Absurdo! Protetora animal é presa por dano ao patrimônio público após quebrar grade para libertar gatos

Absurdo! Protetora animal é presa por dano ao patrimônio público após quebrar grade para libertar gatos
A protetora monitorou a situação dos gatos e informou que teve de ir ao local na noite dessa quarta, pois haviam animais sem conseguir sair. Foto: Reprodução

A protetora animal Francisca Lourença de Farias, 55, foi presa nessa quarta-feira (18) por dano ao patrimônio público após quebrar uma grade de proteção na praça dos Leões, em Fortaleza, para libertar gatos que, segundo ela, estavam sem conseguir sair de fosso no prédio da Academia Cearense de Letras (ACL).

Ela foi ao local acompanhada de outra colega da causa animal, que filmou a ação e conseguiu soltar os felinos, mas foi denunciada por um segurança do equipamento e acabou conduzida à delegacia.

O caso ocorreu por volta das 23h dessa quarta. Ao Diário do Nordeste, ela conta que os guardas municipais não “quiseram ouvir a versão” dela, que foi presa e encaminhada ao 34º Distrito Policial (DP), onde o delegado a autuou e “não se importou com as vidas”.

Chica dos Gatos, como é conhecida no meio, só foi liberada às 2h da madrugada desta quinta-feira (19), após uma advogada chamada pela amiga Ana Lúcia dos Santos Almeida, também protetora animal, pagar sua fiança.

Em nota, a Guarda Municipal de Fortaleza (GMF) confirmou a prisão e informa que conduziu duas mulheres à delegacia. “Guardas municipais, da equipe fixa, localizada na Praça General Tibúrcio conhecida com Praça dos Leões, visualizaram duas mulheres quebrando o fosso da Academia Cearense de Letras, que fica situada ao lado da Praça”.

Segundo a GMF, dano ao patrimônio da cidade é crime previsto no artigo 163 do Código Penal. “Com isso, a Guarda Municipal solicita o apoio da população para uma conscientização sobre a importância de preservar patrimônios públicos”, diz texto.

Academia nega prisão de gatos

A diretora administrativa da ACL, Regina Fiúza, nega que havia gatos “presos” no local e conta que os animais há mais de 30 anos entram e saem do fosso na hora que querem.

Nessa quarta, segundo ela, houve uma reposição de uma grade que estava caída. “O prédio tem 300 anos e não pode estar sendo depredado desse jeito, pois é patrimônio histórico do Ceará. Os gatos nunca estiveram presos. A gente nunca teve esse problema”, conta.

Sobre as protetoras animais, a diretora da Academia, conta que não é primeira vez que elas “depredam o local”. “Elas sempre levavam comida e colocavam lá na frente”, conta.

Mais de 10 gatos presos

Francisca relata que soube da situação dos animais por uma colega que paga um idoso para alimentar os animais na Praça dos Leões. Nessa terça-feira (17), o senhor foi avisado por seguranças do equipamento que não era mais para alimentar os gatos, pois os buracos das fossas iam ser vedados.

A situação foi constatada após monitoramento de Chica, que “não pensou duas vezes” e foi ao local com uma ferramenta para cerrar as estruturas. Entre 10 e 15 gatos estavam presos lá

“A Guarda Municipal me atacou, chamaram a viatura e eu não tive defesa, porque o delegado não se importou com a vida dos bichinhos. Ele fez questão de falar isso. E isso ficou muito marcado pra gente. Na cabeça e no coração”, conta.

Ana Lúcia dos Santos Almeida, 52, também é protetora animal desde a pandemia. Ela esteve com Chica filmando o resgate dos animais, mas não foi presa. Apesar dos transtornos, ela se sente bem por ter ajudado os felinos.

No entanto, o sentimento de que a ignorância da sociedade e a crueldade animal fica impune é latente. É muito difícil melhorar a vida deles, pois a gente luta por isso e vê que as pessoas não respeitam, não gostam e isso me deixa muito triste. É como se isso nunca fosse acabar, eu me sinto impotente”, relata.

Corpo de Bombeiros pode ser acionado

Procurado, o Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBMCE) informou que em casos de animais presos, pode-se acionar a corporação. Caso o comandante do socorro verifique caso de extrema necessidade, pode-se assumir a responsabilidade e tomar a providência necessária para salvar a vida, pois se não ajudar estará omitindo socorro.

Em outros casos, o CBMCE também pede autorização ao proprietário, ou no caso de órgão público, a autorização do signatário responsável. “Contudo, em caso de não anuência, o interessado deve acionar a justiça e pedir urgência, por se tratar de vidas”, disse o órgão.

O Ministério Público e a Defensora Pública também podem atuar, bem como o Batalhão de Polícia Ambiental (BPMA). Entretanto, o interessado também pode intervir, desde que responda por seus atos.

Por Matheus Facundo

Fonte: Diário do Nordeste

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