Cães sobem em tábuas para se protegerem de alagamentos no Pantanal de MT um ano após maior incêndio da história

Cães sobem em tábuas para se protegerem de alagamentos no Pantanal de MT um ano após maior incêndio da história
Cachorros tentam se proteger da água do Pantanal — Foto: Arquivo pessoal

Imagens mostram mais de dez cachorros ilhados em um tablado durante alagamentos do Rio Pirigara, em Barão de Melgaço, a 126 km de Cuiabá. A Defesa Civil classificou a região como laranja por risco de chuvas intensas. Os moradores ainda denunciam que o rio pode ter tido seu curso desviado por ação humana.

A agricultora aposentada Nilma Arruda Martins, 66 anos, que nasceu na região, disse que em toda sua vida nunca tinha visto uma mudança tão radical no meio ambiente. Ela disse que algumas áreas ficaram muito secas e outras alagadas demais.

“Antes era tudo certinho, no período do meu pai. Tinha a seca em julho e depois começava as chuvas e estava tudo certo. Agora não tem mais”, afirmou.

Chuvas começaram a alagar a região do Pantanal — Foto: Arquivo pessoal
Chuvas começaram a alagar a região do Pantanal — Foto: Arquivo pessoal

Ela citou que o rio sofreu um desvio em razão de um deslizamento e também falou que o lixo chega ao pantanal todos os anos. “O rio Pirigara, que é um braço do São Lourenço, entupiu e não tem mais saída. A água tem que ir para algum lugar”, disse.

Zona de perigo

Área laranja indica muitas chuvas — Foto: Reprodução/Defesa Civil
Área laranja indica muitas chuvas — Foto: Reprodução/Defesa Civil

O coordenador da Defesa Civil e secretário de Meio Ambiente da cidade, Fabio Senatore, disse que está acompanhando a situação e que ainda não foi necessário retirar nenhuma família dos locais mais atingidos. Além disso, ele falou que estão checando o deslizamento verificado pelos moradores.

“Estamos preocupados com relação à invasão dessa água porque não é do curso natural do rio. Houve uma ruptura. Estamos vendo onde houve essa ruptura, se foi por questões antrópicas ou naturais”, explicou.

A Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) informou que, em caso de áreas alagadas que possam colocar as pessoas e propriedades em risco, o atendimento imediato é realizado pela Defesa Civil.

Sobre as denúncias de desvios do curso das águas, a Sema disse que vai verificar o caso e enviará fiscalização ao local.

Maior incêndio da história

Um incêndio que começou em julho de 2020 e durou mais de dois meses foi o maior da história registrado na região pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) desde que o monitoramento começou a ser feito, em 1998.

Uma das áreas atingidas pelo fogo foi o Parque Estadual Encontro das Águas, refúgio das onças pintas-pintadas.

O estudo alerta que as mudanças climáticas provocadas pelas ações do homem têm influenciado a frequência, a duração e a intensidade das secas na região. O impacto de seguidas queimadas pode ser catastrófico e empobrecer o ecossistema, que já é frágil durante o período sem chuvas.

A seca atingiu a fauna e a flora da região e voluntários continuam levando alimentos e água para animais que sofrem.

A biodiversidade do Pantanal é composta por mais de 2 mil espécies de plantas, 269 peixes, 131 répteis, 57 anfíbios, 580 aves e pelo menos 174 mamíferos.

Segundo dados de satélite analisados pela organização MapBiomas, o Pantanal – que é a maior planície úmida do planeta – perdeu 29% de sua superfície alagada nos últimos 30 anos.

A seca prejudica a reprodução de animais, como peixes, e propicia que mais incêndios ocorram.

Fonte: TV Centro América via G1

Os comentários abaixo não expressam a opinião da ONG Olhar Animal e são de responsabilidade exclusiva dos respectivos autores.