Onda devastadora da covid deixa animais desamparados

Onda devastadora da covid deixa animais desamparados
Marynes Silva do Abrigo Adorável Vira-Lata Proteção e Amor : "A gente tem sentido um aumento de 70% em relação aos pedidos de ajuda". Kamá Ribeiro/ Correio Popular

Se há uma carência de dados estatísticos oficiais sobre abandono de animais no Brasil, não foi durante a pandemia que essa lacuna foi suprida. Porém, foi justamente neste cenário de dificuldades sanitárias e socioeconômicas que o abandono de pets e casos de maus-tratos foram constatados com mais frequência nas ruas e mesmo dentro das casas, informa o Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo (CRMV-SP). E, em Campinas (SP), não tem sido diferente.

“Tá desesperadora a situação. São 30, 40 pedidos de ajuda por dia, que chegam de todo quanto é lado. É um problema muito, muito grave. E não é só de abandono. É ninhada pra todo lado. Ninguém castra. Enquanto a população não se conscientizar da necessidade de castração, a gente não vai sair desse buraco”, desabafa a protetora Carolina Pimenta, presidente da Amor de Bicho – ONG que tem hoje 160 cães para adoção.

No Abrigo Adorável Vira-Lata Proteção e Amor, a situação é semelhante. “Desde o ano passado, a gente tem sentido um aumento de 70% em relação aos pedidos de ajuda. Agravou a situação financeira, e as pessoas começaram a abandonar os animais. E a gente também sente as consequências da pandemia, porque a ajuda diminuiu. Hoje o nosso projeto passa por uma grande dificuldade. A gente está com 50 cães, e tá muito difícil”, afirma a presidente Marynes Silva.

“Por outro lado, a gente percebeu também que houve um pequeno aumento no número de adoções porque as pessoas estão se sentindo sozinhas com o distanciamento social, e vendo no animalzinho uma companhia. Mas, o abandono está bem maior do que a adoção”, acrescenta a protetora.

Um dos sortudos que conseguiu um lar durante a pandemia foi o cãozinho Dante, que havia sido resgatado pela Amor de Bicho. A família da professora Paula Colombo Missiato foi quem o adotou. O irmão de Paula sofreu um acidente de carro, pegou covid e foi desenganado pelos médicos, antes de morrer. O sonho dos irmãos era ter um cachorro descabeladinho, e eles o encontraram no Instagram da ONG.

“Posso dizer, com toda a certeza, que foi a melhor escolha que eu fiz. Ele percebeu que a gente precisava mais dele do que ele da gente. Na verdade, não foi a gente que resgatou o Dante. Foi ele quem nos resgatou. E eu recomendo a todos: se tiverem oportunidade, e se quiserem receber amor, que adotem um bichinho”. Dante é superprotetor e não desgruda da mãe de Paula, dona Iorli.

Abandono de pets pode dar multa e até prisão

Antes de adotar ou comprar um pet, é preciso compreender que animais requerem cuidados e que são de responsabilidade dos tutores até o fim da vida. Além de uma prática cruel, abandonar animal é crime, conforme a Lei Federal nº 9.605/98, que estabelece pena de prisão e multa, que podem ser aumentadas se o ato resultar na morte do bicho.

Engana-se quem acredita que o abandono se restringe ao ato de colocá-lo fora de casa. Negligência com as necessidades primordiais também configura o crime. Entende-se por abandono manter o pet acorrentado, isolado, sem alimentação adequada, impedindo-o de manifestar comportamentos inerentes à espécie e mantendo-o em más condições de higiene e saúde.

“Além da necessidade de assistência médica-veterinária periódica e ambiente limpo e confortável, para a saúde e bem-estar, os animais precisam interagir e brincar. Portanto, os tutores devem dispor dessa atenção”, afirma a médica-veterinária Cristiane Schilbach Pizzutto, presidente da CTBA/CRMV-SP.

Ela explica que os animais são seres sencientes, o que quer dizer que são passíveis de sofrimento a partir dos estímulos que recebem. Neste contexto, é preciso ter claro que um animal, além de despesas, demanda dedicação, tempo, carinho, além de exigir que os tutores estejam sempre sensíveis para observar o que está sinalizando com seu comportamento.

AMOR E PROTEÇÃO Guarda-responsável 

  • Assistência médica-veterinária periódica ou sempre que o animal precisar;
  • Alimentação adequada;
  •  Água limpa à vontade;
  • Ambiente limpo e confortável (se em área externa, protegido de sol e chuva);
  • Vacinações anuais;
  • Controle e prevenção contra vermes, pulgas e carrapatos;
  • Castração;
  • Momentos reservados todos os dias para passeios e brincadeiras;
  • Compreensão dos comportamentos inerentes à espécie.

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Por Raquel Valli

Fonte: Correio Popular

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