Angola perde 50 elefantes em cinco anos

Angola perde 50 elefantes em cinco anos
Angola está mobilizada no combate ao tráfico de animais selvagens um crime transfronteiriço que preocupa a comunidade internacional | Fotografia: Kindala Manuel | Edições Novembro

Um total de 50 elefantes, três dos quais jovens, morreram em Angola, nos últimos cinco anos, e foram apreendidos 1.240 quilogramas de marfim, revela um relatório sobre o Inventário Nacional de Marfim referente ao período 2016-2017 e tornado público na terça-feira em Luanda.

A informação foi avançada pela chefe de departamento de Biodiversidade e Área de Conservação, Albertina Matias, quando falava num seminário dedicado à “apresentação dos feitos de Angola no combate aos crimes ambientais relacionados com o comércio ilegal”.

Albertina Matias informou que, dos 50 elefantes, seis tiveram morte natural, de 2012 a 2014, 11 foram abatidos por caçadores furtivos, entre 2015 e 2016, e mais 30 abatidos este ano, todos eles na Província do Cuando Cubango.

São  desconhecidas até agora as causas da morte e a origem dos três elefantes jovens, tendo apenas sido confirmado que se tratava de elefantes jovens depois de terem sido feitos exames de DNA às ossadas encontradas. Os treze caçadores furtivos implicados na morte dos paquidermes foram detidos e três deles já julgados e condenados de seis meses a um ano de prisão.

Além dos 13 indivíduos, o Serviço de Investigação Criminal (SIC) deteve, na província de Luanda, por suspeita de envolvimento em tráfico internacional de marfim, três chineses e quatro cidadãos nacionais, todos a aguardar julgamento.

Animais mais procurados

No seminário foi apresentado  o relatório sobre o estado da biodiversidade, no qual é revelado que, por motivos ornamentais, os animais mais procurados e traficados por caçadores furtivos são o macaco, o pombo verde, o papagaio cinzento e pássaros de diferentes espécies. Para a extracção de produtos, os mais caçados são o elefante, chita, leão, onça, jacaré, cabra e serpente.

O director nacional da Biodiversidade, Joaquim Manuel, afirmou que, como resultantes do tráfico de animais selvagens, estes animais são alvos preferenciais da caça furtiva devido à sua “beleza fisiológica e morfológica”.

Joaquim Manuel, que dissertou sobre o tema “Perda da biodiversidade e o seu impacto na preservação das espécies”, afirmou que os animais selvagens mais caçados para o consumo humano são a cabra, javali, macaco, jacaré, galinha-do-mato, onça, leão, búfalo, palanca, chita, peixe-boi e outras espécies.

Angola dispõe de uma extensão florestal de aproximadamente 69 milhões de hectares, o que corresponde a 55,6 por cento do total da sua superfície territorial, disse Joaquim Manuel, para quem o crescimento populacional, a pobreza, a falta de ordenamento do território e a débil fiscalização são factores que contribuem para a degradação e o uso não sustentável dos recursos da biodiversidade.

Joaquim Manuel incluiu também entre os factores que contribuem para a degradação dos recursos da biodiversidade os incendios florestais, a caça furtiva, mau uso dos solos, a actividade mineira degradante, agricultura itinerante e a costrução de moradias em áreas de protecção ambiental.

Joaquim Manuel explicou que, para combater os crimes ambientais, o Ministério do Ambiente criou programas  e projectos de sustentabilidade, como a formação de fiscais para as áreas de conservação natural, a elaboração de legislação apropriada, a identificação das zonas húmidas e o reforço da protecção das espécies ameaçadas. Para o quinquénio 2018-2022, o Ministério do Ambiente pretende mapear as zonas e as espécies de maior conflito com o homem, identificar as actividades viáveis para as comunidades residentes nas áreas de conservação e fazer inventários faunísticos e dos recursos hídricos.

A execução de um projecto de expansão do Instituto Nacional da Biodiversidade e a criação de áreas de conservação marinha e de pecuarização de animais selvagens para a alimentação estão ainda entre as pretensões do Ministério do Ambiente.
O seminário foi presenciado pela ministra do Ambiente, Fátima Jardim, por representantes da cadeia de televisão National Geographic, por membros do corpo diplomático e por ambientalistas.

Por Ana Paulo

Fonte: Jornal de Angola / mantida a grafia original

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