Vídeo mostra desespero de família no momento em que policial atira no cão Churros, em Guarapari, ES

Câmeras de segurança gravaram o desespero de uma família ao ver o cachorro da raça golden ser atingido por um tiro dado pelo subtenente da Polícia Militar de Minas Gerais (assista abaixo) na Praia do Morro, em Guarapari, no sábado (9).
Anderson Carlos Teixeira, de 52 anos, chegou a dizer que o cachorro avançou sobre ele. O PM foi autuado em flagrante por maus-tratos a animais e encaminhado para o Centro de Detenção Provisória de Guarapari, mas foi liberado no dia seguinte após audiência de custódia sem o pagamento de fiança.
As imagens foram divulgadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Maus-Tratos Contra Animais nesta quarta-feira (13), que se reuniu para uma sessão na Assembleia Legislativa.
Na ocasião, a influenciadora Iasmin Lima Peçanha Avelar, de 32 anos, tutora do cachorro Churros, também esteve presente e foi ouvida. Iasmin foi acompanhada de Volks, cachorro da raça golden que é pai de Churros. Durante sua fala, ela se emocionou.
As imagens de uma das câmeras mostram a rua deserta, quando o subtenente Anderson aparece de camisa amarela e bermuda vermelha, andando na calçada.
Quando Anderson termina de atravessar a rua, se depara com Churros. O cachorro pula no policial, os dois se afastam, o golden pula novamente. Depois, eles somem da imagem, mas é possível ver crianças do outro lado da calçada se esquivando da situação.
Em seguida, Churros volta correndo e parece estar desnorteado. O cachorro já tinha sido atingido pelo tiro dado pelo policial.
As imagens mostram ainda que a tutora aparece empurrando o carrinho com a filha de um ano. O marido dela também chega, e os dois seguem pela rua, assustados com o que aconteceu. A criança de 12 anos, que viu toda a cena, vem andando chorando pela calçada.

A mesma cena foi registrada por outra câmera, em outro ângulo. Churros aparece na calçada, quando o policial atravessa rua. Quando os dois se encontram, o golden pula, o policial levanta as mãos.

Em seguida, o cachorro vai novamente até Anderson, mas não chega a encostar nele, momento em que o policial leva as mãos à pochete na cintura e sai andando em direção ao cachorro.

Segundo a família, foi nessa hora que o disparo aconteceu. A família reaparece, o cachorro já está ferido e a criança desesperada.
A família socorreu o cachorro para uma clínica veterinária da região, onde permaneceu vivo por duas horas. Na clínica foi constatado que o tiro foi desferido de cima para baixo. A bala entrou no dorso direito, atingindo pulmões, diafragma, estômago e baço, saindo pelo flanco esquerdo.

Versão do policial
De acordo com o Boletim de Ocorrência, o PM alegou que estava apenas caminhando quando foi atacado pelo golden retriever duas vezes seguidas. Ele disse ainda que, na primeira vez, pediu aos donos do animal que o segurassem, pois o cachorro estava sem focinheira.
Segundo o suspeito, na segunda vez que foi atacado, querendo resguardar sua integridade física, sacou a pistola e atirou uma vez.
O policial militar foi encaminhado à Delegacia Regional de Guarapari. A Polícia Civil informou que o suspeito foi autuado em flagrante por maus-tratos aos animais e foi encaminhado para o Centro de Detenção Provisória de Guarapari.

Policial é liberado sem fiança
Na manhã deste domingo (10), o policial passou por audiência de custódia, quando foi liberado sem fiança. A Justiça determinou, no entanto, que o subtenente deve seguir uma série de medidas cautelares, como não sair da Grande Vitória sem autorização prévia e não frequentar bares, boates, prostíbulos e assemelhados. Ele também está proibido de utilizar arma de fogo.
A dona do cachorro assinou um termo circunstanciado (TC) por não guardar com a devida cautela animal perigoso, e foi liberada após assumir o compromisso de comparecer em juízo.
A Polícia Militar de Minas (PMMG) informou que trata-se de ocorrência envolvendo policial militar aposentado e, por ser crime comum e não militar, o fato será apurado pela Polícia Civil do Espírito Santo. A PMMG informou, ainda, que acompanha o caso.

Fonte: G1