Islândia abre inquérito depois que divulgação de vídeo sobre éguas “doadoras” de sangue

Islândia abre inquérito depois que divulgação de vídeo sobre éguas “doadoras” de sangue
Uma captura de tela de vídeo mostra uma égua prenhe ao ser perseguida por um cachorro em uma chamada fazenda de sangue ao sul de Hvolsvollur, Islândia, em 15 de setembro de 2021. (Foto: AFP/ANIMAL WELFARE FOUNDATION)

A Islândia abriu um inquérito depois que associações de bem-estar animal divulgaram um vídeo chocante que mostra maus-tratos a cavalos.

A Islândia é um dos únicos três países no mundo que permite que fazendeiros extraiam sangue de éguas prenhes nas chamadas fazendas de sangue.

Um vídeo de 20 minutos publicado no YouTube pela Animal Welfare Foundation (AWF) e pelas associações Tierschutzbund Zurich mostrou funcionários da fazenda espancando e maltratando cavalos, enfraquecidos depois de perderem sangue que contém um hormônio usado principalmente para aumentar a fertilidade suína.

Em um comunicado, as autoridades veterinárias islandesas disseram que as práticas mostradas no vídeo pareciam contrariar o bem-estar dos animais e acrescentaram que estão levando o caso “muito a sério”.

As organizações, junto com uma coalizão de organizações internacionais de bem-estar animal, instaram a Comissão da UE a proibir a importação e produção do hormônio PMSG (gonadotrofina sérica de égua prenhe).

As associações notaram que o Parlamento Europeu fez recentemente um pedido semelhante.

O vídeo, intitulado “Islândia, terra das 5.000 éguas doadoras de sangue”, mostra imagens feitas entre 2019 e este ano, da polêmica extração de sangue em algumas das 119 fazendas de sangue do país.

A Islândia é o único país da Europa que permite uma prática que também ocorre na Argentina e no Uruguai. A indústria farmacêutica usa o hormônio para aumentar a fertilidade em vacas, ovelhas e cabras, bem como porcas. O hormônio PMSG induz a superovulação, o que produz ninhadas maiores e induz a puberdade precoce em porcas, observa o AWF em seu site. A prática é uma indústria em crescimento na Islândia sob a empresa de biotecnologia Isteka ehf, que usa o produto. No site, a AWF afirma que “é um negócio que vale milhões, que gerou altos lucros por cerca de 40 anos”.

Mas acrescentou que pesquisas na Argentina e no Uruguai sugerem que “mais de 10.000 éguas são maltratadas e exploradas com crueldade para as indústrias de carne e laticínios na Europa”.

Além disso, “como o hormônio só pode ser obtido no início da gestação, os potros são abortados para que as éguas possam ser fecundadas duas vezes ao ano, o que agrava ainda mais o sofrimento”.

“Cerca de 30 por cento das éguas abandonam o sistema de produção todos os anos: morrem nas pastagens ou são enviadas para matadouros aprovados pela UE quando deixam de emprenhar”.

A autoridade veterinária da Islândia afirma que a prática foi realizada em cerca de 5.400 éguas em todo o país este ano, e acrescenta que ela visita cerca de 40% das fazendas anualmente.

A autoridade disse que se violações são detectadas em uma inspeção, a prática é “imediatamente” suspensa. “No total, as atividades já foram suspensas em cinco fazendas desde 2014”, disse a autoridade na segunda-feira 22 de novembro.

Tradução de Alice Wehrle Gomide

Fonte: The Straits Times


Nota do Olhar Animal: É óbvio que animal algum é doador de sangue, não há algum tipo de consentimento por parte dele. A questão é se a retirada traz benefícios para os animais ou não. Neste caso, a retirada é duplamente danosa: primeiro para os cavalos, pelas razões expostas na matéria acima, depois por se destinar à finalidades pecuárias, em que animais serão abatidos para consumo humano.

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