Conselho de Medicina Veterinária vai a mutirão de castração no DF e alega irregularidades

Conselho de Medicina Veterinária vai a mutirão de castração no DF e alega irregularidades

O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Distrito Federal (CRMV-DF) fiscalizou um mutirão para castração de animais, realizado nos últimos dias no Varjão, e constatou que o evento é irregular. O Vet Nômade castrou 80 cães e gatos por dia, em média.

A Confederação Brasileira de Proteção Animal é a responsável pelo mutirão que oferece castração animal a baixo custo. O procedimento em cães é feito pelo valor de R$ 130 e, em gatos, R$ 120. O projeto, realizado em parceria com a Administração Regional do Varjão começou no domingo (4/7) e deve terminar nesta quarta-feira (7/7).

Em publicação nas redes sociais, o CRMV-DF disse que “o referido projeto não está registrado no órgão, o que é obrigatório, e descumpre as legislações que tratam do tema, comprometendo, dessa maneira, a saúde e o bem-estar dos animais e da população”. Porém, a organizadora diz que os procedimentos são feitos com segurança.

O conselho enviou uma equipe para fiscalizar o mutirão, na terça-feira (6/7): “A primeira constatação foi que o evento não tinha um projeto registrado e homologado no CRMV-DF, conforme a Resolução CFMV nº 962/2010 e nº 1275/2019 e do CRMV-DF nº 015/2017. A organização do local também não apresentou um médico veterinário responsável técnico pela ação, mas apenas um médico veterinário com registro no estado de São Paulo”.

Segundo o CRMV-DF, a fiscalização emitiu um Termo de Constatação orientando a organização do evento a buscar regularização, apresentando um projeto conforme descrito na legislação.

À coluna, o órgão disse que “as irregularidades podem gerar multa a entidade responsável e abertura de Processo Ético para o profissional que participa da ação”.

O outro lado

Presidente da Confederação Brasileira de Proteção Animal, Carolina Mourão disse à coluna que esse mutirão é um modelo apresentado ao governo federal e que geraria milhares de empregos para veterinários.

Segundo a ativista, foram castrados, em média, 80 animais por dia durante o mutirão e não houve nenhuma intercorrência. “Fizemos com toda a segurança e com anestesia”, afirmou. Carolina contou que foram sorteadas 30 castrações gratuitas para animais que esperam por adoção.

“Esse é um novo mercado que está surgindo. A gente visitou o conselho, submeteu o projeto e ele informou que não havia nenhum problema técnico. Isso é uma guerra de mercado”, disse.

Em nota, a Administração Regional do Varjão afirmou que o mutirão não teve custo para o governo. “A Administração Regional do Varjão esclarece que não se envolveu com arrecadação de dinheiro. A pasta colaborou com a organização, divulgação e espaço para que o Projeto Vet Nômade e Confederação Brasileira de Proteção Animal realizarem a castração dos animais, a preço de custo pelo responsável do animal”, afirmou.

O órgão assinalou que “não houve participação de servidor com qualquer tipo de cobrança”.

Por Isadora Teixeira

Fonte: Metrópoles


Nota do Olhar Animal: Se a questão é meramente burocrática, o que o CRMV-DF fará para colaborar com as próximas edições desta ação de caráter social que indicou ter ocorrido em situação irregular? Como auxiliará na regularização e realização do mutirão? Pois, historicamente, o que acontece com frequência são conselhos de veterinária espalhados pelo pais criarem dificuldades para as ações sociais, inclusive tentando impor medidas ilegais, como já ocorreu em Santa Catarina e que foram rechaçadas na Justiça. Os conselhos se preocupam fundamentalmente em defender interesses econômicos da classe veterinária, redução incompatível com a importância que os profissionais têm (ou deveriam ter) para a sociedade e, principalmente, para os animais não humanos. Alguns destes conselhos, piores, defendem abertamente atividades onde são escandalosamente evidentes as situações de maus-tratos e sofrimento dos animais, como rodeios e vaquejadas, tudo em nome do “mercado de trabalho”, passando ao largo das implicações éticas deste posicionamento e se distanciando da ciência que comprova os danos aos bichos. Que o CRMV-DF contrarie este histórico sendo um exemplo é o que a população espera e o que os animais precisam.

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