Itália deixa de criar animais para extração de peles dentro de seis meses

Itália deixa de criar animais para extração de peles dentro de seis meses
Itália vai encerrar todas as explorações de peles no prazo de seis meses - HSI/Europe

Em Itália, a Commissione Bilancio del Senato della Repubblica votou na terça-feira (21 de dezembro) para aprovar uma versão modificada de uma alteração à lei orçamental, que prevê o encerramento das explorações de peles do país, no prazo de seis meses, e proíbe permanentemente a criação de animais para exploração de peles, em toda a península itálica.

Segundo o jornal La Stampa de Turim, existem ainda 10 explorações de martas a operar formalmente em Itália, 5 das quais estão agora livres de animais, empregando 14 pessoas, mas as suas operações já tinham sido suspensas até ao final de 2021 devido à emergência da doença de COVID-19.

A votação segue-se a discussões realizadas pela organização de proteção de animais Humane Society International/Europe (HSI/Europe), que apresentou soluções práticas e estratégicas para encerrar e converter explorações de criação de peles em atividades alternativas, humanas e sustentáveis, no seu recente relatório “Mink breeding in Italy: Mapping and future perspectives” (Criação de visons em Itália: Mapeamento e perspectivas futuras).

Embora a decisão exija a aprovação final pelo Parlamento, espera-se que seja aprovada até ao final do ano, fazendo de Itália o 16.º país da Europa a proibir a criação de peles. Muitas marcas de moda italianas já renunciaram às peles, incluindo a Valentino, Armani, Gucci, Prada e Versace – recorda a HSI/Europe no seu comunicado, chamando à medida “uma vitória histórica para a proteção dos animais em Itália”, nas palavras de Martina Pluda, diretora da Humane Society International em Itália.

“A HSI/Europe está imensamente orgulhosa de que a nossa estratégia de conversão de explorações de produção de peles tenha desempenhado um papel central no desmantelamento desta indústria cruel e perigosa no nosso país”, continua Pluda. “Existem razões muito claras de ordem económica, de ambiental, de saúde pública e, claro, de bem-estar animal para encerrar e proibir as explorações de peles. A votação de hoje reconhece que permitir a criação em massa de animais selvagens para a moda frívola das peles representa um risco tanto para os animais como para as pessoas, que não pode ser justificado pelos benefícios económicos limitados que proporciona a uma pequena minoria de pessoas envolvidas nesta indústria cruel”.

A proposta da HSI/Europa para converter a cultura de peles foi apoiada pela honorável Michela Vittoria Brambilla, que iniciou a ação política para implementar a estratégia de conversão com fundos públicos existentes, e pela senadora Loredana de Petris, que apresentou formalmente a emenda.

Todas as explorações de peles ativas em Itália vão encerrar até 30 de junho de 2022 - AFP
Todas as explorações de peles ativas em Itália vão encerrar até 30 de junho de 2022 – AFP

A alteração aprovada inclui uma proibição imediata da criação de animais para peles, incluindo martas, raposas, cães guaxinins e chinchilas, e o encerramento de todas as explorações de peles ativas em Itália até 30 de junho de 2022, bem como uma indemnização aos produtores, coberta por um fundo do Ministério da Agricultura, num total de 3 milhões de euros em 2022.

“Em 30 anos de luta pelos direitos dos animais, esta é a mais bela vitória. Finalmente, uma votação parlamentar sanciona o fim do sofrimento indizível infligido aos animais apenas em nome do lucro e da vaidade”, acrescentou a política e ativista Michela Vittoria Brambilla, que é também presidente do Intergrupo Parlamentar para o Bem-estar e Conservação dos Animais e da Liga Italiana para a Defesa dos Animais e do Ambiente. “Agora estamos à espera da aprovação final da lei orçamental, mas a vontade política foi claramente expressa”.

“Com tantos designers, retalhistas e consumidores a renunciarem às peles, a conversão de explorações de peles oferece às pessoas um futuro sustentável que o comércio de peles simplesmente não pode proporcionar”, disse ainda Martina Pluda.

A Humane Society International salientou também que, em dezembro de 2021, foram confirmados surtos de COVID-19 em 465 explorações de martas em 12 países, incluindo Itália (10 na Europa, mais os EUA e Canadá). Em fevereiro de 2021, a Agência Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) comunicou que todas as explorações de martas deveriam ser consideradas em risco de surtos de COVID-19. Em janeiro de 2021, uma avaliação de risco publicada conjuntamente pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) reconheceu a Europa como uma região de alto risco em relação à introdução e propagação do vírus SARS-CoV-2 nas explorações de produção de peles (com pêlo), bem como as repercussões das explorações de produção de peles (com pêlo) para os seres humanos e a transmissão do vírus SARS-CoV-2 das explorações de produção de peles (com pêlo) para as populações selvagens suscetíveis.

Por Gianluca Bolelli

Fonte: Fashion Network / mantida grafia lusitana original

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