Estudante adota cachorro vítima de maus-tratos e com pata amputada: ‘corre mais do que eu’

Estudante adota cachorro vítima de maus-tratos e com pata amputada: ‘corre mais do que eu’
Felipe e a namorada no abrigo onde Pepe foi abandonado e recebeu os cuidados médicos, em Salvador (Foto: Arquivo Pessoal)

A história de um cãozinho abandonado e ferido deixado na porta de um abrigo para animais desamparados, em Salvador, se transformou há cerca de quatro meses, depois que ele foi adotado pelo estudante de medicina Felipe Carneiro Conceição, de 23 anos. “Pepe”, como o cachorrinho vira-lata hoje é chamado, foi largado com um fio preso em uma das patas, quando ainda era filhote, com cerca de cinco meses. O membro necrosou e precisou ser amputado. Apesar de ter uma pata a menos, Pepe, agora com 10 meses, é independente e adora correr, segundo conta Felipe.

O estudante diz que optou pela adoção com apoio da namorada, a também estudante de medicina, Amanda Ristow Reinert. Certo dia, olhando as redes sociais da Associação Brasileira Protetora dos Animais (ABPA-BA), ele viu Pepe e quis conhecê-lo. “Eu e minha namorada sempre gostamos de cachorro. Eu já tive, ela também. Pensamos em adoção e fomos conhecer o abrigo”, relata.

O abrigo que Felipe cita é o São Francisco de Assis, localizado em Salvador, e que possui cerca de 400 cães e gatos abandonados. O espaço é mantido pela ABPA-BA, que após tratar os animais largados na porta do abrigo, os coloca para adoção vacinados, vermifugados e castrados.

O estudante explica que escolheu fazer uma adoção “especial” porque, para ele, animais com problemas de saúde ou físicos estão fadados a viver em um abrigo pelo resto da vida. “Pensei que poderia, também, dar uma força ao abrigo. No início, fiquei preocupado sobre como seria a adaptação dele com uma pata a menos, mas ele é muito independente. Eu não ajudo ele em nada. Ele sobe no sofá sozinho, come sozinho e ama passear. Ele gosta muito de correr também, corre mais do que eu”, brinca Felipe.

Pepe quando chegou ao abrigo ganhou o nome de Caramelo e passou por cirurgia para amputação da pata (Foto: Divulgação/ABPA-BA)

Conquistar a amizade de Pepe não foi fácil. No primeiro contato, ainda no abrigo, o cãozinho não quis, em momento algum, fazer jus ao título que os cães levam de “melhor amigo do homem”. Em vez de rabo abanando e lambidas, Felipe recebeu rosnadas. “Ele ficava querendo morder”, revelou.

A técnica em veterinária do abrigo, Bárbara Lima, lembra que os próprios funcionários também tiveram dificuldades em se aproximar de Pepe, que chegou ao local em 25 de janeiro deste ano e ganhou o nome de Caramelo. “Não deixava ninguém pegar nele. A pata estava amarrada com fio, teve necrose e fizemos amputação. Ele teve boa recuperação. A gente deu muito amor a Caramelo. Por isso que eu digo que o amor transforma. Aqui ele não recebeu só atendimento médico. Antes, ele era bastante arredio e depois ele não saía mais do meu colo”, recordou.

Felipe conta que entendia Pepe ser tão arredio, devido aos maus-tratos que sofreu e por ter perdido a pata. Apesar das desconfianças, o estudante não desistiu de “ganhar” o cãozinho. “Depois, eu e minha namorada fomos lá novamente. Daí ele deixou fazer carinho. Quando pegamos ele, vimos outra cadelinha lá e resolvemos adotar também. Eles se dão bem”, celebra.

Agora, Pepe não é amável apenas com a cadelinha. O estudante conta que o animal é dócil com todos, brincalhão e até meio bobo, às vezes. “Ele é brincalhão, mas se algum cachorro latir para ele, ele late de volta, mas no geral, é um cão muito tranquilo. De vez em quando digo a ele: ‘você está me envergonhando, pensei que seria mais durão'”, brinca Felipe.

Sobre a mudança do nome, de Caramelo para Pepe, Felipe explica que com a adoção, ele preferiu chamar o cachorro com outro nome, como representação da mudança de vida.

“Caramelo é o cachorro que conheci agressivo. Pepe é carinhoso, meio bobão”, conta.
Apesar da adoção, Felipe diz que os voluntários do abrigo São Francisco de Assis continuam recebendo informações do tão querido Pepe. “Eles têm a preocupação de não ‘soltar’o cachorro depois da adoção, de saber se ele está bem”, concluiu.

Pepe, Felipe Conceição e Aira a outra cadelinha que foi adotada pelo estudante em Salvador (Foto: Arquivo Pessoal)
Pepe e a cadelinha que também foram adotados pelo estudante, em Salvador (Foto: Arquivo Pessoal)

Por Maiana Belo

Fonte: G1

Os comentários abaixo não expressam a opinião da ONG Olhar Animal e são de responsabilidade exclusiva dos respectivos autores.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *