Pantanal tem 14 cidades em emergência, mais incêndios e mortes de animais no MS; veja vídeo

Pantanal tem 14 cidades em emergência, mais incêndios e mortes de animais no MS; veja vídeo
Onça é resgatada após fugir do incêndio e se proteger em banheiro. Foto: Instituto Homem Pantaneiro/Divulgação / Estadão

Incêndios voltaram a atingir o Pantanal, um dos biomas mais ameaçados do país, em Mato Grosso do Sul. Nesta quinta-feira, 21, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) decretou situação de emergência em 14 municípios da região.

Os focos apareceram na região do Abobral, no entorno do Parque Estadual Pantanal Rio Negro, uma reserva ambiental. Na manhã desta quinta, uma equipe do Corpo de Bombeiros Militar se deslocou para a área, em apoio às brigadas que já atuam na região.

Conforme o Centro de Proteção Ambiental dos Bombeiros, entre 1º de junho e 17 de julho, os incêndios destruíram 84 mil hectares de vegetação no Pantanal sul-mato-grossense, que vive um novo período de forte estiagem.

Já há informações de mortes de animais devido à seca e às queimadas. Um vídeo que circula em redes sociais mostra mais de uma dezena de jacarés disputando a água que caía de um bebedouro de gado, na fazenda Sagrado, no município de Corumbá. Na imagem, é possível ver que os répteis estão magros e alguns aparentam estar mortos.

Outros animais, como uma sucuri e uma onça-pintada, foram salvos de incêndios.

O decreto de emergência abrange os municípios de Corumbá, Ladário, Miranda, Aquidauana, Porto Murtinho, Sonora, Rio Verde de Mato Grosso, Coxim, Bodoquena, Jardim, Bonito, Anastácio, Corguinho e Rio Negro afetados por desastre classificado como incêndio florestal – queimadas em parques, áreas de proteção ambiental e áreas de preservação permanente nacionais, estaduais ou municipais. A emergência entra em vigor nesta sexta e tem duração de seis meses.

Conforme o governo, o decreto foi motivado pela intensa estiagem que já dura mais de 25 dias e o aumento em focos de incêndios em Mato Grosso do Sul. Dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, apontam já no primeiro semestre de 2022, em relação ao mesmo período de 2021, um aumento de 215,5% de área queimada nas unidades de conservação da bacia do Rio Paraguai, que banha o Pantanal, e de 400% em terras indígenas.

A estimativa de área queimada do Corpo de Bombeiros Militar, referente ao período de 1º de junho a 17 de julho, aponta que no Estado todo já foram queimados 132.525 hectares. O município de Corumbá lidera com 60 mil hectares destruídos, seguindo de Porto Murtinho, com 20 mil hectares.

No mesmo período, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram registrados 2.165 focos de queimadas na região, sendo 977 apenas em Corumbá. Já Porto Murtinho teve 368 focos e Aquidauana 201. Sem uma gota de chuva há 25 dias na região, um boletim do Centro Nacional de Monitoramento de Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) indica a permanência de seca moderada a severa em Mato Grosso do Sul nos próximos 30 dias.

Animais são afetados

A seca e os incêndios no Pantanal vêm produzindo imagens desoladoras de animais acuados pelas chamas ou morrendo de sede. Na noite de 28 de junho, uma onça-pintada que fugia dos incêndios invadiu o 17º Batalhão do Exército, em Corumbá.

Uma equipe do Felinos Pantaneiros do Instituto Homem Pantaneiro foi mobilizada para ajudar no resgate. Foi preciso anestesiar o animal, um macho adulto, pesando 115 quilos, que se refugiou em um banheiro. Ele não estava ferido e foi solto em área de mata livre de incêndios.

No dia 16 de julho, os bombeiros resgataram uma sucuri que estava cercada por um incêndio na região do Abobral, próximo ao parque estadual Pantanal do Rio Negro. O réptil foi solto em área distante do fogo.

Onça é resgatada após fugir do incêndio e se proteger em banheiro. Foto: Instituto Homem Pantaneiro/Divulgação / Estadão

Esta semana, o vídeo dos jacarés se esbaldando no barro em busca da água que caía de um bebedouro de gado repercutiu nas redes sociais. As imagens foram captadas pelo funcionário da fazenda Sagrado e postadas em sua rede social por Hugo Tognini, morador de Campo Grande.

Ao jornal Campo Grande News, Tognini disse que o vídeo é bem recente e reflete a situação no bioma. “Muita gente não acredita que o Pantanal está seco assim, mas o único Pantanal que teve água de chuva este ano foi o de Paiaguás, além de parte do Pantanal de Nhecolândia”, disse ao jornal.

Por José Maria Tomazela

Fonte: Terra

Os comentários abaixo não expressam a opinião da ONG Olhar Animal e são de responsabilidade exclusiva dos respectivos autores.