Cadela que sofreu maus-tratos inspira lei que impede ‘fábrica de filhotes’ no Reino Unido

Cadela que sofreu maus-tratos inspira lei que impede ‘fábrica de filhotes’ no Reino Unido
Lucy, cadela que sofreu maus-tratos e era forçada a reproduzir à exaustão em canil no País de Gales. Foto: Instagram/@lucytherescuecavalier

Uma nova lei no Reino Unido, prevista para entrar em vigor em 2020, exige que a compra ou adoção de animais com menos de seis meses de vida seja feita diretamente de criadores ou abrigos. Alguns criadores mantêm fêmeas constantemente prenhes, em condições insalubres. E essa era exatamente a situação de Lucy, uma cadela da raça cavalier king charles spaniel.

Ela foi resgatada em 2013 de um canil no País de Gales. Lá, além dos maus-tratos, a cadelinha era forçada a reproduzir à exaustão. Uma ativista britânica adotou Lucy e ainda conseguiu dar carinho a ela por três anos, quando morreu. Lucy virou o símbolo da campanha contra as ‘fábricas de filhotes’ no Reino Unido. Graças à ação, a legislação sobre a venda de filhotes de cães e gatos deve mudar a partir do ano que vem.

A medida inibe a atuação de terceiros no comércio de animais e criadores que separam os filhotes das mães até os seis primeiros meses de vida. Nas redes sociais, a campanha trouxe imagens de Lucy pedindo o fim dessas práticas.

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A campanha, intitulada Lei Lucy, teve apoio de personalidades britânicas, como o humorista Ricky Gervais. Existem muitas histórias como a da cadelinha. Em 2015, uma família em Sussex foi enganada por uma pessoa que vendia filhote mestiço de nove semanas. O cão foi vendido por R$ 2,4 mil como misto de cavalier king charles spaniel com poodle. No futuro, a família percebeu que a ‘mistura’ não fazia sentido.

O veterinário Marc Abraham, que também participou da campanha, afirma que cães como eles são mantidos por criadores para produzir várias ninhadas de filhotes, que são retirados de suas mães com quatro ou cinco semanas de idade. A partir da Lei Lucy, o tutor só poderá pegar um filhote diretamente de criadores ou abrigos de animais.

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Fonte: Estadão


Nota do Olhar Animal: A separação precoce dos filhotes e a frequência dos cruzamentos são agravantes neste tipo de exploração animal e a nova lei foca nestes aspectos. Mas ela não “proíbe” as “fábricas de filhotes”. Apenas regulamenta a “produção em linha” de cães e gatos, não rompendo com o paradigma da objetificação e da exploração dos animais, tão pouco impede os danos causados, por exemplo, pela própria seleção genética.

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