Mais de uma tonelada de marfim foi queimada em Angola

Mais de uma tonelada de marfim foi queimada em Angola
Angola deu ontem um sinal claro de combate cerrado à caça furtiva e ao tráfico de marfim. | Fotografia: José Soares | Edições Novembro

Uma tonelada e meia de marfim foi queimada ontem no Parque Nacional da Quiçama, em Luanda, num acto testemunhado pela ministra do Ambiente, Fátima Jardim, pelo governador provincial de Luanda, Higino Carneiro, e por membros do corpo diplomático acreditado em Angola.

“Com este acto, Angola assume o firme compromisso de continuar a desenvolver acções para preservar o Ambiente e também dizer ao mundo não à morte de elefantes, não ao comércio ilegal de animais e não à corrupção”, disse Fátima Jardim, no acto comemorativo central do Dia Mundial do Ambiente, assinalado ontem no Parque da Quiçama.

Queima de marfim demonstra forte aposta de Angola no combate ao tráfico de animais.

Não à corrupção, disse Fátima Jardim, sublinhando que a caça ilegal está ligada a actos  de suborno por parte das pessoas envolvidas.

Segundo a ministra, o marfim queimado foi apreendido em diversos pontos do país, com maior destaque para o Aeroporto 4 de Fevereiro, em Luanda, e na província do Cuando Cubango, durante o ano de 2016 e princípio de 2017.

Num levantamento de dados estatísticos, a ministra indicou que em 2013 havia 415 mil elefantes, só na região de Okavango/Zambeze. Hoje, na mesma região, apenas existem 110 mil elefantes. Como se sabe, a região de Okavango/Zambeze é uma zona transfronteiriça que liga vários países.

Fátima Jardim anunciou que o Ministério do Ambiente criou uma unidade que trata dos crimes ambientais e tem vindo a desenvolver um trabalho rigoroso, que resultou em várias apreensões de marfim a traficantes. A caça furtiva, disse Fátima Jardim, continua a extinguir várias espécies de animais no continente africano, onde os caçadores clandestinos estão na base da emigração de animais, no comércio ilegal e matanças de todo o tipo de animais, como é o caso dos rinocerontes, que actualmente se encontram em vias de extinção.

Em 2013 foram abatidos mais de mil rinocerontes em diversas zonas de África. À escala mundial, o quilo do chifre e a carne de rinoceronte estimava-se, em 2013, em três mil dólares, mas  em 2016 já tinha subido para 65 mil  dólares.

A nível mundial, afirmou a ministra, existem redes criminosas organizadas que estão em expansão e têm causado o aumento de elefantes mortos. Nos últimos dez anos foram mortos mais de trinta mil. Actualmente, na África Austral continua a assistir-se à morte de mais de 300 animais por ano.

Angola juntou-se às iniciativas da ONU que visam a protecção  e conservação da natureza, desenvolvendo acções de combate à caça ilegal e comércio de animais.

A ministra enalteceu os esforços do Ministério da Defesa, que apoia a formação do corpo de fiscais do Parque da Quiçama, bem como o trabalho da Polícia Nacional no combate aos crimes contra a natureza.

O representante da ONU em Angola, Pier Paolo Balladelli, enalteceu os esforços do Executivo na  protecção e conservação do meio ambiente. Para Pier Paolo Balladelli, Angola tem desenvolvido com êxito acções visando o combate à caça ilegal e o comércio de marfim. “Hoje, estes males estão muito reduzidos. Tudo graças aos esforços feitos pelo Executivo angolano, representado pela ministra Fátima Jardim”, disse.

O Parque Nacional da Quiçama é uma referência nacional na preservação da fauna e da flora e conserva o ecossistema de mangais de planícies  inundáveis, bem como diversos animais exóticos, como o peixe-boi. “No âmbito da diversificação da economia, pensamos ser urgente e necessário que este local seja transformado num pólo de atracção e promoção do ecoturismo, cuja  sustentabilidade só se fará se estiverem reunidas as condições para que seja visitado por turistas”, defendeu o governador provincial de Luanda, Higino Carneiro.

Na sua mensagem, o  ambientalista Vladimir Russo defendeu  uma maior aposta na formação de quadros, assegurando de seguida adequadas condições de trabalho dos fiscais dos parques nacionais e áreas protegidas.

Russo acrescentou que é também necessário que a lei seja aplicada de igual forma para todos e que as entidades singulares e colectivas que agridam o ambiente devem ser criminalmente penalizadas e tais penalizações divulgadas, para inibir novos crimes ambientais.

“Por outro lado, sem o efectivo fortalecimento do sistema nacional de áreas protegidas continuaremos a ter parques e reservas apenas no papel. Aqui a sociedade civil, com a sua experiência, joga um papel importante”, disse a concluir Vladimir Russo.

Por Victorino Joaquim

Fonte: Jornal de Angola / mantida a grafia original


Nota do Olhar Animal: O ecoturismo é mais uma forma de exploração animal e comumente também causa danos a eles, como no caso do avistamento embarcado de baleias.

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