Incrível! Juíza não vê provas de maus-tratos a animais em rodeio de Bauru, SP

Incrível! Juíza não vê provas de maus-tratos a animais em rodeio de Bauru, SP
Uso de instrumentos que machuquem os bois já é proibido por lei. Gerardo Lazzari/Divulgação

Não é possível impor judicialmente a vedação de uso de instrumentos que causem sofrimento aos animais quando isto já está previsto em lei e o descumprimento não é comprovado. Foi o que entendeu a 1ª Vara da Fazenda Pública de Bauru (SP) ao negar a proibição de provas com animais em um rodeio na cidade.

A ação foi ajuizada por uma organização não governamental (ONG) de proteção animal contra a Prefeitura de Bauru e o dono do rancho que sedia o evento. A autora alegou que as competições do rodeio usavam sedéns — acessórios colocados ao redor da cintura dos bois — proibidos pela legislação.

A juíza Ana Lúcia Graça Lima Aiello observou que a Lei Estadual 10.359/1999 realmente proíbe o uso de sedém “fora de especificações técnicas, que cause lesão física ao animal”, e que a Lei Federal 10.519/2002 veda o uso de esporas com qualquer instrumento que cause ferimentos nos animais.

Mesmo assim, a magistrada não constatou provas de que as atividades “causaram sofrimento ou configuraram maus-tratos”. Segundo ela, os documentos trazidos pela ONG se referiam a outro evento semelhante e as consequências não podem ser estendidas ao rodeio em questão, “frente à ausência de comprovação de irregularidades”.

“Entendo não ser razoável a abstenção desse tipo de evento, mas prudente que a realização ocorra de forma consciente e em adequação aos preceitos que garantem a proteção aos animais”, indicou Ana Lúcia. De qualquer forma, ela não proibiu o uso de nenhum instrumento, já que isso “decorre do ordenamento legal”.

O proprietário do rancho foi representado pelo advogado Cirineu Fedriz.

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Processo 1004482-86.2022.8.26.0071

Fonte: Consultor Jurídico


Nota do Olhar Animal: É incrível que a Justiça não veja maus-tratos INERENTES à prática de rodeios e vaquejadas, Os laudos e pareceres são fartos em apontar os danos causados aos animais, independentemente de qual seja o evento. É lamentável e inconsistente essa decisão da 1ª Vara da Fazenda Pública de Bauru, que haverá de ser reformada em 2ª instância. Na melhor das hipóteses, faltou assessoramento técnico à juiza.

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