Justiça autoriza transferência de elefanta do Zoo de Ribeirão Preto, SP, para Santuário no Mato Grosso
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) autorizou a transferência da elefanta indiana Bambi do Bosque e Zoológico Dr. Fábio Barreto, em Ribeirão Preto (SP), ao Santuário de Elefantes do Brasil, na Chapada dos Guimarães (MT), a 1.270 quilômetros da cidade paulista.
Em julho, ao analisar uma ação civil pública movida pelo Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal alegando negligência e maus-tratos da Prefeitura, e contra a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado, órgão que deu o parecer favorável à permanência de Bambi no município, a 1ª Vara da Fazenda Pública decidiu manter a elefanta em Ribeirão Preto.
VÍDEO: Justiça autoriza transferência de elefanta do Zoo de Ribeirão Preto, SP, para santuário
Porém, a entidade recorreu à segunda instância e a decisão em caráter liminar do desembargador Roberto Maia, relator do processo na 2ª Câmara Reservada ao Meio Ambiente, foi publicada na segunda-feira (17).
“Em sede de cognição sumária e provisória, destaco a existência de imagens e laudos técnicos dando plausibilidade às alegações de maus-tratos, robustecida pela insatisfação popular, além do perigo existente, desde o próprio prolongamento do sofrimento em si, como possível morte do elefante e a especialização do Santuário para acolhimento deste espécime”, diz o relator.
Transferência
O Santuário de Elefantes do Brasil disse que vai conversar com todas as partes envolvidas para definir como será essa organização da transferência. Pela distância entre o bosque e Chapada dos Guimarães, a viagem duraria 17 horas e 30 minutos.
No recinto, Bambi terá uma área de 30 hectares, equivalentes a 300 mil metros quadrados, com riacho, lago, árvores e um espaço com lamas. Ela deve morar com outras quatro elefantas da mesma espécie: a Maia, a Mara, a Lady e a Rana.
Em nota, o Bosque Zoológico de Ribeirão Preto disse que respeita a decisão judicial, mas vê com preocupação a transferência de Bambi para o Mato Grosso por conta da idade avançada e dos problemas de saúde do animal. O comunicado também ressaltou a autorização do estado para a permanência da elefanta na cidade.
A Secretaria de Estado do Meio Ambiente disse que a ação é acompanhada pela Procuradoria Geral do Estado e pelo Departamento de Fauna (DeFau).
Impasse
A tentativa de transferência de Bambi para o Santuário de Elefantes começou em 2018. A entidade alega que o bosque de Ribeirão Preto não tem estrutura para cuidar da elefanta de 58 anos, cega do olho esquerdo e com problemas na mandíbula.
O imbróglio também foi parar no Ministério Público e um inquérito foi aberto.
O animal tem 3,7 mil quilos e fazia parte do elenco do Circo Stankowich. Em 2014, foi transferida do zoológico de Leme (SP) para Ribeirão Preto após autorização da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Infraestrutura.
Em julho, em sentença da Justiça na 1ª Vara da Fazenda Pública de Ribeirão Preto, o juiz Reginaldo Siqueira indeferiu o pedido feito pelo Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal.
“Transportar a elefanta para o Santuário, consideradas as suas condições de saúde precária e a complexidade da logística, importaria em praticamente inviabilizar seu retorno ao Bosque Municipal caso a ação seja julgada improcedente”, afirma.
Pareamento
Desde que foi acolhida pelo Zoo do município, Bambi vive com a elefanta Maison, de 48 anos, em um espaço de 1,5 mil metros quadrados, que conta com um tanque de água de 200 metros quadrados e profundidade de dois metros.
O processo de adaptação e convivência das duas elefantas foi iniciado em 2014 por técnicos do bosque, mas nem sempre apresentou sucesso, pois Bambi era dominada por Maison.
Somente em março deste ano, após a conclusão de obras no recinto orientadas pela Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (Azab), os resultados começaram a ser positivos, segundo o Zoo.
Por muito tempo, a solução encontrada por veterinários e biólogos foi revezar o convívio das duas. Enquanto uma saía da jaula para se alimentar, hidratar, tomar banho e caminhar, a outra ficava presa. Hoje, as duas vivem separadas por uma cerca.
O fosso que havia no local foi aterrado e uma nova barreira em frente ao recinto foi instalada em respostas às orientações do Departamento de Fauna, da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado e da Azab.
Por Vinícius Alves, G1 Ribeirão Preto e Franca
Fonte: G1
Nota do Olhar Animal: A ONG Olhar Animal participa como amicus curiae na ação civil pública que pede a transferência da Bambi para o Santuário de Elefantes Brasil, em MT. Saiba mais em https://olharanimal.org/olhar-animal-participa-de-acao-pela-libertacao-da-elefanta-bambi-do-zoologico-de-ribeirao-preto-sp/