Feriadão: ONGs denunciam atropelamentos de animais em Jericoacoara, no Ceará

Feriadão: ONGs denunciam atropelamentos de animais em Jericoacoara, no Ceará
Tráfego elevado de veículos durante o feriadão causou diversos atropelamentos de animais na Vila de Jeri no feriadão. — Foto: Foto: Hugo Albuquerque

Praias lotadas e grande fluxo de veículos durante o fim de semana, em Jericoacoara, no município de Jijoca de Jericoacoara, litoral oeste do Ceará, tiveram consequências também para os animais que circulam na região. Desde o último sábado (5), houve registros de, pelo menos, cinco gatos e cachorros atropelados, segundo denúncias de moradores e ONGs, nas redes sociais. Do total, três não resistiram. A rede hoteleira de Jijoca chegou a ter 100% de ocupação para o feriado de Independência.

“O gatinho estava com hemorragia interna e teve que ser sacrificado. Um motorista parou em cima do animal e depois foi embora”, denuncia a médica-veterinária Tainá Fernandes Ferreira, em uma das situações. “Foi horrível ver a quantidade de carros de visitantes. Buggys trafegando em alta velocidade, muita movimentação”, acrescenta.

Do total de acidentes denunciados, três geraram óbitos de animais. “Durante a quarentena, sem movimento na Vila, os animais ficaram acostumados, e ficavam deitados na areia, nas ruas”, explica. Na manhã desta terça-feira (8), o G1 tentou contato, por telefone, com o secretário de Turismo, Ricardo Wagner, com o superintendente da autarquia de trânsito, Francisco Diógenes, e com o gabinete da Prefeitura, mas não obteve retorno até a publicação. 

Cobrança
 
Carla Souza, diretora da ONG “Jeri sobre Patas”, instituição que funciona desde 2011 protegendo e controlando a natalidade dos felinos em Jericoacoara, cobra do poder público uma ação concreta em defesa dos animais. “Maior fiscalização e amor pela vida desses bichos”, pontua. “Infelizmente o poder público abandonou a gente, temos uma verba licitada e aprovada pela Taxa do Turismo e até hoje recebemos apenas a primeira parcela”, ressalta.

O recurso é usado exclusivamente para a castração de animais de rua, medida colocada como necessária para o bem-estar desses animais, além de necessária para o controle de zoonoses.

“Não é problema não gostar de animais, mas é preciso respeitá-los, não os maltratar”, complementa a veterinária Tainá Fernandes, ressaltando a necessidade de intensificar o projeto de castração dos animais de rua na cidade. Outro ponto fundamental, segundo ela, é buscar adoção e conscientização dos turistas e moradores para a proteção dos animais que vivem na região.

Vídeo: Turistas lotam praia de Jericoacoara, no interior do Ceará.

Aglomeração e não uso de máscaras
 
Durante o feriadão, o G1 mostrou cenas de aglomeração e desrespeito às medidas de distanciamento social e uso de máscaras, medidas sanitárias de combate ao novo coronavírus. O presidente do Conselho Comunitário de Jericoacoara, Elenildo Silva, também avalia que o trânsito intenso foi um grande responsável pelos atropelamentos. “Não há placa de sinalização nas vias públicas, nem quem oriente ou fiscalize”, denuncia.

Segundo decreto municipal, publicado em 1º de agosto, a Vila de Jericoacoara está autorizada ao retorno gradual das atividades econômicas. Com isso, podem ocorrer reservas em hotéis, pousadas e demais meios de hospedagem na cidade, mas com respeito aos protocolos sanitários. Conforme a Prefeitura, restaurantes e barracas de praia podem funcionar somente até as 23h, com capacidade reduzida a 50% do público total.

Há três semanas, moradores também denunciaram aglomerações e desrespeito aos decretos municipal e estadual na Vila. Uma moradora, que não quis se identificar, disse, na ocasião, que “Jeri foi reaberta, mas falta fiscalização” e que via “todo mundo sem máscara”. Neste fim de semana, voltou-se a observar o mesmo movimento. O secretário de turismo, Ricardo Wagner, chegou a afirmar ao G1, no sábado (5), que a Prefeitura está “trabalhando para sanar os problemas”.

Por Honório Barbosa e Rodrigo Rodrigues

Fonte: G1

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