Juíza concede proteção a Ely, a elefante mais triste do mundo
Uma juíza federal concedeu nesta quinta-feira (03) proteção à elefante Ely, o que obriga o governo federal e a Cidade do México a cuidar dela e garantir ótimas condições de vida, e que atualmente ela não possui no Zoológico de San Juan de Aragón, de acordo com organizações em defesa dos animais.
Num acontecimento inédito, a Décima Juíza Distrital em Assuntos Administrativos da Cidade do México, Elizabeth Trejo Galán, proferiu a sentença a favor da elefante, que é representada pelo advogado Marcos Mario Czacki Halkin.
“É oportuno conceder o amparo e proteção da justiça federal, a fim de conseguir a implementação das medidas necessárias para garantir o bem-estar da elefante, bem como as suas condições de vida e proteção; isto, com o objetivo de prevenir, alertar, controlar e monitorar as ações tomadas relacionadas ao bem-estar de Ely, a fim de prevenir impactos em sua saúde”, afirma a decisão, emitida desde 30 de abril.
É a primeira vez que um juiz federal emite uma decisão a favor de Ely; a proteção ordena a realização de vários estudos para identificar se a elefante apresenta condições físicas e psicológicas, bem como para verificar se o local onde vive é o local ideal, se a sua alimentação é adequada e se recebe visitas veterinárias regulares.
Por sua vez, o Ministério do Meio Ambiente (SEDEMA) publicou esta tarde um vídeo que mostra Fernando Gual Sill, diretor geral de Zoológicos e Conservação da Vida Selvagem, onde garante que o acasalamento de Ely e Gipsy, seu recente companheiro, está muito avançado e eles já moram juntos a maior parte do dia e da noite.
Três anos de brigas legais por Ely
Foi em janeiro de 2021 que o advogado Czacki Halkin apresentou um processo de amparo indireto em nome de Ely, este contra atos da então Chefe de Governo, Claudia Sheinbaum Pardo, e de outras autoridades responsáveis, como a SEDEMA, Direção Geral de Zoológicos e Conservação da Fauna Silvestre do Ministério do Meio Ambiente e da Diretoria do Zoológico de San Juan de Aragón.
Desde então, as autoridades têm procurado permitir que Ely se desloque para um abrigo para animais da sua espécie, pedido que as autoridades têm continuamente negado. Em 2018, o Santuário de Elefantes no Brasil concordou em recebê-la em suas instalações, mas para isso teve que revisar a elefante para determinar se sua transferência é viável, opção que as autoridades da capital rejeitaram.
O amparo promovido no ultimo dia 03 abre um precedente na defesa dos direitos dos animais, já que no México ainda não existe uma figura que proteja os animais, e os amparos apenas protegem os direitos das pessoas físicas e jurídicas. Apesar de algumas objeções, o tribunal determinou que a proteção era adequada devido ao interesse legítimo, destacando a importância de proteger o meio ambiente e os animais como seres sencientes.
Considerada a “elefante mais triste do mundo”, Ely vive no Zoológico de San Juan de Aragón desde 20 de agosto de 2012, depois de ter sido “resgatada” do circo Vázquez Brothers, onde passou 25 anos.
Associações a favor dos direitos dos animais, como Abriendo Jaulas & Abriendo Mentes, Va por sus Derechos e AnimaNaturalist México, há muito apontam que o mamífero vive em condições precárias. Desde 2017, Abriendo Jaulas & Abriendo Mentes documentaram a situação de Ely, pelo que o Governo da Cidade do México, liderado por Sheinbaum, foi solicitado a transferir o elefante para um espaço com melhores condições.
Em maio de 2023, transferiram Gypsi, um exemplar de elefante africano do Centro de Conservação Zoofari, no estado de Morelos, para o habitat de Ely. Este exemplar também foi recuperado de um circo, tem idade semelhante à de Ely, entre 35 e 40 anos, e para recebê-lo o abrigo onde vivem foi ampliado em mais de três mil e 500 metros quadrados para ter mais espaço “para o seu bem-estar e desenvolvimento.”
Por Carolina Carrasco / Tradução de Alice Wehrle Gomide
Fonte: Infobae
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