Após busca pela internet, família de Santos (SP) vence preconceito e adota cão adulto

Após busca pela internet, família de Santos (SP) vence preconceito e adota cão adulto
Raul vive com a nova família há um mês (Fotos: Divulgação/Prefeitura de Santos)

Depois de ter sido resgatado em uma enchente e conviver por anos confinado em uma baia, o cãozinho Raul, um animal sem raça definida de 5 anos, teve a chance de mudar de vida com um novo capítulo da sua história ao lado de uma família na Ponta da Praia, em Santos.
Até o início de março, o animal estava entre os mais de 200 cães e gatos mantidos pela Coordenadoria da Vida Animal (Codevida), que aguardavam a chance de ser adotados. Mas o destino fez com que a história de Raul, que já era acompanhada à distância pela família santista, ganhasse outro rumo. E, desde o último dia 9 de março, ele deixou de fazer parte das estatísticas de animais abandonados na Cidade.

O cãozinho, que hoje é famoso na residência da dona de casa Kátia Regina de Almeida, de 44 anos, teve a oportunidade de ser inserido em um novo lar após ser devolvido por uma outra família que não conseguiu se adaptar com o animal.

Kátia comenta que, antes de adotar Raul, conviveu por 17 anos com um cãozinho da raça Poodle, que morreu no ano passado. “Eu tinha muito amor por ele e nunca quis encontrar um substituto, mas pensei que, com tantos outros precisando de atenção, poderia ser uma oportunidade de adotar um animal abandonado”.

A ideia da dona de casa ganhou ainda mais força com o apoio da filha mais velha, Larissa, de 22 anos. “Começamos a ver as páginas da Codevida na internet e encontramos uma infinidade de animais que haviam sido abandonados e aguardavam para ser adotados. Me chamou muito a atenção a quantidade de bichinhos que estão em busca de um lar. Foi quando vi a foto do Raul, que de alguma forma me chamou a atenção”, comenta.

A partir daquele dia, a família entrava constantemente na página da Codevida para acompanhar a história de cada cãozinho colocado para adoção. Porém, no dia em que decidiram, enfim, adotar Raul, foram surpreendidos. O animal já não estava mais entre os que aguardavam por um novo lar.

“Ficamos felizes por ele, mas também um pouco tristes porque nossa intenção era adotá-lo. No dia, lembro que até chorei de emoção. Sempre vibrávamos quando sabíamos que algum animal da Codevida era adotado, mas com ele foi diferente”, conta a dona de casa.

Família da Ponta da Praia decidiu adotar cão abandonado após perder seu antigo bichinho

Novo capítulo

Mas o destino, por alguma razão, fez com que Raul e a dona de casa pudessem ter a chance de se encontrar. Algum tempo depois da adoção, o cãozinho retornou à sede da Codevida.

“A antiga família não conseguiu se adaptar ao animal e ele acabou retornando para o local. Infelizmente, isso é algo comum. As pessoas adotam e não respeitam aquele tempo de adaptação que é necessário. Para o cãozinho, assim como para a gente, a adaptação leva um tempo. Acho que é por causa desta falta de conhecimento que há tantos animais adultos abandonados”.

Após dias de adaptação, Raul foi definitivamente adotado pela família de Kátia. “Depois de vir passar um fim de semana com a gente, ficamos encantados e decidimos que ele tinha que ficar. Eu estava com um pouco de receio. Minha filha insistiu que eu ficasse com ele e tirou da minha cabeça o preconceito. Disse que escreveríamos a história dele a partir do momento em que chegou”.

E o sucesso desta relação, que completa um mês nos próximos dias, segundo Kátia, deve-se à paciência da família com o cão. “A gente, diferente dos outros donos, deu a ele o tempo que precisava para reconhecer as pessoas. A situação era nova para ele. O cão adulto, diferente do filhote, tem mais gratidão, vem cheio de amor. Ele sente pelo dono um eterno agradecimento. O Raul está sendo um grande presente para nossa família. O meu desejo é que tantos outros cães tenham um destino diferente como o dele”.

À espera de um lar

Atualmente, a Codevida conta com cerca de 210 animais para adoção, entre cães e gatos. Segundo a coordenadora Leila Abreu, cerca de 80% são adultos. “O animal adulto não dá trabalho e sua adaptação é quase imediata, mas, infelizmente, a maioria das pessoas interessadas em adotar um bichinho de estimação vem em busca de filhotes. Muitos procuram beleza, porte, e os animais mais velhos ou aqueles que não se adaptam às características procuradas acabavam vivendo o resto das suas vidas nas baias”.

Com o objetivo de mudar este cenário, um projeto criado para tirar os animais do confinamento e garantir sua socialização tem sido a saída para novas adoções. “Às vezes, as pessoas ficam inseguras em adotar um animal adulto. Com o ‘Padrinho de Fim de Semana’, os futuros donos podem conhecê-lo melhor. Tem sido um meio encontrado pela Codevida para reduzir o número de animais abandonados. Ninguém gosta de viver confinado e eles precisam de um lar”.

A Codevida realiza, em média, uma feira de adoção por mês, para onde são levados aproximadamente dez animais, entre cães e gatos. Para conhecer alguns destes bichinhos, também é possível acessar a página Animais da Codevida, que lista a relação dos que aguardam ser adotados.

Interessados também pode visitar os animais na sede do órgão, localizada na Avenida Francisco Manoel s/nº, no Jabaquara. O horário de atendimento é das 8h às 16 horas, de segunda a sexta-feira.

Por Carolina Iglesias

Fonte: A Tribuna 

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