Percorra a galeria para saber mais sobre as experiências científicas em cobaias.

Por Alexandra Ferreira

Fonte: Pit / mantida a grafia lusitana original

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