IRA ajuda ovelha a dar à luz. A mãe morreu, mas os bebés estão a salvo

IRA ajuda ovelha a dar à luz. A mãe morreu, mas os bebés estão a salvo
Um bebé já tinha nascido.

O grupo Intervenção e Resgate Animal (IRA) continua a receber diariamente denúncias sobre casos de maus-tratos a animais. Na sexta-feira, 15 de março, acorreu a mais uma situação complicada, desta vez na Moita – distrito de Setúbal –, que culminou com o salvamento de dois cães e dois borregos acabados de nascer. A mamã ovelha acabou por não resistir.

“Denúncia para um canídeo esquelético e acorrentado numa habitação na Moita – Setúbal. Segundo os denunciantes, a habitação é ocupada por uma família com antecedentes criminais e comportamentos violentos. O animal encontra-se em situação de abandono, privado de comida e água, configurando um crime de abandono de animal de companhia previsto na lei. Uma equipa do IRA está a chegar ao local”. Foi com esta publicação que o grupo deu conta do caso, na sexta-feira de manhã, com um vídeo onde se via um cão muito magro e acorrentado. Mas a situação era ainda mais complicada do que parecia.

 
 
 
 
 
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Pouco depois, com a divulgação de um novo vídeo, o grupo explicava o que tinha encontrado. “A equipa do IRA que se encontra na Moita, após chegar ao local e verificar que haviam relocalizado o canídeo, verificou também a existência de uma ovelha completamente esquelética e em trabalho de parto. Um borrego já se encontra cá fora e outro ainda dentro da placenta, com metade do corpo dentro do útero da mãe”.

“Tanto o canídeo como o ovino encontram-se indocumentados, não saneados e com o seu bem-estar em comprometido. Perante este cenário, foi solicitada a presença da GNR da Moita para efetuar as diligências necessárias no incumprimento legal do bem-estar animal, assim como do gabinete médico-veterinário municipal da Moita”, informou o grupo de resgate, adiantando que, enquanto isso, os elementos do IRA estavam a prestar assistência no parto da ovelha, que se encontrava “extremamente fraca e prostrada”.

IRA ajudou no parto do segundo bebé

Por esta altura, já milhares de seguidores do IRA acompanhavam a par e passo todo o processo, na esperança de que tudo corresse bem. E para o bebé com dificuldades em sair, por falta de força da mamã, acabou por correr bem, tal como explicou o grupo de resgate numa terceira publicação. “Os elementos do IRA tiveram de auxiliar no parto da ovelha, que não estava a conseguir terminar por se encontrar demasiado fraca, retirando o segundo borrego com vida. Já foi limpo e ambos envolvidos em cobertores”.

“Aguardamos a chegada da equipa médico-veterinária do município da Moita para prestar os cuidados necessários aos animais recém-nascidos, mãe e canídeo. Estamos bastante preocupados com o estado de saúde da mãe, que apresenta bastante debilidade e não passa de um esqueleto coberto de lã suja e em rastas”, escreveu o IRA.

O grupo não esqueceu as condições em que encontrou os animas e deu também conta do que se passava nesse sentido. “Entretanto, a família que habita no espaço onde estes animais vivem nestas condições alega que os mesmos foram ali deixados por desconhecidos, negando qualquer culpa no estado dos mesmos. Aguardamos a chegada da patrulha da GNR – Moita para proceder à identificação dos moradores e outras respetivas diligências no âmbito jurídico”, informou.

Na manhã de sábado surgia uma notícia triste. A mamã não tinha resistido. “Apesar dos esforços por parte da nossa equipa, da equipa do Gabinete Médico-veterinário municipal da Moita e do veterinário especialista em ruminantes que compareceu no local, a mamã dos dois borregos acabou mesmo por falecer algumas horas após o parto. Os bebés órfãos foram alojados num local quente e estão a ser alimentados a biberão de duas em duas horas. O corpo da mamã foi recolhido para as instalações do CRO da Moita”.

Animais ao cuidado do IRA

“Foram também recolhidos o cão preto que originou a denúncia, assim como uma rafeira alentejana de apenas quatro meses de idade. Todos os animais estão para adoção responsável, sendo que para os borregos só aceitaremos pedidos para adoção conjunta e pessoas com experiência nesta espécie”, rematava a publicação.

As reações de consternação pela morte da ovelha, mas também de agradecimento ao IRA, foram imediatas. “São Francisco de Assis te acolha, querida Mamã. E os bebés estão a salvo! Obrigada IRA”, Pobre ovelhinha mãe, apenas uma mãe como todas as outras. De certeza que sofreu horrores de fome e negligência para salvar os seus filhinhos”, “Pobre mãe… espero que os filhos tenham outra sorte! Obrigada pelo vosso cuidado” e “Notícia mais triste do dia. Ainda tinha esperança. Coitadinha, o que deve ter sofrido … Obrigada por terem tentado salvá-la. Ficam os bebés para honrarem a mãe. Obrigada mais uma vez. Vocês são incansáveis” são alguns dos muitos comentários.

Horas mais tarde, numa publicação com um vídeo amoroso, onde se vê os dois borregos a beberem leite de um biberão, vinha uma boa notícia: os manos já têm onde crescer e viver em segurança. “Estes dois meninos, que perderam a sua mãe, estão agora a receber os cuidados que naturalmente não conseguem. Aquecidos, alimentados com biberão, vigiados… Hoje foram novamente avaliados pelo médico-veterinário. Também já existe uma quinta e uma família que os irá adotar e integrar com o resto dos animais (furões, ouriços, galos, gansos e outros animais resgatados). Obrigado a todos pelas partilhas”, escreveu o IRA.

O IRA tem núcleos em três zonas do país – Grande Lisboa, Grande Porto e ilha de São Miguel – e desde 2016 que tem resgatado muitos animais em condições miseráveis. Nestes anos de atuação, o grupo já realizou inúmeras intervenções em incêndios e cheias, centenas de resgates, ações sociais de ajuda aos sem-abrigo, apoio na Ucrânia e Turquia, e ajuda com donativos em géneros a famílias carenciadas. Percorra a galeria para ver alguns dos resgates do IRA nos últimos tempos.

Por Carla A. Ferreira

Fonte: Pets in Town / mantida a grafia lusitana original

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