Biólogo flagra filhote de onça-pintada carregando latinha de cerveja no Pantanal em MT: ‘triste e revoltante’

Biólogo flagra filhote de onça-pintada carregando latinha de cerveja no Pantanal em MT: ‘triste e revoltante’
Biólogo flagra filhote de onça-pintada carregando latinha de cerveja no Pantanal em MT — Foto: Gustavo Gaspari

O que era para ser um registro fantástico da vida selvagem na maior planície alagável do mundo se tornou um momento decepcionante: um filhote de onça-pintada foi flagrado carregando e brincando com uma latinha de cerveja às margens do Rio São Lourenço no Pantanal, em Poconé (MT).

VÍDEO: Biólogo flagra filhote de onça-pintada brincando com lata no Pantanal

A cena foi fotografada nesta quarta-feira (29) por Gustavo Gaspari, biólogo e pesquisador, que andava de barco pelo rio no Parque estadual Encontro das Águas, em no Porto Jofre. Ele estava acompanhado de um grupo de fotógrafos do Rio de Janeiro.

Além da poluição no meio ambiente, os turistas e fotógrafos presenciaram incêndios que atingiram o Pantanal, entretanto, em menor proporção do que em 2020.

Gaspari relatou, em conversa com o g1, que encontrou muito lixo às margens do rio. Para ele, a situação deixa ‘o paraíso do Pantanal um pouco menos espetacular’.

“Confesso que foi extremamente triste e revoltante ver este filhote de onça-pintada brincando uma lata de cerveja, isso transformou um momento maravilhoso em algo mais preocupante. A curiosidade de filhotes (ou crianças) não é novidade para nós, mas observar esse filhote brincando com uma lata, na maior inocência do mundo, jogando a lata de uma pata para a outra, mordendo e correndo com a lata na boca foi um momento perturbador em meio a tanta coisa incrível acontecendo por aqui”, contou.

Em pouco mais de 20 dias trabalhando na pousada, a equipe registrou, pelo menos, 25 diferentes de onça-pintada na região do parque. Entre alguns deles estão quatro fêmeas com dois filhotes cada uma.

Filhote de onça-pintada foi flagrado carregando uma latinha de cerveja às margens do Rio São Lourenço no Pantanal, em Poconé (MT) — Foto: Gustavo Gaspari
Filhote de onça-pintada foi flagrado carregando uma latinha de cerveja às margens do Rio São Lourenço no Pantanal, em Poconé (MT) — Foto: Gustavo Gaspari

Ele lembra que além dos desafios naturais que cada espécie tem que enfrentar, ainda existem diversas formas de pressões assolando a vida da fauna brasileira.

A perda de habitat por desmatamento, queimadas intensas, atividades de caça e a poluição dos rios e do meio ambiente são algumas delas.

“Gostaria muito que as pessoas entendessem a relação entre nossas atitudes e a vida selvagem, nós temos o dever de respeitar ao máximo as outras espécies, afinal não somos donos do mundo e sim fazemos parte de um planeta com relações extremamente frágeis e complexas”, alertou.

Gaspari lembrou que assim como o desmatamento na Amazônia está relacionado a menores taxas de precipitação em outras partes do Brasil e do mundo, o lixo que deixamos de separar e destinar para locais corretos, também pode apresentar influência negativa em algum lugar bem longe do local onde foi descartado.

“Isso me deixa preocupado e extremamente triste, porque somos egoístas ao ponto de destruir a casa, a água e a comida de tantas espécies? Preserve a natureza, viaje por locais novos e veja as semelhanças e diferenças de cada lugar, cada pedaço de terra abriga uma enorme quantidade de vida, essas que estamos destruindo sem controle algum”, finalizou.

O parque

A localidade é conhecida por deter a maior concentração de onças-pintadas do mundo. Turistas do país e do exterior procuram o parque para fazer a observação de onças-pintadas durante passeios de barco.

O Parque Estadual Encontro das Águas fica no encontro dos rios Cuiabá e Piquiri, na região de Porto Jofre, entre Poconé e Barão de Melgaço, municípios a 104 e 121 km de Cuiabá. A reserva tem 108 mil hectares onde é possível ver a exuberância do Pantanal bem de perto.

O melhor período para observar a onça é entre julho e final de setembro, período da seca. Nesses meses as onças ficam mais próximas das margens dos rios em busca de água e caça, então, é mais fácil de deparar com o animal.

Por Denise Soares

Fonte: G1

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