Por dia, três denúncias de maus-tratos a animais são registradas na Grande Vitória, ES

Por dia, três denúncias de maus-tratos a animais são registradas na Grande Vitória, ES
Os filhotes Iago, Lilica e Bruce foram resgatados no município de Vitória. Foto: Chico Guedes

De janeiro a junho deste ano, as prefeituras de Vitória, Vila Velha e Serra receberam 572 denúncias de maus-tratos a animais. São, em média, três denúncias por dia de situações como abandono, agressão e privação de liberdade e de alimentação de cães e gatos. O número é alto, mas a realidade é ainda mais preocupante, já que muitos casos não chegam a ser denunciados ou não passam pelo conhecimento do poder público.

Maltratar animal é crime, com pena de detenção de três meses a um ano. As investigações cabem à delegacia de Meio Ambiente, que pode ser acionada pelo disque-denúncia 181. As prefeituras de Vitória e Serra também aplicam multas quando constatam a situação e localizam o agressor. Na Serra, o valor varia de R$ 200 a R$ 200 mil por animal. Já em Vitória, vai de R$ 500 a R$ 3 mil por animal.

O subsecretário de Qualidade Ambiental e Bem-Estar Animal de Vitória, Ademir Barbosa Filho, explica que, após recebida a denúncia, uma equipe vai ao local checar. Só neste ano, a prefeitura recebeu 218 denúncias. “Muitos casos, porém, não procedem. Há situações de vizinhos que ligam incomodados com o latido do cachorro”, cita.

Quando os maus-tratos são constatados, o veterinário da equipe faz um laudo, e o caso é encaminhado para a fiscalização, que volta ao local para multar o responsável. A delegacia de Meio Ambiente também é comunicada.

Xodózinho, Layon e Railander também são exemplos de vítimas de maus-tratos que venceram o abandono. Foto: Chico Guedes

Adoção é saída para vítimas de maus-tratos

Mesmo após a denúncia, o animal, porém, não é recolhido, a não ser que esteja colocando em risco a saúde humana ou precise de socorro. “A gente faz o possível para cessar o dano ali, junto do responsável pelo animal. Não temos uma política de recolhimento de animais, mas quando o animal está ferido, encaminhamos ao abrigo do Centro de Vigilância em Saúde Ambiental, onde eles são tratados e, posteriormente, colocados para adoção”, diz.

No mês passado, a prefeitura criou o portal de Bem-Estar Animal, por meio do qual disponibiliza fotos dos animais para adoção e informa os serviços disponíveis. A prefeitura realiza castração de animais e, até o final deste ano, pretende castrar 5 mil cães e gatos na cidade.

As prefeituras de Vila Velha e Cariacica não contam com abrigos, mas ambas afirmam verificar as denúncias recebidas. Neste ano, Vila Velha recebeu 328 denúncias. Cariacica não informou.

Na Serra, os animais que oferecem risco à saúde humana também são recolhidos, tratados e, depois, devolvidos aos donos ou encaminhados para adoção. Neste ano, a prefeitura recebeu 26 denúncias de maus-tratos, principalmente de cães e cavalos.

Protetores criam rede para acolher os animais

Além das ações das prefeituras e da Polícia Civil, focadas principalmente na responsabilização dos agressores, inúmeras entidades e protetores de animais no estado atuam na defesa de cães e gatos vítimas de abandono e maus-tratos. Um trabalho que cria uma verdadeira rede de proteção, garantindo lares-temporários para os animais resgatados ou retirados das ruas, assistência veterinária e encaminhamento para adoção responsável.

A presidente da Sopaes (Sociedade Protetora dos Animais), Regina Mazzocco, afirma que todos esses cuidados também são de responsabilidade exclusiva do estado, mas que diante da falta de políticas públicas consolidadas na maioria das cidades, muitos voluntários assumem esse papel e acabam se tornando referência para a população.

Só a Sopaes recebe uma média de três a quatro denúncias de maus-tratos por dia, ela explica. “Normalmente, a gente pede que a pessoa informe o nome do denunciado, o endereço e envie uma foto da situação para que possamos comprovar o que está sendo comunicado, e encaminhamos as informações para a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Maus-Tratos a Animais (da Assembleia Legislativa), que tem feito um importante trabalho de investigação”, afirma.

Algumas das situações mais encontradas são animais sem comida, sem água e em locais insalubres e sem higiene adequada.

Para Regina, sem políticas públicas de acolhimento, cuidados e castração dos animais, é difícil reverter essa situação. “Estima-se que cada casal nas ruas represente, em cinco anos, 40 mil animais. A disseminação de doenças cresce junto dessa população, inclusive as zoonoses (doenças transmissíveis ao ser humano)”, alerta.

A Sopaes também promove eventos de adoção em parceria com protetores independentes que têm animais para adoção. O próximo evento acontece nos dias 26 e 27 de julho, a partir das 14h, no Shopping Praia da Costa, em Vila Velha.

Saiba como denunciar os maus-tratos
Vitória.
Pelo telefone 156.

Vila Velha.
Pelo telefone 162.

Serra.
Pelos telefones 9.9951-2321e 0800 283 9780.

Cariacica.
Pelo telefone 162.
Polícia Civil, pelo telefone 181.

Fonte: ES360

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