Rede de pesca ilegal afoga baleias no fim de semana em Florianópolis, SC

Rede de pesca ilegal afoga baleias no fim de semana em Florianópolis, SC
Baleia-jubarte com material de pesca preso ao corpo foi avistada morta em Florianópolis — Foto: Emanuel Ferreira/R3 Animal

Desde sábado pela manhã, os moradores do Pântano do Sul, no litoral Sul de Florianópolis (SC), estão assistindo à morte de pelo menos três baleias provocada pelas redes de pesca da tainha de empresário local.

A primeira baleia já está em estado de putrefação, presa junto à rede que causou seu afogamento na praia da Solidão. O biólogo Alcides Dutra, do Projeto Larus, da UFSC, avisa que ela pode explodir a qualquer momento, provocando um desastre ambiental em toda a extensão da praia.

Trata-se de uma baleia adulta, provavelmente uma jubarte, de pelo menos 15 metros, conforme a bióloga Elisa Vieira.

Moradores locais foram de stand up hoje ao local e verificaram que as redes, responsáveis pelo crime ambiental, pertencem ao proprietário de um restaurante do Pântano.

Rede no caminho das baleias

São oito redes, de 200 metros cada, cobrindo todo o trajeto desses mamíferos num total de quatro quilômetros, afirmam eles, que preferem não se identificar.

O aparecimento cada vez mais precoce das baleias em Santa Catarina coincide com o período da liberação da pesca da tainha.

Ainda no sábado, o morador Luiz Henrique Boabaid, que é mergulhador, chamou a Polícia Ambiental, segundo a qual o recolhimento da baleia só pode ser feito quando ela encalhar na praia. (veja outra baleia jubarte, encontrada encalhada na praia, na mesma região de Florianópolis, em abril)

Essa possibilidade está tecnicamente descartada, segundo Alcides Dutra. Gases resultantes da decomposição podem causar uma explosão do animal putrefado, produzindo jorros de combustão que atingem até nove metros de altura.

Outro morador, Sérgio Gomes, advogado, reforçou a denúncia hoje pela manhã, alertando para o perigo da poluição de toda a bacia ao comandante da Polícia Ambiental, coronel Paulo Sérgio, mas até agora nenhuma providência foi tomada.

No sábado, Dutra acionou a empresa terceirizada pelo monitoramento ambiental no litoral do sul do Brasil, a R3 Animal, que esteve no local com uma lancha mas não conseguiu remover a baleia já morta e também disse ser necessário esperar que ela encalhe.

“Nenhuma autoridade quer fazer o seu papel”, reclama Boabaid.

Uma segunda baleia encalhada na mesma rede foi localizada por Gomes agora à tarde ao lado da jubarte.

E uma terceira baleia está neste momento emergindo e submergindo bem próximo à praia nos Açores, balneário vizinho que faz parte da mesma bacia oceânica.

A agonia lenta dessas criaturas de impressionante beleza e tamanho comove os que as identificam na imensidão do mar.

Por Raquel Wandelli

Fonte: Jornalistas Livres

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