Cão e gato doentes e inseparáveis são eutanasiados juntos. “Partiram abraçados”

Cão e gato doentes e inseparáveis são eutanasiados juntos. “Partiram abraçados”
Ambos tinham problemas irreversíveis.

Nem Romeu e Julieta viveram um amor tão grande e profundo quanto o do cão Winston e da gata Tilly. De espécies opostas, consideradas inimigas mortais, a dupla mostrou que não precisa ser sempre assim e ambos ficaram de “patas dadas” até o seu último suspiro. Os patudos foram eutanasiados juntos a 7 de março, enquanto descansavam com os corpos agarrados.

“A Tilly e o Winston atravessaram a ponte do arco-íris. Eles partiram juntos, abraçados”, avançou a tutora, Louisa Crook, na rede social Reddit. “Foi tranquilo, gentil e estranhamente lindo que eles estivessem prontos para partirem ao mesmo tempo. Sentirei muita a sua falta, para sempre. Os meus doces velhotes”.

O cão e a gata viveram apenas três anos juntos, mas foi o suficiente para criarem uma relação extremamente especial. Ambos salvos da rua, no Médio Oriente, conheceram-se na casa de Louisa, que se considera uma “protetora independente”.

“Há muitos animais a precisarem de ajuda aqui e ninguém para ajudá-los. Não há associações ou mesmo leis para os proteger”, lamentou à revista “Newsweek”. “Portanto, se vires um cão a precisar de ajuda, tens de o ajudar ou ignorá-lo. Não consigo ignorar”.

Há cinco anos, conheceu a história de Winston através de uma publicação no Facebook. Tudo indica que o cão, já adulto na altura, passou a vida inteira a viver na rua. Quando Louisa o acolheu, sofria de uma infeção na pele, estava subnutrido, e tinha o corpo e uma das patas dianteiras magoados, provavelmente após ter sido vítima de um atropelamento.

“Pensávamos que talvez ficaríamos uns seis meses com ele, mas quando passou um ano, depois outro e outro, ficámos nas nuvens”, referiu. “Ele era muito durão”. Dois anos depois da chegada do cão, Louisa salvou Tilly, de uma situação de negligência semelhante. A felina vivia presa numa divisão de uma propriedade e os seus então donos “não se importavam”. Foi só quando deixaram o país que a salvadora conseguiu recolhê-la.

Winston e Tilly conheceram-se há três anos.
Winston e Tilly conheceram-se há três anos.

A gata, na altura, tinha um ferimento grave na cabeça e Louisa pensava que não iria resistir. “Estava mesmo muito mal”, recordou. “Mas conseguimos curá-la”. Nos primeiros dias, a voluntária teve receio em apresentar a nova integrante ao cão ainda traumatizado. E o primeiro encontro não correu como o esperado.

“Ele era um velho mal-humorado, muito obstinado. Tenho a certeza de que foi atormentado por gatos na zona industrial onde vivia, por isso, provavelmente pré-julgou a Tilly”, sublinhou. “Ela foi muito gentil e paciente com ele.” Com o tempo, o canídeo não só se habitou à presença da felina, mas também desenvolveu um afeto muito especial por ela.

“No ano passado, eles passavam todos os dias abraçados”, afirmou. “A Tilly era uma gata muito próxima de todos os meus cães, mas parecia gostar mais do Winston.” Contudo, os problemas de saúde de ambos começaram a agravar-se. Ela tinha o fígado afetado e não “havia muito que se podia fazer” para a ajudar. Ele sempre sofreu de problemas cardíacos, que começaram a piorar na mesma altura que os de Tilly.

Quando os levou a uma última consulta ao veterinário, Louisa sabia que não tinha volta a dar e tomou a decisão de os colocar a dormir. “É difícil quando temos de fazer esta escolha”, confessou. “Tenho bastante experiência com animais e sei como é o prognóstico ou a progressão. Não podes esperar até o animal estar em agonia para decidir”.

Na última consulta, o cão estava “muito assustado” na clínica. Mas quando se reuniu com a companheira felina, que se deitou no seu peito como estava habituada a fazer, ficou “visivelmente mais calmo” e conseguiu relaxar antes de ambos serem eutanasiados, naquela mesma posição. “É horrível colocar qualquer animal de estimação a dormir, mesmo quando é necessário, mas esta foi uma maneira profundamente linda de dizer adeus”.

De seguida, carregue na galeria para ver o amor que tinham um pelo outro.

Por Izabelli Pincelli

Fonte: Pets in Town / mantida a grafia lusitana original

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