Baleia solta de rede de anzóis é encontrada morta quatro dias depois de grupo ajudá-la, no Ceará

Baleia solta de rede de anzóis é encontrada morta quatro dias depois de grupo ajudá-la, no Ceará
Baleia solta de rede de anzóis é encontrada morta quatro dias depois de grupo ajudá-la, no Ceará. — Foto: Reprodução/Pesca com Estilo

A baleia-de-minke filmada presa a uma rede de pesca foi encontrada morta nesta terça-feira (12), próximo ao Porto do Pecém, na Região Metropolitana de Fortaleza. O animal foi ajudado (veja no vídeo abaixo) por um grupo de instrutores de uma escola esportes náuticos no litoral da capital no último sábado (9).

VÍDEO: Baleia é avistada presa a rede de anzóis e grupo ajuda animal a se soltar

Os homens foram de barco até o animal, que pensavam ser um golfinho, e cortaram a rede que estava presa à cauda da baleia. A ONG Aquasis confirmou que o animal encontrado morto nesta terça é o mesmo filmado anteriormente.

Uma equipe da ONG foi ao local onde a baleia foi achada para analisar a causa da morte. Não foi descartada a possibilidade que a rede de espinhel tenha causado o óbito. O item é uma rede com vários anzóis presos a uma linha, feita para pegar vários peixes de uma vez.

Ajuda de instrutores

De acordo com Emanuel Silva, proprietário da escola que funciona à beira da praia, ele e os demais instrutores estavam trabalhando quando notaram uma boia no mar realizando um trajeto que eles acharam estranho.

“Um dos nossos instrutores avistou uma boia subindo contracorrente. Não era normal aquela boia estar lá, muito menos uma boia navegando sozinha, ainda mais contra o vento. Então já pela experiência a gente entendeu que seria algum peixe, um boto, um golfinho, que é normal ali naquela região, preso à rede”, contou Emanuel ao g1.

Para resgates deste tipo, contudo, a recomendação é acionar órgãos especializados, como a ONG Aquasis, que atua no litoral cearense, evitando, assim, riscos tanto para quem tenta ajudar o animal, como para o próprio bicho.

“A gente montou o barco e foi em direção a ele. A gente jurava que era um golfinho porque subia e boiava, parecia muito um golfinho. Quando a gente chegou lá, a gente pegou essa boia, pegou essa rede e essa linha e começou a puxar”, relembra. “E a gente puxando, puxando, e quando a gente puxa, a baleia sobe assim do lado da nossa embarcação”, recorda o instrutor.

Rede de espinhel, feita com vários anzóis, estava presa na baleia-de-minke avistada em Fortaleza — Foto: Reprodução
Rede de espinhel, feita com vários anzóis, estava presa na baleia-de-minke avistada em Fortaleza — Foto: Reprodução

Após algum tempo, o grupo conseguiu cortar a rede e desenlaçar a baleia. Após isso, o grupo ainda acompanhou o animal por alguns minutos para garantir que pedaços remanescentes da rede se desprendessem.

“Eu cortei ao máximo e a gente afrouxou tudo. Então no vídeo, quando ela sai, ela ainda sai com um pouquinho de linha no rabo, mas ao longo do tempo que ela foi nadando, soltou tudo”, afirma Emanuel.

Ao g1, a ONG Aquasis, que atua há quase 30 anos na preservação da vida marinha no Nordeste, identificou o espécime como uma baleia-de-minke. A espécie também é chamada de baleia-anã: os adultos têm um tamanho médio de 5,5 metros, considerado pequeno em comparação com outras baleias.

Recomendação ao encontrar animal marinho ferido é chamar ajuda

A Aquasis está monitorando a baleia-de-minke desde o fim de novembro, quando ela foi avistada no Porto do Pecém, na Região Metropolitana de Fortaleza. De lá para cá, ela se deslocou rumo à costa da capital cearense, até a aproximação de sábado na Praia do Náutico.

Fios da rede de espinhel estavam presos à cauda da baleia-de-minke avistada em Fortaleza — Foto: Reprodução
Fios da rede de espinhel estavam presos à cauda da baleia-de-minke avistada em Fortaleza — Foto: Reprodução

“Não é uma baleia comum na nossa costa, é um animal de água mais fria, de regiões temperadas, são animais que vivem sozinhos ou em pequenos grupos. É bem raro essa aproximação da costa”, explicou o médico veterinário Vitor Luz, que é coordenador de programa de mamíferos marinhos da Aquasis.

Vitor também alertou que tentar resgatar animais marinhos que estejam feridos, encalhados ou presos a redes pode ser um risco tanto para a vida do animal quanto para quem tenta ajudar. O correto nesta situação é solicitar ajuda especializada, como a Aquasis.

“São animais grandes, com muita força, não é simples fazer o desenlace de uma baleia de uma rede”, pontua. “As pessoas acabam agindo de forma instintiva para ajudar o animal, mas acabam colocando a vida em risco e a vida do animal em risco”.

A ONG Aquasis disponibiliza o telefone (85) 99800-0109 para resgate de animais marinhos, vivos ou mortos, feridos, encalhados, presos a objetos, entre outras situações. O telefone recebe chamada e mensagens de Whatsapp e está disponível 24 horas por dia. O grupo atende a casos em todo o litoral cearense.

No caso da baleia-de-minke avistada em Fortaleza, o grupo continua a monitorar o espécime, que aparentemente está com problemas de saúde. “É um animal que está bem magro, pode estar doente ou com dificuldade de encontrar recurso alimentar”, indica Vitor Luz.

O veterinário também acredita que o animal esteja ferido por conta da rede de espinhel que estava presa em seu corpo. “Como ela foi para a enseada do Mucuripe e tem muita atividade antrópica ali, tem tráfego de embarcação, pesca, esporte náutico, a gente esperava que tivesse uma interação negativa”, descreve.

Por conta da situação, Vitor pede que quem avistar o animal, seja da praia, a partir de embarcações ou por meio de drones, por exemplo, entre em contato com a Aquasis pelo telefone (85) 99800-0109 para informar e ajudar no monitoramento.

Instrutores de esportes náuticos desconfiaram que boia de isopor estava presa a um animal marinho — Foto: Reprodução
Instrutores de esportes náuticos desconfiaram que boia de isopor estava presa a um animal marinho — Foto: Reprodução

Fonte: G1

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