Filhote da onça resgatada de incêndio no Pantanal deve ser criado em cativeiro devido problema na visão

O Apoena, filhote da onça Amanaci, onça resgatada e que é símbolo do incêndio no Pantanal, foi diagnosticado com um problema na visão. A lesão na retina interrompeu os planos de que o animal pudesse sair do cativeiro, em Corumbá de Goiás, e ir para o Pantanal e viver livre na natureza – assista acima explicações de especialistas sobre a lesão.
VÍDEO: Especialistas explicam sobre a lesão na retina de Apoena
“As células da retina, responsáveis pela visão no escuro, estão ausentes. As onças são animais noturnos. Se ela não está enxergando a noite direito, isso prejudica a caça dela”, explicou a médica veterinária Ana Carolina Rodarte.
A mãe de Apoena, Amanaci, está no Instituto Nex desde que foi resgatada das queimadas que destruíram quatro milhões de hectares no Pantanal, em 2020. No local, a onça conheceu e namorou o Guarani, pai de Apoena.
Apoena ainda é considerado um filhote e vive em um recinto que fica dentro de uma mata, em Corumbá de Goiás (assista abaixo imagens da onça no cativeiro). O médico veterinário que é responsável técnico do instituto, Thiago Luczinski, explicou que, desde que nasceu, o animal estava saudável, ativo e interagia bem com a mãe. No entanto, os pesquisadores começaram a notar certos comportamentos diferentes em Apoena com o passar do tempo, dando sinais de problemas de visão.
“Ele demorava para achar a carne. A gente se movimentava ao redor do recinto e ele olhava só quando fazia barulho, se não ele não conseguia acompanhar a gente com o olhar, explicou Thiago.
Foi a veterinária especializada em oftalmologia felina, Ana Carolina Rodarte, que fez exames que confirmaram as lesões na retina dos dois olhos.
Com a confirmação das lesões, Apoena deve ficar vivendo no recinto perto da mãe enquanto passa por acompanhamento médico com os veterinários. Ele ainda deve passar por exames que vão ajudar a definir se existe algum tratamento para ele.
“A partir de agora, uniremos esforços para que o Apoena não perca totalmente a visão”, escreveu o instituto nas redes sociais.
“É triste, mas não podemos perder as esperanças”, complementou.
Agora, apesar do filhote dever continuar no cativeiro, os pesquisadores do instituto, que lutam contra a extinção das onças, contam que continuam com o projeto de ter um representante da Amanaci no Pantanal.
“O Pantanal está se recuperando e com certeza onças voltaram a frequentar várias partes do Pantanal onde elas tinham migrado para outros lugares. Ainda tem o sonho de colocar a genética da Amanaci de volta no Pantanal”, disse a coordenadora de projetos do instituto, Daniela Gianni.

Por Gabriela Macêdo e Fábio Castro
Fonte: G1