Virologista da USP descarta risco de cachorro se contaminar ou transmitir coronavírus para humanos

Virologista da USP descarta risco de cachorro se contaminar ou transmitir coronavírus para humanos
Para especialista, tudo indica que cão foi hospedeiro acidental no país asiático (Foto: Getty Images)

Apesar do resultado positivo para coronavírus no exame feito no cachorro de uma mulher infectada em Hong Kong, não há motivos para donos de animais domésticos ficarem preocupados. É o que diz Paulo Eduardo Brandão, virologista da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP).

Ele destaca que não há evidências da transmissão de cães para humanos e vice-versa. Também avalia que o caso em Hong Kong é isolado e, muito possivelmente, o exame deu positivo porque o cão teve contato com secreções ou superfícies contaminadas.

“O coronavírus permanece dias em superfícies como metal, plástico, vidros. Além disso, a dona do animal e milhares de pessoas ao redor estão com o vírus. Como o teste positivo foi em amostras de saliva, muito possivelmente o cachorro pode ter sido um hospedeiro acidental. Tinha o vírus, mas não desenvolveu a doença. Não é uma ameaça para a saúde dos cães, não há evidências disso”, explica.

Em Hong Kong, as autoridades anunciaram que os animais de estimação de pessoas infectadas ficarão em quarentena por 14 dias. A medida foi tomada após as amostras coletadas na cavidade nasal e oral do cachorro da mulher doente testarem positivo, em níveis muito baixos, para o novo coronavírus.

Brandão ressalta que o coronavírus, pelo que se sabe até então, não é transmitido entre espécies diferentes. “Muitos cães, gatos e outros animais foram testados na China e deram negativo. Mas a gente precisa fazer mais estudos, testar mais animais”, afirma.

Coronavírus canino

O virologista da USP destaca, ainda, que os cachorros já têm o seu “próprio” coronavírus. “O coronavírus canino não é transmitido para humanos e é conhecido há décadas. Causa diarreia e, em casos mais graves, pode provocar mortalidade maior em filhotes. Mas há doenças muito mais perigosas para o cão, como a raiva e a sinomose, por exemplo”, explica.

Brandão observa, ainda, que a prevenção e o tratamento para o coronavírus canino já existem e costumam ser bem-sucedidos. “É uma doença que já tem prevenção incluída na vacinação dos cães. E, no caso de tratamento, geralmente é hidratação, soro endovenoso e, se necessário, anti-inflamatório”, finaliza.

Fonte: Revista Globo Rural


Nota do Olhar Animal: Lamentavelmente, os animais “estimados” são as primeiras vitimas em situações de epidemias como esta, comumente vítimas da desinformação e do egoísmo de tutores. Grande parte dos tutores não hesita em colocar os animais na rua, mesmo que não estejam doentes ou que sequer que possam ser vetores da doença em questão.

As pessoas comumente têm animais perto de si para satisfazer suas próprias necessidades (afetivas, etc.), numa atitude egoísta. Raramente elas trazem os animais para seu convívio como forma de atender às necessidades do próprio animal. Quase nunca é um gesto de solidariedade, respeito, compaixão, o que torna “estimar” mais uma mera forma de exploração animal. Boa parte dos tutores estima mais a si próprio e as suas necessidades, e não considera os interesses dos animais.

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