Peixe-boi achado debilitado tem boas chances de sobreviver, mas precisa de cuidados por 2 anos
O Bioparque da Amazônia, localizado na Zona Sul de Macapá (AP), recebeu nesta terça-feira (15) o filhote de peixe-boi resgatado no domingo (13), no arquipélago do Bailique, distrito da capital. O animal foi batizado de “Buriti”, se recupera bem, mas deve ser cuidado por, no mínimo, 2 anos pela fundação, até poder ser solto no habitat novamente.
O acolhimento no parque foi uma exceção aberta pelo Ministério Público do Amapá (MP-AP), que havia recomendado na semana passada que o Bioparque deixasse de receber animais silvestres resgatados. Para o órgão, o espaço não tem espaços adequados para animais.
A destinação de “Buriti” chegou a depender de instituições de outros estados, já que no Amapá o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) não recebe animais há 2 anos por falta de veterinário, segundo o Batalhão Ambiental.
O G1 entrou em contato com o MP-AP e o Ibama para solicitar esclarecimentos quanto ao “passo atrás” na decisão e à falta de veterinário no Cetas e, até a última atualização desta reportagem, não houve retorno de ambos os órgãos.
De acordo com Marina Bezerra, veterinária do Bioparque, o animal chegou com algumas escoriações, os olhos inflamados e um problema intestinal. Ela destacou que o “peixinho” é monitorado 24 horas por dia.
“Acreditamos que, por ele ter recebido leite integral na comunidade ribeirinha, isso fez um pouco mal para ele, pois a dieta dele deve ser feita com leite sem lactose. Ele ainda é um bebê recém-nascido, pois vemos o traço do cordão umbilical na barriga dele”, detalhou.
Danielle Lima, bióloga do Instituto Mamirauá, voluntária no tratamento do animal, contou que a recuperação de “Buriti” está progredindo satisfatoriamente e que as chances dele sobreviver são altas.
Ela falou que o animal só deixa de mamar aos 2 anos de idade. Por enquanto, ele foi colocado em uma pequena piscina, mas o espaço deve ser adaptado de acordo com o crescimento do filhote.
“Na medida em que eles vão crescendo, nós vamos realocando para piscinas maiores, onde nós fazemos a readaptação com leite e vegetais, para que eles possam estar preparados a voltar para a natureza”, esclareceu Danielle.
Resgate
Um grupo de ribeirinhos, voluntários especializados e servidores de instituições de meio ambiente resgataram e cuidaram do filhote de peixe-boi encontrado bastante debilitado no Arquipélago do Bailique.
A situação do animal preocupou, principalmente por ser uma espécie ameaçada de extinção. O filhote foi encontrado por um pescador numa comunidade ribeirinha chamada Buritizal, que integra o arquipélago, e por isso, o nome dado ao filhote.
O animal foi transferido de embarcação e acolhido na sede do Batalhão Ambiental da Polícia Militar (PM) do Amapá, em Santana, a 17 quilômetros de Macapá, para receber atendimento especializado, onde ficou até o início da manhã desta terça-feira.
Por Caio Coutinho
Fonte: G1