Com mais de 2 mil animais acolhidos e afundada em dívidas, Suipa está prestes a fechar as portas

Com mais de 2 mil animais acolhidos e afundada em dívidas, Suipa está prestes a fechar as portas
Marcelo Mattos, presidente da Suipa (apontando), e à direita o vereador Doutor Marcos Paulo Foto: Divulgação

A Sociedade União Internacional dos Animais (Suipa), que acolhe atualmente mais de 2 mil bichos resgatados das ruas no Rio, pode fechar as portas nos próximos dias. A ONG, que funciona há 78 anos sem qualquer auxílio financeiro da prefeitura ou do governo do estado, está afundada em uma dívida de cerca de R$ 54 milhões. Nesta sexta-feira, representantes da entidade procuraram a Comissão de Saúde Animal da Câmara Municipal em busca de apoio.

Para tentar se manter operando, a Suipa vem intensificando os pedidos de doações, que caíram muito durante a pandemia. Em contrapartida, o número de animais abandonados pelas ruas cresceu exponencialmente desde a chegada da Covid-19, demandando ainda mais trabalho por parte da entidade.

Neste sábado, quem quiser ajudar os animais abrigados na ONG pode levar doações de ração, medicamentos e material de higiene a uma feira de adoção que acontecerá próximo ao antigo Hotel Glória, na Zona Sul do Rio, das 9h às 15h. No local, também será possível adotar cães e gatos resgatados das ruas, todos chipados, vacinados e castrados. Os visitantes poderão ainda adquirir produtos com a marca da Suipa, ONG que mais acolhe animais abandonados na cidade do Rio.

— Nossos animais consomem quase 1 tonelada diária de ração. Não recebemos qualquer recurso público, vivemos apenas das doações da população. Temos cerca de cem funcionários admitidos em regime de CLT e há meses enfrentamos grandes dificuldades em manter o pagamento dos salários das pessoas que cuidam dos nossos animais. Chegamos a um ponto em que ou pagamos nossos profissionais, ou alimentamos os animais abrigados. Nossa situação é gravíssima e precisamos de ajuda com urgência — explica Marcelo Mattos, presidente da Suipa.

Sem nenhum apoio governamental, a situação da instituição começou a se agravar na década de 90, quando o governo federal tirou da Suipa os títulos de Utilidade Pública Federal e de entidade filantrópica. A mudança gerou encargos que, somados ao grande número de animais abandonados na cidade e à progressiva redução no número de doadores, criaram um ambiente administrativo insustentável.

Em 2010, a Suipa tinha 14 mil associados. Atualmente, o número encontra-se em menos da metade: são apenas 6 mil. Para o vereador Doutor Marcos Paulo, presidente da Comissão de Saúde Animal da Câmara, a Prefeitura do Rio tem a obrigação de ajudar a instituição. Para o parlamentar, a ONG tem, ao longo dos anos, cumprindo um papel que, na verdade, seria uma obrigação legal do poder público.

— Há quase 80 anos a Suipa vem tapando o enorme rombo deixado pela Prefeitura do Rio, que tem a obrigação constitucional de cuidar dos animais desta cidade. A prefeitura tem que ajudar a entidade a passar por esse momento difícil, não existe segunda opção. Ou é isso ou a Suipa fecha as portas e teremos 2.100 animais sem comida, sem cuidados veterinários e sem qualquer condição de sobrevivência — afirma Marcos Paulo.

Fonte: Extra

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