Produtor rural suspeito de deixar gado morrer por desnutrição já foi multado outras duas vezes pelo mesmo crime

Produtor rural suspeito de deixar gado morrer por desnutrição já foi multado outras duas vezes pelo mesmo crime
Mais de 60 cabeças de gado estavam mortas. — Foto: Reprodução/PMA

O produtor rural multado em R$ 330 mil por deixar centenas de cabeças de gado desnutridas já respondeu por maus-tratos a animais outras duas vezes. Conforme a Inspeção e Defesa Agropecuária de Mato Grosso do Sul (Iagro), o homem foi multado em 2017 e 2021. Nas multas anteriores, ele teve pagar cerca de R$ 70 mil.

Além disso, ele também foi multado pela Iagro por falta de atualização do registro do gado. Conforme o presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Mato Grosso do Sul (CRMV-MS), Thiago Leite Fraga, a legislação considera maus-tratos abandonar, causar dor, sofrimento ou dano ao animal, assim como deixar de buscar assistência médico-veterinária e ou zootécnica quando necessário.

Também é considerado maus-tratos, manter o animal sem acesso adequado à água, alimentação, temperaturas compatíveis às suas necessidades e, inclusive, deixar de adotar medidas que minimizem o desconforto e o sofrimento para os animais.

“Ressalto que somente os médicos veterinários são capacitados para identificar, caracterizar e diagnosticar casos de crueldade, abusos e maus tratos em animais”, afirma Fraga.

O comandante da Polícia Militar Ambiental (PMA), tenente-coronel José Carlos Rodrigues, comenta sobre as motivações do produtor rural. “É complicado um ser humano agir dessa forma”, pontua.

“A gente acredita que seja a ganância, e nos perguntamos, por que não vender? E devido à ganância do proprietário em acreditar que ele vendendo um gado magro, vai vender um gado barato e o que comprou vai engordar e vender mais caro”, opina Rodrigues.

Entendo o caso

O produtor rural de Iguatemi (MS), a 412 km de Campo Grande, foi multado, na quarta-feira (18), em R$ 330 mil por deixar 285 animais em uma propriedade sem alimentação, além de outros crimes ambientais. A Polícia Militar Ambiental (PMA) foi acionada por meio de denúncias e quando chegou ao local encontrou 65 animais já mortos e 11 sem conseguir se levantar.

Os militares ambientais verificaram que a pastagem estava totalmente degradada. “Em grande parte apresentando somente a terra nua sem gramínea e o gado praticamente não conseguia mais retirar alimento”, informou a PMA em nota.

Conforme os policiais, o proprietário rural mantinha os gados sem nenhuma outra forma de alimentação, por descuido. Desta forma, os animais estavam totalmente debilitados, com ossos expostos sob a pele.

De acordo com as autoridades, o fazendeiro cometeu mais um crime ambiental ao abrir a área de vegetação protegida da reserva legal da propriedade para o gado pastar. Contudo, a área estava sem pastagem e o gado, com rapidez, ingeriu a vegetação passível de alimento.

Durante a análise na fazenda, a PMA verificou também que havia diversos processos erosivos no local. Por falta de atividades de conservação do solo, ocorreu a criação de barrancos e outros buracos de diferentes tamanhos.

Ravinas e voçorocas foram encontradas na propriedade. — Foto: Reprodução/PMA
Ravinas e voçorocas foram encontradas na propriedade. — Foto: Reprodução/PMA

A Agência Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) foi comunicada sobre o problema para as providências sanitárias. As atividades da fazenda foram interditadas.

Pelas infrações, a PMA autuou e multou administrativamente o infrator em R$ 285 mil pelos maus tratos ao gado, já pela degradação provocada à vegetação protegida da reserva legal, R$ 25 mil e, R$ 20 mil pelas erosões.

Conforme a PMA, o homem também deve responder por três crimes ambientais. Pelos maus tratos e pela degradação da reserva legal a pena é de três a um ano para cada um e, pela erosão, a pena é de um a quatro anos de reclusão.

Por Renata Barros e Lorena Segala

Fonte: g1

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