Medicina Veterinária da USP amplia uso de impressão 3D no treinamento de alunos

Medicina Veterinária da USP amplia uso de impressão 3D no treinamento de alunos
“A manufatura aditiva se tornou uma ferramenta muito poderosa e inovadora dentro do ensino da Medicina Veterinária”, declara docente (Foto: divulgação)

A manufatura aditiva, conhecida, também, como impressão 3D, tornou-se um importante aliado do ensino e das pesquisas na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP). Por meio de uma parceria com a Stratasys, o Laboratório de Habilidades da faculdade vem conseguindo reproduzir órgãos diversos de animais, que possibilitam ensinar e treinar os profissionais de saúde, reduzindo a necessidade de material biológico.

A J750 Digital Anatomy Printer – adquirida da LWT Sistemas, maior parceira da Stratasys no Brasil – está proporcionando a criação de modelos realísticos que ajudam a aprimorar as habilidades e as competências dos alunos, antes que eles tenham acesso às aulas práticas, com animais vivos.

“A impressão de órgãos e tecidos de animais permite ao laboratório não só ensinar anatomia aos alunos, como visualizar o que pode ser uma anormalidade. Também é muito importante para realizar o planejamento cirúrgico, ao fazer a simulação antecipada da anatomia animal, de forma similar às características dos órgãos reais”, conta o professor Doutor Antônio Assis, um dos coordenadores do projeto. Ele cita que a manufatura aditiva permite criar e reproduzir com refino estruturas muito delicadas, como vasos sanguíneos, ligamentos articulares e nervos, que são fundamentais para um planejamento cirúrgico.

Um importante diferencial da impressora J750 DAP é utilizar uma gama de materiais que reproduzem não só a geometria das estruturas anatômicas, mas também a cor e a textura dos órgãos que estão sendo reproduzidos. “A variedade de materiais que a J750 DAP utiliza é capaz de mimetizar tecidos e permite a criação fidedigna de uma variedade de órgãos, com cores e textura reais, e sem a interferência de agentes químicos, normalmente utilizados para preservar tecidos, órgãos ou cadáveres”, compartilha.

Mais precisão no ensino da anatomia animal

Diferentemente da Medicina Humana, o médico-veterinário precisa ser treinado para atuar com uma diversidade de animais domésticos – cães, gatos, aves, equinos, bovinos, ovinos, caprinos e suínos — e silvestres. Cada espécie possui características anatômicas próprias e está sujeita a patologias ou intervenções clínicas-cirúrgicas específicas. Como o profissional deve ser capaz de reconhecer cada uma delas, contar com peças anatômicas impressas em 3D que reproduzam estruturas importantes ou ainda a patologia que se deseja tratar representa um diferencial no processo de ensino-aprendizagem.

“Imagens de tomografias e de ultrassom também podem ser utilizadas para ajudar a imprimir o modelo físico para uso no planejamento cirúrgico, o que transforma a impressão 3D em uma poderosa e inovadora ferramenta dentro do ensino médico”, comenta o professor da USP.

Adicionalmente, o acesso limitado a cadáveres e questões éticas relativas ao uso de animais poderiam prejudicar o treinamento dos estudantes e as pesquisas. “A manufatura aditiva se tornou uma ferramenta muito poderosa e inovadora dentro do ensino da Medicina Veterinária. Ela pode auxiliar a formação de profissionais mais habilidosos e capacitados, reduzir a dependência do uso de cadáveres em sala de aula, além de ser uma resposta à demanda da sociedade que se preocupa com uso excessivo de animais vivos nas atividades de ensino e pesquisa”, afirma o professor Antonio Assis.

Atualmente, cerca de 240 graduandos já têm acesso a modelos anatômicos impressos pela J750 DAP, incluindo modelos dos sistemas respiratório, cardiovascular, digestivo e trato urogenital de animais como cão, gato, bovino e equino, além do desenvolvimento de modelos para o treinamento de acessos venosos, intubação e sondagem de animais. “Estamos testando uma variedade de modelos e materiais para identificar o que é acadêmica e pedagogicamente viável de se aplicar”, declara Assis.

Fonte: Cães e Gatos

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