Naja, a saga da heroína continua: pessoas estão sendo denunciadas e cobras sendo devolvidas

Naja, a saga da heroína continua: pessoas estão sendo denunciadas e cobras sendo devolvidas
G. D. Lohar / Shutterstock

Naja Heroína continua na missão. A ação da cobra rendeu mais e bons frutos.

Além da libertação das amigas de cativeiro, o feito vem incentivando que outras pessoas devolvam aos órgãos ambientais cobras e outros animais exóticos ou silvestres que mantinham de forma ilegal.

É o que aconteceu em Brasília. Várias cobras foram devolvidas voluntariamente desde que a naja picou o estudante e virou assunto nacional.

Segundo reportagem do Jornal Bom Dia Brasil, desde que o caso foi noticiado, não param de chegar denúncias sobre criadores ilegais de animais exóticos e o serpentário do zoológico de Brasília ficou lotado e recebeu dezenas de cobras criadas ilegalmente em casas e apartamentos, de forma voluntária.

Em uma semana, foram cerca de 26 cobras devolvidas ao serpentário, 4 delas, de forma voluntária.

Dentre elas, a víbora-verde-de-vogel, uma espécie encontrada na Ásia, cujo antídoto para seu veneno não é encontrado no Brasil, o que torna essa cobra um grande perigo com risco de morte. O Ibama ainda não informou qual será o destino dela.

Denúncias anônimas

Desde o ocorrido, os órgãos ambientais de Brasília não param de receber denúncia anônima, foi assim que uma jiboia, um jaboti e uma tartaruga-tigre-d’água foram encontrados numa chácara no DF, ontem, 14, de propriedade da mãe de uma médica veterinária. Ela foi multada em R$ 10.500,00.

É comum que pessoas mantenham animais exóticos em casa, por inúmeras razões, desde excentricidade, ignorância, resgate, doação… Porém, muitas vezes, arrependem-se, por consciência ou não e, por vezes, não sabem o que fazer com o bicho ou têm medo de alguma punição.

Algumas chegam até a soltar os animais na natureza, o que pode ser um grande risco, principalmente se a espécie não for nativa da região, o que pode gerar desequilíbrio natural e interferir em toda cadeia alimentar do local.

Incentivo legal para devolução

A legislação brasileira, justamente como forma de incentivar o encerramento dessa prática, permite que, em caso de devolução voluntária do animal, ainda que exótico, silvestre ou em situação irregular, a pessoa não seja punida pela posse ilegal.

Mas vale dizer que, somente em caso de criação doméstica a devolução sem punição é aceita. Rede de tráfico, cativeiro com animais irregulares para a venda, maltratados ou que de alguma forma serviram para comércio, essas práticas não serão perdoadas apenas pela devolução dos animais, sofrendo as consequências cabíveis em cada caso.

Além do incentivo às denúncias anônimas e libertação voluntária de outras cobras, a ação da naja permitiu ainda que a Polícia desconfiasse da existência de uma rede de tráfico internacional de animais exóticos e, as investigações estão a pleno vapor.

Na sexta-feira, a Polícia Civil do Distrito Federal descobriu outras sete serpentes numa ação decorrente da “Operação Squamata”, que visou combater crimes contra a fauna e manutenção ilegal de répteis.

A polícia pretende também ouvir o estudante Pedro, picado pela naja.

Segundo o coordenador da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais, Dener Giovanini,

“muito jovens estão sendo atraídos como uma espécie de desafio de possuir esse tipo de animal em casa”.

Já no caso da prática do crime de tráfico de animais, a explicação única atribuída é financeira, porque os animais possuem alto valor de mercado, a naja, por exemplo, pode chegar a custar R$ 20.000,00.

É sempre bom lembrar que, embora de origem asiática e africana, especialistas acreditam que, com base na sua coloração, é provável que a naja tenha nascido em cativeiro, ou seja, é provável que a nossa heroína seja uma brasileira legítima!

Valeu cobrinha!

Para quem possui animais ilegais, silvestres ou exóticos, de qualquer espécie, pode entregar ao Ibama amigavelmente em qualquer unidade do órgão no país.

A população também pode fazer denúncias gratuitas pelo telefone 0800-618080. 

Por Juliane Isler

Fonte: GreenMe