Hospital veterinário é inaugurado em Belo Horizonte (MG) para atender cães e gatos

Hospital veterinário é inaugurado em Belo Horizonte (MG) para atender cães e gatos
Atendimentos serão realizados no bairro Carlos Prates. Foto: Alex de Jesus

Com 2 anos e meio, o cão Petruchio está com suspeita de um tumor no focinho. Há um mês, a tutora dele, a agente de saúde Flávia Regina, de 52, levou o animal a uma clínica veterinária e os valores apresentados foram altos: R$ 680 de consulta e exames e R$ 380 de medicamento. Flávia comprou os remédios e, agora, poderá iniciar o tratamento, de forma gratuita, no Hospital Público Veterinário, no bairro Carlos Prates, região Noroeste da capital. O espaço foi inaugurado nesta segunda-feira (8).

“O hospital chegou em uma boa hora, nessa época de pandemia a gente quase não tem  recursos para tratar dos nossos pets. O tratamento é bem mais caro que o de um humano. Há três meses Petruchio está sofrendo muito, e esse hospital caiu do céu, a gente tem para onde ir”, explicou.

O hospital, idealizado pelo deputado Osvaldo Lopes (PSD-MG), vai atender gratuitamente cães e gatos de tutores de baixa renda, pessoas em situação de rua, ongs e protetores de animais independentes.

Por dia serão distribuídas 30 senhas, e o atendimento será por ordem de chegada. Os responsáveis pelos animais devem levar comprovante de residência de Belo Horizonte e comprovante de inscrição em algum programa social. Caso não tenha, o tutor poderá assinar no espaço um termo de hipossuficiência, popularmente conhecido como atestado de pobreza. 

Segundo o parlamentar, Belo Horizonte tem, atualmente, cerca de 50 mil cães abandonados. O número em todo o Estado passa de um milhão, ainda conforme ele. “É uma alegria essa inauguração, a expectativa é excelente, todo o sonho da proteção animal está aqui dentro. Hoje temos uma estrutura de primeiro mundo montada e equipada para o atendimento”, afirmou. 

Estrutura 

No espaço serão realizadas consultas, exames, cirurgias e castrações. Foram montados três consultórios, uma sala de emergência, duas salas de internações para cães e gatos, duas enfermarias, um laboratório, bloco cirúrgico com áreas de pré e pós-operatório, corredores comum e estéril e salas de raio X, laudo, ultrassom e esterilização. 

“Inicialmente, o hospital é estruturado, montado e equipado com emenda parlamentar de minha autoria. A prefeitura pode participar e será sempre bem-vinda porque vamos ter condições de ampliar o número de atendimentos”, afirmou.

Ao todo, 12 veterinários da capital fazem parte da equipe e outros dez de São Paulo também vão participar da ação. Segundo o executivo de operações da Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais (Anclipeva),  Delano Aníbal da Silva, atendimentos de urgência também serão realizados. Casos de risco de mortes serão feitos independentemente se o tutor tiver ou não baixa renda.

“Geralmente, as senhas esgotam no início da manhã, e, na parte da tarde, são agendadas as cirurgias após as consultas e determinações dos veterinários. As senhas são distribuídas para atendimento no mesmo dia”, destacou.

Exames

Os resultados dos exames de sangue realizados no espaço podem sair no mesmo dia, assim como o raio X e ultrassom. “As senhas serão distribuídas de segunda a sábado. Teremos clínica médica, cirúrgica, internação e infectologia. Teremos as cirurgias ortopédicas, de tecidos moles, cirurgias oncológicas, exames de função renal,  função hepática, hemograma, proteína e vamos priorizar as cirurgias de emergência”, disse o veterinário Luiz Oliveira Júnior. 

Hospital traz alívio para tutores

A dona de casa Shirlei Pereira Reis, de 50 anos, levou a pastor alemão Branca, de 4, para a inauguração do hospital depois da cadela amanhecer com diarreia e vômito. Foi realizado o cadastro do animal e, posteriormente, seria chamada para a consulta.

“Tenho sete cachorros, dois gatos e passarinhos. Pego animais que estão na rua, e esse hospital é essencial. Depois vou trazer uma gatinha para castrar. Fora outros gatos que estão na lista. Tem que parar com essa onda de abandonar animal”, contou. 

Há alguns meses Flip, de 2 anos, fugiu da oficina do tutor, brigou com outro cão e teve uma lesão na cabeça. Passando pela rua, Leonardo Júnior, de 32, viu o hospital e resolveu levar o bicho de estimação. 

“Levar o cachorro ao veterinário custa muito. Aqui fiz a ficha dele, ele passou pela pesagem e apresentei o cartão de vacina. Agora é esperar ser chamado para o ferimento ser avaliado”, finalizou.

O Hospital Veterinário está localizado na rua Bom Sucesso, 731, no bairro Carlos Prates. 

Maus-tratos e abandono de animais

De acordo com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), no ano passado, foram registrados 2.518 casos de maus-tratos a animais em Minas Gerais, sendo 274 em Belo Horizonte. Em 2019 foram 2.056, sendo 229 na capital. Os dados deste ano ainda são compilados pela pasta.

De acordo com a Patrulha Ambiental da Guarda Municipal da capital, em 2019, 37 animais foram abandonados em via pública. No ano passado foram 57 e neste ano 11. Os animais recolhidos são levados ao Centro de Controle de Zoonoses da prefeitura, ao Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) ou ao Ibama, de acordo com cada caso. 

A Polícia Civil orienta que qualquer tipo de crime contra animais deve ser denunciado. A denúncia pode ser feita na delegacia mais próxima do cidadão ou através do canal Disque Denúncia 181.

Por Carolina Caetano 

Fonte: O Tempo

Os comentários abaixo não expressam a opinião da ONG Olhar Animal e são de responsabilidade exclusiva dos respectivos autores.